"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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sábado, 10 de abril de 2010

Esta aconteceu comigo!

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por Manoel Paixão
Meu primeiro desafio depois de alguns meses de minha formação técnica se resume a uma sala de aula, mas precisamente à um laboratório de microbiologia, na condição de instrutor, o que me permite contar um episodio da minha pequena experiência como docente.
Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, e é verdade. Meu 1° dia de aula foi mágico, encantador, uma maravilha, confiança lá em cima, não via a hora de chegar o dia seguinte - que dia - coisa de principiante. Não entendeu? Somente tire conclusões de uma situação, quando ela chegar ao fim e nunca no começo.
Uma aluna que não veio no 1° dia de aula, resolveu aparecer no 2°, e na metade da aula, eu numa rouquidão brava, agravada pela aula do dia anterior tentando me comunicar com uma turma composta na maioria por adolescentes – já deu pra imaginar – mas, a aluna em questão, adentra o laboratório, quando eu revisava a aula passada, em questões de minutos estava eu lá na frente, sendo bombardeado por questionamentos e perguntas que fugiam do assunto em questão, se bem me lembro era: Conservação dos alimentos - e nada tinha haver o questionamento da colega com o assunto da aula. Sugeri que procurasse um especialista, mas que o coordenador do curso que acompanhava a aula, se pudesse que ficasse a vontade para responder, quando fui surpreendido, pela colega - que é da área de educação infantil – que em tom exaltado proferiu: “Se você está aqui na condição de instrutor, tem que saber de tudo – mas esse tudo na concepção da colega significava medicina, direito, engenharia, etc.. – ou seja, tudo que fugisse do assunto.
O coordenador interveio e com a sua experiência contornou a situação e resolveu o mal entendido. Nesse momento eu já estava fora do laboratório, pensando em abandonar a carreira, que mal havia começado. O ônibus coletivo passaria em poucos minutos, bati a mão nos bolsos à procura dos vales transporte - não sei se pra minha tristeza ou felicidade – tinha-os esquecido em casa, teria que ir de carona com pessoal da escola. Tomei um pouco de ar, de água, recobrei o animo e voltei ao laboratório como se nada tivesse acontecido, e retomei a aula. Outra surpresa, essa mesma aluna, foi a que mais participou da aula, de forma tranqüila e dentro do assunto. Ao termino da aula expliquei toda a situação, porque no momento do acorrido ela não me deixou falar, pedi desculpas que foram aceitas - com a indagação de que eu estava exaltado pelo tom da minha voz rouca.
Conclui o tema Introdução as Tecnologias de Produtos Agropecuárias, com direito a festinha de despedida e presentes, e a certeza de ter conquistado muitos amigos, inclusive uma em especial. Sem duvida, essa foi uma das melhores aulas que tive, e a lição deixada é que situações como essas servem de aprendizado, e nos dão força para enfrentar ou contornar as intempéries da vida, comuns na carreira de todo e qualquer profissional. Despedi-me da turma com uma mensagem intitulada “A Canoa”, que traz uma citação de Paulo Freire, que diz: “Não há saber maior ou saber menor. Há saberes diferentes”.