"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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terça-feira, 31 de maio de 2016

O enojamento ou indignação seletivos dos que se dizem anticorrupção

 Por Manoel Paixão

É muito engraçado, seja aqui ou ali, na barbearia, na lanchonete, no restaurante, numa roda de amigos ou de conhecidos, nas esquinas, por quase toda parte é raro não encontrar alguém que não se diga enojado ou indignado com tanta corrupção, ou melhor, como fazem questão de dizer, com tanta roubalheira no país. 

Às vezes você chega com a conversa já em andamento, noutras alguém puxa assunto na tentativa de te constranger, pois, sabe os teus teus posicionamentos, sendo que eles sempre em maioria se apresentam como neutros ou apartidários. 

Então, algumas vezes, sempre que tem um tempinho extra, você da corda e a conversa flui, mas, logo se percebe que todo aquele "nojo ou indignação aparente" vai até certo ponto, tem um limite, e se resume às denúncias que estampam os jornais da Rede Globo ou as manchetes da revista Veja, envolvendo principalmente os governos Lula e Dilma. 

De repente, já que o assunto em questão é a temática da corrupção e que esta tem causado toda essa indignação, você trás a discussão que começa no contexto nacional [Brasília] para um contexto mais próximo [Estado do Pará], ou seja, as denúncias de corrupção envolvendo, por exemplo, o governo 'Jatene', o tom da conversa logo muda ou mesmo desperta uma outra indignação, isso quando esta não é logo dada por encerrada, como na maioria das vezes. 

Aí surge uma pergunta, aonde foi parar todo aquele nojo ou indignação, todo aquele discurso inflamado anticorrupção. Diante disso, eles nem sequer levam em conta as denúncias que saem nos noticiários locais, ou mesmo que o governador Jatene já é 'réu' na justiça, ou seja, responde a uma ação penal por prática de corrupção, diferentemente de Lula e Dilma. 

Não se sabe ao certo aonde vai parar todo aquele discurso ou aquele espírito tão anticorrupção do início das conversas. 

Será mesmo que este espírito anticorrupção algum dia existiu de fato?

Será que não passa de um enojamento ou indignação seletivos? 

Pode ser também muita hipocrisia ou falta de bom senso!

Qual a importância da CGU?

Por Manoel Paixão

O governo ilegítimo de Michel Temer, no seu início de desmonte do país, tratou logo de extinguir a Controladoria Geral da União (CGU). 

Mas, você deve está se perguntando qual a importância da CGU? 

E eu, faço questão de te responder. A CGU era só um dos importantes
órgãos de controle do uso de dinheiro público e de combate à corrupção no país. 

Para que você tenha uma ideia, foi a CGU, quem deu o alerta sobre os desvios de recursos do Fundeb no Estado do Pará, que já vinha sendo investigado há algum tempo juntamente com a
Polícia Federal, o Ministério Público e a Receita Federal, e que culminou na 'Operação Lessons' deflagrada na semana passada (24).

A operação teve o objetivo de desarticular o esquema de desvios de verbas do Fundeb para a empresa BR7 Editora que seria fornecedora de materiais didáticos para prefeituras paraenses. I
nclusive, a mesma empresa que já chegou a fechar um contrato no valor de R$200 milhões com o governo Jatene, através da Seduc, na época em que era comandada pelo então vice-governador Helenilson Pontes, contrato este que foi cancelado depois de graves denúncias de irregularidades e ação na justiça.

Só mais um, dentre os muitos exemplos, que comprovam a importância da CGU. 

A CGU vai fazer falta, não tenha dúvida, só não fará para quem não tem o compromisso com o controle do uso de dinheiro público e com o combate à corrupção!

Combate à corrupção está em risco sem a CGU, diz Transparência Internacional

Representante da organização no Brasil, Bruno Brandão critica a extinção da Controladoria-Geral da União sem debate com a sociedade e a criação do Ministério da Transparência: “Nomeação de ministro cumpria outro propósito.”


Horas antes de o ministro da Transparência, Fabiano Silveira, ter se demitido do cargo na tarde de ontem, a Transparência Internacional, principal entidade global de combate à corrupção, anunciou a “suspensão de diálogo” com o governo brasileiro, até que um novo ministro, com experiência no combate à corrupção, seja nomeado. “O governo deve garantir que quaisquer membros do ministério envolvidos em corrupção ou trabalhando contra o curso das investigações sejam exonerados”, informou a organização em nota à imprensa.

Nas gravações que provocaram a queda do novo ministro, ele aparece orientando o senador Renan Calheiros, investigado pela Lava Jato, a se esquivar da operação. Silveira havia sido indicado por Renan para o ministério, criado após a extinção da Corregedoria-Geral da União (CGU).

Ainda assim o presidente interino Michel Temer tentou manter o ministro no cargo, que acabou renunciando no final da tarde de ontem.

Em entrevista concedida ontem à noite, o representante brasileiro da entidade, Bruno Brandão, criticou a extinção da CGU sem debate prévio com a sociedade civil e questionou a criação do ministério da Transparência como forma de aprimorar o combate à corrupção, como foi anunciado pelo governo.

“Se essas alterações tivessem uma razão de ser justificada, inclusive com a participação da sociedade civil, e isso fosse uma estratégia para aprimorar a atuação da CGU não haveria qualquer problema (…). Mas não foi o caso. A nomeação desse ministro já indicou que [a mudança] não era para aprimorar o combate à corrupção e a promoção da transparência. Pelo contrário, era uma nomeação que cumpria, aparentemente, outros propósitos que não esse da pasta”.

A suspensão do diálogo ocorre no momento em que o Brasil deve concluir seu terceiro plano na Parceria pelo Governo Aberto (Open Government Partnership – OGP), e no ano em que a Transparência Internacional, criada há 23 anos e com atuação em mais de 100 países, volta a ter um representante no Brasil depois de oito anos de hiato.

A OGP foi criada em 2011 e teve o Brasil como um dos países fundadores. Seu objetivo é fornecer uma plataforma internacional que possa tornar governos mais abertos, responsáveis e responsivos aos cidadãos. Por meio da OGP, governo e sociedade civil trabalham juntos para desenvolver e implantar reformas que incentivem a transparência governamental.

Leia a seguir a entrevista com o coordenador do programa Brasil e representante no país da Transparência Internacional, Bruno Brandão, por telefone:

Pública – Qual era a parceria que existia entre a Transparência Internacional e a então Controladoria Geral da União (CGU)?
Bruno Brandão – A CGU sempre foi nosso maior interlocutor no governo. Mais recentemente, na preparação do terceiro plano de ação do Brasil na Parceria pelo Governo Aberto (Open Government Partnership). Estou em Montevidéu na reunião regional por isso. O Brasil tem que entregar este plano em junho. A Transparência Internacional era parte das organizações que estavam colaborando com o governo brasileiro na construção desse plano de ação. Este plano é um documento com uma série de compromissos em várias áreas. Cada governo que adere a essa parceria internacional é obrigado a apresentar e executar e a ter um monitoramento desses compromissos com vários mecanismos independentes e da própria plataforma da parceria. São compromissos para promover a abertura dos governos no acesso aos dados públicos, campanhas de capacitação, criação de novos órgãos e novas leis e aprimorar o acesso à informação e a abertura de governos. O Brasil está no terceiro plano e foi um dos fundadores dessa parceria, junto com o governo dos Estados Unidos, e hoje a parceria tem mais de 60 países. Tivemos outras iniciativas também, junto a redes locais de combate à corrupção, como a Rede de Observatórios Sociais do Brasil.

Por que a Transparência Internacional decidiu suspender o diálogo com o atual Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (MTFC)?
Enquanto tivesse a presença de um ministro que deslegitimava a nossa agenda, essa causa do combate à corrupção, seria impossível manter essa cooperação de alto nível que nós mantivemos durante anos com este órgão do governo brasileiro. Esse ministro, após as revelações das gravações, deslegitimava não só o seu governo, a sua pasta e ministério, mas o combate à corrupção em si. A transparência e o combate à corrupção são hoje a preocupação número um da população brasileira. Não poderiam estar sendo tratadas dessa forma, com uma representação desse nível.

A Transparência Internacional apresentou algumas ressalvas em relação ao processo de extinção da GGU e criação do Ministério da Transparência. Por quê?
As mudanças, quando vêm para aprimorar as instituições, o nosso marco regulatório, nossa cultura de integridade, o sistema nacional e a infraestrutura de combate à corrupção, são bem-vindas. Se essas alterações tivessem uma razão de ser justificada, inclusive com a participação da sociedade civil, e isso fosse uma estratégia para aprimorar a atuação da CGU – que tinha vários méritos, mas também tinha vários problemas, que estava sucateada e sem recursos, com várias questões que limitavam sua atuação – não haveria qualquer problema desse governo criar um novo órgão, inclusive com poderes mais ampliados, com maior capacidade orçamentária. Mas não foi o caso. Não foi nem explicada a racionalidade e a justificativa por trás dessas alterações. A nomeação desse ministro [Fabiano Silveira] já indicou que [a mudança] não era para aprimorar o combate à corrupção e a promoção da transparência. Pelo contrário, era uma nomeação que cumpria, aparentemente, outros propósitos que não esse da pasta.

Agora com a renúncia do ministro, quais as expectativas da organização no futuro relacionamento com o ministério e na continuidade dos planos que já estão em curso com o governo federal?
Nós temos todo o interesse de continuar a cooperação com o governo brasileiro, inclusive com os órgãos especializados no combate à corrupção. A gente espera muito que venha um representante para essa pasta que dignifique essa instituição e a causa do combate à corrupção. Que seja alguém com histórico de atuação reconhecido na área. O que a gente espera é uma figura que possa representar a luta do país no combate à corrupção no mais alto nível. Nós estamos em compasso de espera para ver a reação do governo brasileiro, que até agora foi decepcionante. Esperávamos uma reação do próprio presidente interino e não uma ação autônoma do ministro. Inclusive com comunicados a respeito disso, explicando ou dando sua justificativa. O que a gente espera é que essa situação seja superada, principalmente com a nomeação de um ministro com as credenciais adequadas para representar essa causa tão importante para o país. Se isso vier a acontecer, a Transparência Internacional tem todo o interesse de manter, ampliar e recuperar essa agenda no país, com o governo no combate à corrupção. Estamos em processo de retorno ao Brasil, depois de oito anos sem uma representação aqui. Esse ano marcamos nosso retorno esperando ter uma atuação mais proeminente, inclusive mais ativos nesse momento histórico pelo qual o país está passando. Ajudar e participar do combate à corrupção. Existem muitos riscos, mas também muitas oportunidades.
 

“Nossa preocupação é que todo trabalho da CGU tenha se perdido”, diz Jorge Hage.

O ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou, nesta terça-feira (31) que está preocupado "com o futuro da transparência e do combate à corrupção no país".

"Imaginei que aquilo que vinha sendo feito de aprimoramento da transparência pública, da Lei Anticorrupção, da instauração de processos para punir também o corruptor fosse continuar, mas o governo provisório extinguiu a CGU", criticou.

Segundo ele, os argumentos utilizados pelo governo para realizar a mudança de CGU para Ministério da Transparência "não responde a tudo". "Porque se apagar o valor simbólico do nome CGU que já havia chegado a todos os rincões do Brasil? No exterior, o nome CGU se tornou um nome conhecido em todas as organizações mundiais", disse.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Concurso público da Polícia Militar do Estado do Pará

Polícia Militar divulga edital com 2.194 vagas
A seleção para ingresso no curso de Formação de Praças da PMPA será realizada em quatro municípios: Belém, Santarém, Marabá e Altamira (Foto: Agência Pará)
A Polícia Militar do Estado do Pará (PMPA) divulgou nesta sexta-feira (20), no Diário Oficial do Estado, o edital de seu concurso público destinado à admissão ao curso de Formação de Praças e Oficiais e de formação de adaptação de oficiais da Polícia Militar do Estado do Pará.

O candidato deverá realizar sua inscrição via Internet, pelo endereço eletrônico, no período entre às 10h do dia 24 de maio de 2016 e às 23h59 do dia 23 de junho de 2016, observado o horário de Belém/PA. O valor da taxa de inscrição é de R$ 70 (praças) e R$ 80 (oficiais) e R$ 100 (adaptação de oficiais). As provas estão previstas para 31 de julho.

O concurso será executado pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) de apoio à Universidade Federal do Pará, responsável por todas as etapas, exceto a etapa de Investigação de Antecedentes Pessoais, que será realizada pela Polícia Militar do Pará.

Mais informações serão disponibilizadas no site da Fadesp

Fonte: DOL

GOVERNO TEMER JÁ ESTÁ EM CRISE


O governo Michel Temer tinha que dar nisso.

Governo ilegítimo, impopular, retrógrado e antiquado.

Lembra o governo do general Ernesto Geisel, mas com as promessas do governo de outro general, Castelo Branco, de "melhorar" o país.

Bom para sabermos o que realmente é o PMDB governando o país.

O PMDB é o único partido remanescente dos dois da ditadura.

Primeiro impõe as coisas sem consultar a população, e ainda recua pouco quando a pressão popular lhe é contrária.

Foi assim com o governo do PMDB carioca, de Eduardo Paes e companhia.

Está sendo com o PMDB nacional.

Temer só quer um Estado mínimo, e dinheiro circulando nas empresas em detrimento da renda popular.

E aí saiu extinguindo ministérios sem perceber as necessidades sociais dos brasileiros.

Ou, talvez, percebendo, e por isso extinguindo para contrariar tais necessidades, que comprometem o projeto neoliberal de Temer e companhia.

O governo já começou atrapalhado. Ministérios entregues a não-especialistas, ministros envolvidos em escândalos de corrupção, e o próprio presidente Michel Temer fazendo feio até em entrevista do Fantástico.

É certo que o casal Sônia Bridi e Paulo Zero é competente, mas eles têm que atuar nos limites da Rede Globo, daí que ela perguntou, diante da câmera do marido, apenas o "necessário" ao presidente.

"Necessário" leia-se segundo o padrão Ali Kamel de jornalismo.

Michel Temer não disse coisa alguma de relevante, apenas falou como um velho senhor sisudo vindo de alguma festa de gala dos anos 1970, mas saudoso do glamour da década de 1940.

Usou um discurso seguro para esconder sua insegurança política. E teve que admitir que não é um líder popular.

Ele tenta compensar um ministério machista com mulheres distribuídas em secretarias ou outros órgãos governamentais. Nenhuma ministra, ainda.

É a tática do PMDB. Primeiro morde, depois assopra, quando as pressões se tornam bastante pesadas.

E os últimos dias foram cheios. Protestos contra Michel Temer, barulhaço durante a entrevista do Fantástico, protestos da classe artística contra o fim do Ministério da Cultura.

Tinha até o fato surreal do Estadão pedir para o ator Wagner Moura escrever um artigo comentando o fim do MinC e, depois, recusar a publicação do mesmo.

Mas isso é pouco diante do protesto de atores como Sônia Braga e Humberto Carrão, junto ao cineasta Kleber Mendonça Filho, durante o Festival de Cinema de Cannes deste ano.

A equipe exibiu cartazes de protesto contra o governo Temer, aparentemente mantendo a tranquilidade e o bom humor.

"Um golpe tomou conta do Brasil", "Brasil está vivendo um golpe de Estado", "O mundo não pode aceitar um governo ilegítimo (de Temer)", "54.501.118 votos jogados na fogueira", foram alguns dos cartazes mostrados.

A grande imprensa estrangeira, mesmo a conservadora, já estranhava o golpe jurídico-midiático-parlamentar que se deu em investigações confusas e apressadas contra o PT.

Estranhou também a votação parlamentar na Câmara dos Deputados, com boa parte dos votantes acusados de crimes que vão do desmatamento ao homicídio, e era presidida por um corrupto carreirista com depósitos dele e da família em contas na Suíça.

No Senado Federal, a mesma coisa, mas, como lembrou Paulo Nogueira do Diário do Centro do Mundo, havia menos "palhaços".

Enquanto isso, a humilhante Secretaria Nacional de Cultura, ou seja, o que restou do MinC que virou um escritório do Ministério da Educação e Cultura, sofre a recusa de várias mulheres para a pasta.

Temer queria colocar uma mulher na secretaria depois que foi cobrado por ter montado uma equipe ministerial só de homens.

Na secretaria, quatro mulheres convidadas recusaram, até ontem, assumir o incômodo cargo de "assistente" do ministro Mendonça Filho.

Marília Gabriela, a primeira sondada, foi diplomática, agradecendo o convite de sua ex-colega de TV Mulher, Marta Suplicy, mas não aceitando o cargo.

Depois veio Cláudia Leitão, que chegou a atuar com Ana de Hollanda no antigo MinC, disse um firme e decidido NÃO.

Em seguida, Elaine Costa, consultora de projetos culturais e professora da Fundação Getúlio Vargas, disse que não trabalha para governo golpista.

A atriz, cineasta, apresentadora, produtora e escritora Bruna Lombardi foi a quarta, que recusou o convite por estar envolvida em vários compromissos profissionais.

O Diário do Centro do Mundo sugeriu a advogada Janaína Paschoal, histérica defensora do impeachment de Dilma e co-autora de um dos pedidos do já consumado afastamento da presidenta.

Janaína pode não entender bulhufas de cultura. Mas como no governo Temer tudo pode acontecer, ela seria mesmo a candidata ideal para o cargo.

E assim o governo Temer, em menos de uma semana de instaurado - de forma interina, embora os anti-petistas possam dar um jeitinho para manter Temer até o fim de 2018 - , já sofre uma crise, criando uma situação delicada no Brasil e no mundo.

Crise que será abafada pela mídia brasileira associada, que fará de tudo para transformar a amarga realidade do Brasil em uma doce e próspera ficção.

Fonte: Artigo publicado em 18/05/2016 no blog Linhaça Atômica


sexta-feira, 20 de maio de 2016

Procura-se: Um manifestante que seja contra a corrupção


O poeta e escritor francês Honoré de Balzac dizia que "os costumes são a hipocrisia de uma nação". Acho que essa frase vale mais do que nunca para nós, brasileiros. 

Não acredito em generalização, claro. Não somos todos nós os hipócritas. Pelo menos os hipócritas da vez. E sim eles, os "manifestantes contra a corrupção". 

Sim, talvez você faça parte desse grupo. Capaz que você nem imagine o quão hipócrita é, por apenas ter servido como massa de manobra de interesses mesquinhos de um grupo bem específico. 

Mas, talvez você saiba da sua hipocrisia, e não tenha a menor vergonha de admiti-la.

De qualquer forma, foram alguns os milhões de brasileiros que ocuparam as ruas desde o ano passado para protestar contra a corrupção - e consequentemente pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
 
Veja bem: a impopularidade de Dilma era algo que quase partia do senso comum do brasileiro. A diferença se encontra nos motivos e causas que geraram tal indignação.

Por exemplo, as classes C, D e E não gostavam de Dilma não por achar ela culpada de toda a corrupção denunciada pela Lava Jato. Eles não aprovavam seu governo por justamente não ter dado continuidade aos programas e avanços do governo Lula. O ajuste fiscal, a perda de consumo, tudo isso foi um reflexo de sua impopularidade com a classe trabalhadora.

Já vocês, os "manifestantes contra a corrupção", pouco se importam com o ajuste fiscal. Terceirização, privatização e corte em programas sociais é visto como algo positivo por boa parte daquela massa confusa que ocupou as ruas.

Digo boa parte porque não são todos assim em sua totalidade. Como disse acima, talvez você seja "manifestante contra a corrupção", mas também tenha sido parte de uma massa de manobra bem articulada.
Faço esse texto porque não ouço panelas batendo. Não vejo manifestantes com a cara pintada e a bandeira do Brasil nas ruas.

Muito menos congressistas irritados com a corrupção na frente das câmeras, e a abraçando antes de dormir longe dos holofotes.

Pelo menos 7 dos novos ministros indicados por Michel Temer estão sendo investigados pela Justiça. Alguns até mesmo são investigados pela Polícia Federal na operação Lava Jato.

Nem por isso o grupo fascistoide Revoltados On Line fez protesto na frente da casa desses novos ministros - assim como o fizeram quando Lula foi quase indicado para o Ministério da Casa Civil por Dilma. 

E o senador Aécio Neves? O ministro do STF, Gilmar Mendes, em menos de 24 horas, aceitou os argumentos do tucano e seus advogados, suspendendo as investigações sobre Aécio no caso de Furnas. 

Resolvi fuçar a página dos liberais do Movimento Brasil Livre. Nenhuma postagem sobre.

NENHUMA. NENHUMA NOTA. NADA.

Pensei em pegar um cartaz e escrever em letras garrafais: PROCURA-SE O MANIFESTANTE CONTRA A CORRUPÇÃO. Onde ele foi parar? 

A resposta é mais simples do que você imagina. 

Nunca existiu nenhuma campanha popular contra a corrupção. A corrupção nada mais é do que o instrumento de grupos políticos pré-estabelecidos em um sistema corrupto para atacar seu rival, geralmente da situação (governo). Quando o cenário muda de lado, é a vez desse grupo político se defender das acusações.

A corrupção faz parte de um sistema que concilia partidos políticos com os interesses de multinacionais e empresas privadas, aceitando doações generosas para campanhas políticas.

E meu amigo, nenhum desses que estão no novo governo defendem o fim do financiamento privado. Nem os fascistoides do Revoltados Revolts. Nem os liberuxos do MBL. Nem mesmo o Temer, oras.
"Mas, primeiro derrubamos a Dilma, agora iremos derrubar o restante".

Não, amigo. Não vão não.

Esses grupos que organizaram os protestos contra Temer já fazem campanha em defesa de seu novo governo. Talvez porque enquanto vocês torravam no sol durante a mega-ultra-manifestação na Avenida Paulista, esses caras que lideram tais grupos estavam ali nos bastidores, negociando cargos e ganhos em cima de tudo isso.

É diferente de 2013.

Em 2013 não havia lideranças. Não era preciso três carros de som gigantescos para colocar milhões de pessoas na rua. Muito menos era preciso protestar só nos domingos - pelo contrário, era todo dia, toda noite, toda madrugada se for preciso.

Ainda dá tempo de negar essa hipocrisia, e entender o jogo como funciona.

Antes que seja tarde. Não é preciso "temer".

Fonte:  Publicado em www.brasilpost.com.br

quarta-feira, 18 de maio de 2016

"As pessoas que, desgostosas e decepcionadas, não querem ouvir falar em política, recusam-se a participar de atividades sociais que possam ter finalidade ou cunho políticos, afastam-se de tudo quanto lembre atividades políticas, mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, pois estão deixando que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política existente continue tal qual é. A apatia social é, pois, uma forma passiva de fazer política." _ Marilena Chauí (Filósofa)

Política se discute ou não se discute?

Por Manoel Paixão

Talvez você seja daqueles(as) que diz que "Política não se discute!". Me preocupa que muitos jovens tenham essa concepção. De tal modo, que eu agora te convido a refletir comigo, e quem sabe ao final desse texto você passe a pensar o contrário. Pois, bem. Pode ser que o 'não discutir política' do qual você se refere, seja de imediato pela lógica do campo político-partidária, que você logo inclui na mesma linha da religião e do futebol. E por isso se reserva. Esqueçamos nesse momento a religião e o futebol, e nos concentremos na temática da política.

Como é sabido por todos, vivemos em 'tese' numa democracia, em que na qual, por exemplo, o sistema político eleitoral gira em torno dos partidos políticos. Assim, se você tem pretensões de disputar um pleito eleitoral, além da obrigação de estar em pleno gozo dos direitos políticos, deverá conhecer, analisar e se filiar a uma legenda partidária. E ainda, dentro deste contexto, seu envolvimento pode ser na condição de um(a) analista ou de um(a) articulador(a) político(a).

Podemos também discutir a política pela ótica da cidadania, posto que, todo cidadão é por natureza um ser político. Conforme nos diz o filósofo Aristóteles "O homem é naturalmente político". E ser cidadão é fazer valer os seus direitos e deveres civis, políticos e sociais, e este é de fato, o exercício da plena cidadania.

Diante disso, ficar alheio a política permite que você deposite seus sonhos e aspirações, e decisões e ações importantes ao bem viver, que são inerentes a sua vida, da sua família, da sua instituição de ensino, do seu bairro, da sua comunidade, do seu município, do seu Estado e do seu país, nas mãos de pessoas que não tenham o compromisso de pensar a sociedade com você e os seus existindo nela. Essa exclusão me faz lembrar os versos de uma música que eu ouvi dias atrás, que dizem "...Preste atenção/Não abra mão dos próprios sonhos/Não tem perdão/Não deixe de sonhar...", e eu vou acrescentar umas duas palavras aos versos seguintes para completar o raciocínio, e te dizer que "...Talvez não vai encontrar quem vai 'sonhar' por ti...". E ainda, volto a usar música como exemplo, "...Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério/O jovem no Brasil nunca é levado a sério...", e não é de hoje que pensam e dizem muitas coisas à respeito dos jovens, há até aqueles que os generalizam, e quantos as críticas estas nem sempre são construtivas. Isso se deve ao fato de que alguns jovens nem mesmo se levam à sério, se calam, não tomam atitudes, não se manifestam, não se envolvem, não atuam e nem mesmo fazem ideia do poder que têm nas mãos, e levam tudo na base do "...Deixem que digam/Que pensem/Que falem/ Deixa isso pra lá/O que é que tem...". E o que acontece quando "...Eu não tou fazendo nada/Nem você também..." ou diante do "...Deixa a vida me levar/Vida leva eu..."? O resultado de tudo isso, será sem dúvida a exclusão política e social, que é o fruto de uma inércia, de uma omissão ou de uma ignorância política, com a própria realidade e com o futuro.

E quanto às ideologias - entenda uma coisa - não existe imparcialidade ou neutralidade, segundo o grande educador Paulo Freire "Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: a sua base é inclusiva ou excludente?".

Você pode até ter aversão ou indiferença à política, se opor ou se abster de discuti-la, ou algo do tipo, até mesmo por associa-la de forma equivocada com os péssimos exemplos que vem da maioria dos nossos políticos. Nesse sentido, se muita coisa não muda e o quadro político não se renova, é devido a ausência da juventude nas discussões ou no processo, ou em ambos. Na verdade estamos há muito carentes de novas lideranças.

E aí, você consegue se enxergar agora e/ou enxergar o seu papel dentro da política? Reconhecendo ou não, discutindo ou não, participando ou não, ela faz parte da sua vida, daí a sua importância.

Então, voltando ao início do texto, política se discute ou não se discute? Particularmente, de alguma forma, eu te digo que sim. De todo modo, te agradeço pela atenção e te desejo boa sorte!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Império dos canalhas

Por Lula Miranda
 
Abundam canalhas.

Os canalhas dominam a imprensa;

O legislativo.

Canalhas louvam a tortura da tribuna do parlamento.

Canalhas se travestem de pastores;

E corrompem a palavra do Senhor.

São todos canalhas.

Nada mais que isso: canalhas!

Canalhas infestam o Judiciário.

Temos magistrados canalhas
.
Canalhas empesteiam também as corporações;

Escolas e universidades.

Agora, com o golpe canalha

A canalha domina também o Executivo.

Voltaremos a ser governados pelos canalhas.

Viveremos, pois, desgraçadamente, sob o império dos canalhas.

Oxalá não seja por muito tempo.

Oxalá não seja para sempre.

*LULA MIRANDA: Poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média.