O novo corredor de transporte favorece setores produtivos da economia paraense, como o madeireiro, o agropecuário, o de mineração e o da indústria de transformação, melhorando o tráfego e trazendo benefícios para o transporte interno e nas demais regiões brasileiras, em especial o Nordeste e o Centro-Oeste.
Ao partir do município de Paragominas, a 340 quilômetros de Belém, a PA-256 atinge a PA-150 na altura do município de Tailândia, num percurso de pouco mais de 200 quilômetros. O trecho pavimentado é o que vai de Paragominas até a margem direita do Rio Capim, local que serve para pesca e diversão, incluindo passeios de lancha e jet sky. A travessia é feita por balsa, que chega à outra margem, no distrito de Quatro Bocas, município de Tomé-Açu. Os 174 quilômetros que vão da margem esquerda do Rio Capim até a PA-150 ainda não receberam asfalto, mas já foram recuperados pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Transportes (Setran).
Segundo Ana Júlia Carepa, as obras fazem parte do projeto de desenvolvimento do Estado, beneficiando desde o cidadão que pretende se divertir nas margens do rio até agricultores que precisam comercializar seus produtos. É o caso de Verônico Bispo, agricultor e presidente da Associação Diamantina, localizada na comunidade de Canaã, no município de Ipixuna do Pará, vizinho a Paragominas. "A diferença foi expressiva, foi tão grande que as palavras não podem expressar. Gastávamos mais de uma hora para completar o percurso até o Rio Capim e, sem o asfalto, não tínhamos viabilidade para escoar a produção", conta Bispo, relembrando também dos acidentes de moto que sofreu antes da pavimentação da PA-256.
Emprego e renda - O escoamento dos produtos gera emprego e renda para a população. Com a melhoria do transporte viário, segundo Verônico Bispo, as empresas de ônibus também criaram novas linhas e melhoraram a frota, colaborando ainda com o trabalho dos agricultores que necessitam desse corredor de transporte, como os moradores dos municípios de Concórdia do Pará e Tomé-Açu - onde se destaca o trabalho da indústria de beneficiamento de frutos da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta).
A Setran iniciou o asfaltamento da PA-256 em outubro de 2007, por meio das Empresas Leal Júnior/Construa, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), num montante de R$ 25 milhões, com a participação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional (Sedurb).
No trecho de 12 quilômetros da sede de Tomé-Açu até o distrito de Quatro Bocas, onde funciona a Camta, a Setran já recuperou a malha asfáltica, que estava em péssimo estado, investindo pouco mais de R$ 2 milhões de recursos do Estado.
Benefícios - Moradora de um estabelecimento comercial no KM-12 da PA-256, Maria José Gomes vê aumentar a clientela, formada por passageiros dos ônibus e carros de passeio. Segundo ela, depois da pavimentação, os acidentes reduziram em quase 100%, já que muitos eram provocados pela poeira da estrada de terra.
Quem também destaca as melhorias advindas da pavimentação da 256 é a comerciante Maria José da Silva, 66 anos, 25 deles morando à margem do Rio Capim, em Paragominas. Segundo ela, a substituição da estrada de piçarra ajudou também no controle do transporte ilegal de madeira. "Melhorou muito, porque acabou com os compradores de madeira ilegal e agora é só madeira legal. Também aumentou a pesca e vem mais ônibus de turismo. No final de semana vem muita gente brincar aqui no rio", informa.
Na beira da PA-256, próximo à rotatória Belém-Ulianópolis-Paragominas, um posto da Companhia Independente de Policiamento Rodoviário do Estado ajuda na fiscalização dos veículos, garantindo a segurança nas estradas e coibindo o transporte ilegal de madeira. "Por aqui só passa madeira com nota fiscal", garante o sargento Francisco Silva, que mantém uma equipe de policiamento no local por 24 horas.
Desenvolvimento - Com a nova rota, além da economia de tempo e de combustível, o transporte de cargas e passageiros oriundos do Nordeste, via Maranhão, e do Centro-Oeste, pelo Estado do Tocantins, também vai melhorar. O tráfego na Região Metropolitana de Belém até Santa Maria do Pará, e no percurso da Alça Viária, vai desafogar porque os veículos seguirão pela PA-256 até Paragominas, prosseguindo pelas BRs-010 e 316. Isso ajudará ainda no tráfego dos veículos menores e de passeio.
O complexo Albras/Alunorte, em Barcarena, também será beneficiado, já que grande parte da carga que chega e sai de Vila do Conde deverá utilizar esse novo corredor. A empresa Vale, que retira bauxita de mina perto do rio Capim - com acesso pelo trecho do KM-23 da PA-256 - também poderá escoar o minério com mais rapidez e segurança.
Um caminhão que vem pela Belém/Brasília para descarregar em Vila do Conde ou em Belém, por exemplo, ganha em tempo e dinheiro tomando essa nova rota, porque a PA-256 está interligada, a partir de Tomé-Açu, com a PA-140, que liga a região aos municípios de Acará e Bujaru. Essas rodovias dão acesso à capital paraense pela Alça Viária (Acará/Perna Sul) e BR-316 (Bujaru/Perna Leste).
Infraestrutura - A PA-256 tem pista de pouco mais de sete metros, acostamento, sinalização vertical e horizontal e placas indicativas nas comunidades e diversas vicinais existentes na região. De Paragominas até o trevo de entrada para a mina da Vale, o revestimento e o acostamento são em CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado à Quente) com 7,5 cm (para suportar o pedo dos veículos que transportam a bauxita). Daí em diante, possuem 5 cm, com acostamento em capa selante. Essa espessura está acima da média das demais rodovias estaduais, que fica em torno de 3 a 4 cm.
Audiências públicas com participação de lideranças comunitárias e empresários foram realizadas com a finalidade de contribuir para o andamento das obras e garantir a conclusão no prazo determinado pela Setran, que seguiu as instruções contidas na legislação e as exigências do próprio banco financiador.
A Secretaria ainda tomou os cuidados necessários quanto à preservação ambiental, como a proteção das matas ciliares, a fim de manter as nascentes e riachos ao longo da rodovia, bem como a recomposição das áreas das jazidas de onde é retirada a piçarra, e os cuidados com os resíduos químicos resultantes do manuseio do asfalto.
Luciane Fiuza