Por Manoel Paixão
Analisando bem, veremos que serve...
Às elites econômica, política, midiática, jurídica, religiosa e intelectual, do nosso país. Historicamente, acumuladoras de privilegiados e trazem consigo uma mentalidade escravocrata, predatória, saqueadora, entreguista, retrógrada, abusiva, intolerante, racista, manipuladora e golpista, que é transmitida de geração em geração, pelos setores mais conservadores, autoritários, antinacionais, antissociais e antidemocráticos, da sociedade brasileira. Segundo o jornalista Franklin Martins: “A elite brasileira despreza a democracia. É um grupo de predadores”. Essas elites são as grandes responsáveis pelo atraso do nosso país, não cansam de se aproveitar do Estado e de explorar o povo brasileiro. O saudoso Darcy Ribeiro, notável antropólogo e educador, dizia que: “O maior e único problema do Brasil são as suas elites: apátridas, parasitárias, vivem de vender o patrimônio nacional e manter o povo escravizado, ignorante, feito gado”.
Aos detentores da grande mídia nacional, em geral aliados a grandes corporações ou grupos poderosos, que colocam seus veículos de comunicação a serviço de interesses – sempre tendenciosos, muitos até escusos – que nada tem que ver com a defesa dos interesses do nosso país ou do bem-estar social do nosso povo. Isso, quando não estão utilizando seus veículos para propagar o ódio e a intolerância por toda parte, ou incumbidos de destruir a imagem e o legado de alguém, com seus linchamentos covardes e condenações prévias, na tentativa maldosa de influenciar a opinião pública. Ou ainda, gerar na população uma indiferença ou aversão a certos políticos, siglas partidárias e movimentos sociais, enquanto se encarregam de blindar e proteger outros – e porque não dizer, os seus. Tamanha é a parcialidade, a seletividade e a distorção, que se ver no trato das notícias e informações, veiculadas diariamente nessa grande mídia. Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello: “O maior inimigo do Brasil é a grande imprensa”.
Aos que defendem um Estado mínimo e a privatização das empresas e serviços públicos.
Aos que não querem um Brasil verdadeiramente independente, livre e soberano.
Aos que não respeitam o Estado Democrático de Direito.
Aos que são contrários a promoção de políticas públicas progressivas, ao desenvolvimento sustentável e ao combate às desigualdades.
Aos que querem o fim da CLT, do SUS, da Previdência Social, da universidade pública gratuita e de tudo quanto é programa social.
Aos que não aceitam uma política de aumento real do salário mínimo, de valorização da classe trabalhadora, e que categorias como as das empregadas domésticas tenham direitos trabalhistas garantidos.
Aos que vivem vociferando a criminalização dos movimentos sociais e suas lideranças.
Aos que não respeitam a diversidade de ideias e opiniões, a pluralidade de gênero, credo, cultural, étnico-racial e etc.
Aos que não suportam mais ouvir falar em bolsas, cotas, cidadania, direitos humanos e inclusão social.
Aos que defendem uma tal de meritocracia, mas detestam ouvir falar em igualdade de oportunidades e justiça social.
Aos que não aceitam pobres, negros e classe operária, saindo da invisibilidade e ascendendo socioeconomicamente.
À uma parcela considerável da classe média, muito bem definida nas palavras do saudoso e genial jornalista Paulo nogueira, do DCM, como “reacionária e visceralmente analfabeta política”. A mesma parcela desta, que se enxerga como parte integrante das elites e não percebe como é usada. “A classe média é feita de imbecil pela elite”, como bem disse o sociólogo Jessé Souza. E a outros grupos da sociedade brasileira, também despolitizados e mal informados, outrora chamada de “midiotizados” e mais recentemente definidos como “manifestoches”, pela escola de samba Paraíso do Tuiuti.
Aos que não sabem fazer outra coisa, a não ser odiar, odiar e odiar. A propósito, no texto “A marcha dos hipócritas”, do jornalista Leandro Fortes, que vale a sua leitura, dá para a gente entender um pouco mais como esse ódio é alimentado e tem um destino certeiro, em nosso país.
Aos hipócritas, falsos moralistas e oportunistas de ocasião.
E por aí vai.
Agora, em se tratando do Lula, vemos claramente, que ele é alvo de perseguição política. Não é de hoje que isso acontece. Já são quase 40 anos passando por isso. Ao longo desse tempo, Lula já sofreu os mais diversos tipos de ataques e ofensas, que se possa imaginar, sempre acompanhadas de uma tentativa vil de criminalizá-lo. Nenhum outro personagem da história política brasileira, foi tão discriminado, difamado, desrespeitado, execrado e achincalhado publicamente, quanto o Lula vêm sendo. E seus perseguidores pertencem às mesmas elites de sempre, que dentre outras coisas, são extremamente inescrupulosas, preconceituosas e intolerantes. Porém, nesses anos de operação “farsa jato” e de golpe, toda essa perseguição política, não só se intensificou como também se tornou mais implacável. E não pense, que se trata de um aprofundamento no combate à corrupção ou de se fazer justiça nesse país, como querem a todo custo fazer pensar. Não mesmo. Mas, de um indisfarçado interesse político por trás disso tudo. Tanto é, que nesses últimos dias, há uma forte mobilização das elites do nosso país, em empregar todo o seu poder político-econômico-midiático-judicial, para garantir imediatamente a sua prisão.
Aliás, vale lembrar, que os governos de Lula e de Dilma, sim, esses mesmos, deixaram um legado histórico para o país, no que se refere de fato ao combate à corrupção, inclusive estruturando e fortalecendo o Ministério Público e a Polícia Federal, que nunca antes tiveram tanta autonomia, pois governos anteriores controlavam e muito bem essas instituições.
Nesta sanha desenfreada, lançaram mão de todas as artimanhas possíveis para condená-lo e, consequentemente, levá-lo a uma prisão. Sua vida e de sua família foi devassada. Sofreu o que mais pareceu um sequestro, naquele fatídico episódio da condução coercitivamente. Sofreu o escrachado público, no grotesco episódio do PowerPoint. Sofreu uma enxurrada de acusações absurdas. Sofreu uma intensa caçada judicialesca e midiática. Teve sua defesa por inúmeras vezes cerceada. Até que se chegou ao ponto, e em tempo recorde, de sua condenação sem provas, mas por convicções de sobra. Faltando agora prendê-lo. Resumido, vimos um jogo de cartas marcadas, um processo de Lawfare e uma condenação exclusivamente política.
É uma tremenda covardia, o que estão fazendo com o Lula, e qualquer pessoa consciente, facilmente percebe isso. Como bem disse o jornalista Kiko Nogueira, do DCM, “Ninguém normal gosta de ver uma perseguição abjeta”. A menos que a pessoa seja tão ingênua, ou facilmente influenciada e manipulada, ou inescrupulosa e mal-intencionada.
Para seus perseguidores, Lula deve ser preso o quanto antes, posto que, mesmo com outras denúncias, mesmo após condenação, ele lidera todos os cenários na corrida presidencial para 2018. Pensam eles, que agindo assim, existe alguma chance de saírem vitoriosos nas urnas. Por isso, querem urgentemente sua inabilitação no processo eleitoral desse ano. A sua prisão nesse momento, sem dúvida, causaria um enorme estardalhaço, e conhecendo bem os seus adversários, seria um prato cheio para uma espetacularização midiática daquelas. Já é sabido, que se o inimigo em questão for o Lula, vale tudo. Porém, o tiro pode sair pela culatra. O que é bem provável. Segundo o ex-ministro do STF, Nelson Jobim, o capital político do Lula é tão grande que ele elege “qualquer um” em 2018, mesmo que seja preso.
Mais do que isso, a destruição política do Lula, também tem o objetivo claro de privar o povo brasileiro de assumir o protagonismo econômico, político e social no país, de ter uma melhor qualidade de vida e de ter um futuro mais digno. O Lula voltando a governar o Brasil contrariaria aos interesses das elites. Isso significaria, a retomada de um projeto de país, que vinha sendo construído, e que foi interrompido pelo golpe de 2016. Trata-se de um Brasil independente, soberano, democrático, com amplo desenvolvimento sustentável e crescimento econômico, e voltado para a elevação das condições de vida do povo. Pois, o Lula possui todos os pré-requisitos necessários – por tudo aquilo que ele já fez e representa para o povo brasileiro e para o país e, ainda, pelo que pode fazer – para restituir a democracia, recuperar a governabilidade, a economia, os empregos, a representatividade e o prestígio no cenário internacional. Tudo o que as elites não querem. O sociólogo Jessé Souza, destaca que “o Brasil é palco de uma disputa entre esses dois projetos: o sonho de um país grande e pujante para a maioria; e a realidade de uma elite da rapina que quer drenar o trabalho de todos e saquear as riquezas do país para o bolso de meia dúzia”.
Viu como é fácil entender por que querem tanto a destruição política do Lula e a quem tudo isso serve.