O Estado do Pará é destaque no triste ranking da violência no Brasil. Lidera a “lista suja” do trabalho escravo no país. O Pará está entre os Estados com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. O Pará tem o seu governador entre os 10 piores governadores do país. O seu governador é dono de um patrimônio milionário e figura como o sexto governador mais rico do Brasil. O seu governador é réu por prática de crime de corrupção em um processo que se arrasta na justiça há cerca de 14 anos. O Estado do Pará aparece na lanterna dos investimentos públicos. Os dados sociais e econômicos colocam o Pará como um dos Estados mais sofridos do país, com péssimos índices de educação, saúde, segurança, saneamento básico e desenvolvimento humano. A população paraense pena cada vez mais com a inoperância e/ou o descaso do governo Jatene. Contudo, o que chega a ser impressionante, é a forma como o paraense concebe tudo isso, muitos sem esboçar reação alguma, e ainda, que esse governo tenha defensores e aos montes. Isso, até me faz pensar que se houvesse mais uma oportunidade ― a terceira seguida ― para o Jatene ser candidato ao governo do Estado do Pará, não me causaria nenhum espanto se ele fosse "REEELEITO".
"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog
Obrigado pelo acesso ao nosso blog!
Obrigado pelo acesso ao nosso blog!
sexta-feira, 31 de março de 2017
Pois é...
E não é que acabei concordando ― claro, até certo ponto ― com um trecho da propaganda gratuita do PMDB, veiculada ontem (30) na TV, quando diz que "medidas urgentes e do maior interesse estão sendo tomadas" pelo governo ilegítimo. E haja interesses ― só que do tipo escusos ― por trás disso tudo. O que não se pode dizer é que essas medidas ― como sempre retrógradas e maléficas ― são de interesse do povo brasileiro. Até agora, tudo o que vêm sendo apresentado pelo governo ilegítimo e aprovado no congresso ― diga-se de passagem com a pior formação da história ―, apenas favorece os grandes grupos de poder econômico. O governo do ilegítimo Temer e sua corja de aliados congressistas, corre contra o tempo para por fim a um projeto nacional e soberano de desenvolvimento sustentável e inclusivo. Convenhamos, o tal projeto golpista "ponte para o futuro" do PMDB virou mesmo foi um retrojeto de "pinguela para o abismo", e para comandar todo esse jogo sujo no país do golpe, o Temer caiu como uma luva, não restando a menor dúvida de que ele é o traidor e golpista certo para tudo isso.
A infame mudança de opinião do PSDB sobre o caixa 2 de Temer na campanha
Indecente.
A atitude do PSDB na questão da eventual cassação pelo TSE da chama Dilma e Temer é simplesmente abjeta.
Lembremos.
Em sua louca cavalgada golpista, o PSDB reivindicou depois da derrota nas urnas que a chapa vitoriosa fosse cassada.
Era um dos primeiros capítulos do golpe. O PSDB acusava os vencedores de terem usado caixa 2 na campanha.
Eram dias em que os tucanos, completamente protegidos pela mídia, ainda posavam de puros.
Verificou-se depois que o PSDB utilizara também — quem não? — caixa 2 em escala industrial.
Com sua insuperável lentidão, o TSE só conseguiu agora marcar o julgamento do caso.
Mas as circunstâncias mudaram: Dilma foi derrubada pelo
golpe. E Temer, com a contribuição milionária do PSDB, rasteja na
presidência.
O que não mudou foi a vigarice tucana. Agora, o PSDB diz que Temer não fez nada errado. Só Dilma.
Pausa para gargalhadas.
O que o PSDB quer é manter Temer até 2018. Se ele sair,
aumentam consideravelmente as chances de diretas ainda em 2017, e não
existe entre os tucanos um único candidato realmente forte.
Dória ainda é o triunfo da esperança. Melhor: ele é por
enquanto um problema, não uma solução. Para que ele emplaque como
candidato Alckmin, seu tutor e inventor, vai ter que ser escanteado.
O descaro do PSDB em inocentar Temer, sob o silêncio da imprensa, é uma prova mais de que as instituições estão falidas.
Se não estivessem, o PSDB não ousaria fazer o que está fazendo.
É insuportável a ideia de Temer até o final de 2018. O povo
não quer, como mostram as pesquisas. Ele não pegou. E nem vai pegar. É
incompetente. Desleal. Não tem carisma. Tem medo de fantasma.
Mantê-lo na presidência é um crime de lesa pátria.
Apenas alguém consagrado pelas urnas pode colocar em ordem
um país que perdeu o pé, o rumo, o sentido — e o pudor, como demonstra a
mudança de opinião do PSDB diante do caixa 2 de Temer na campanha.
quarta-feira, 29 de março de 2017
Por que destruir Lula
*Por Aldo Fornazieri
Atendendo pedido de alguns leitores, procurarei aqui esclarecer
melhor o sentido de artigo anterior - "A perseguição a Lula e a
destruição do sentido ético" (GGN 16/01/17). A questão principal posta
consiste em entender as razões mais profundas da sanha persecutória e
declarada de destruir não só a figura política, mas a figura simbólica
de Lula. É verdade que o golpe tem uma estratégia de dois momentos,
sendo que o primeiro consistiu no afastamento de Dilma e, o segundo, na
tentativa de inviabilizar a candidatura Lula em 2018. As elites
brasileiras querem o controle absoluto do Estado e do orçamento para
atender os seus interesses.
Mas a destruição da figura política e simbólica de Lula vai para além
desse objetivo. Em primeiro lugar, essa fúria destruidora se relaciona
com um elemento da história. Em que pese existir, hoje, um conceito
pluralista de história, a história dos povos, em sua tradição, se
referia aos grandes acontecimentos, de caráter coletivo, capazes de
conferir um caminho e um sentido de futuro àquela comunidade específica.
Esses acontecimentos podem se configurar tanto em epopéias quanto em
tragédias. Os grandes acontecimentos históricos se tornam subjetividade e
adquirem uma dimensão abstrata e espiritual e se tornam um poder
simbólico, além de uma lição a ser sempre indagada, apreendida e
refeita. São uma fonte inesgotável de poder pelo fato de que os seres
humanos do presente e do futuro sempre podem recorrer a eles para
mobilizar energias criadoras produzindo algo novo e imprevisto.
Os grandes acontecimentos históricos que adquirem uma dimensão
simbólica geralmente expressam uma condensação extraordinária de vontade
coletiva. Essa vontade coletiva tem dois organismos principais de sua
fomentação e de sua organização: a figura do herói - do mito-Príncipe na
linguagem de Maquiavel e de Gramsci - ou um organismo, como um partido
ou um movimento.
No sentido geral do termo, entende-se por herói um ser humano que
exerce uma influência extraordinária sobre os acontecimentos históricos
pela sua prudência, pela sua coragem e pela sua bravura, conferindo às
suas ações (ou às suas palavras) uma dimensão desmedida em relação às
ações significativas de outros atores. No mundo antigo, o herói
aproximava-se dos deuses merecendo uma veneração e uma imortalidade na
memória vindoura e na perdurabilidade dos tempos. Ao adquirir esta
configuração simbólica, o herói torna-se recurso, vida, energia,
exemplo, força mobilizadora.
Mesmo que o herói moderno seja mais humanizado, o fato é que os
heróis se tornam cultura viva, memória ativa e se perfilam em nossos
espíritos como arcos do triunfo, campos de batalhas, dolorosos desfechos
trágicos, marchas triunfais, resistências, revoluções. Tanto os heróis
quanto os grandes acontecimentos do passado mobilizam as nossas emoções e
são as nossas emoções mobilizadas, mais do que o computador, a frieza
do cálculo ou outra virtualidade qualquer, que têm a potência da
transformação, a força inovativa criadora do novo.
A destruição de Lula
Todos sabemos que o Brasil tem escassos recursos simbólicos, em
termos de história e de líderes significativos, que possam ser uma fonte
de vida para mobilizar energias criativas e transformadoras. Nem a
declaração da Independência e nem a proclamação da República, momentos
fundantes da nação, se apresentaram como atos trágicos ou épicos de
significação transcendente e nem produziram heróis inspiradores do
futuro. As elites brasileiras, movidas pelo seu egoísmo predatório,
nunca tiveram um senso de res publica, nunca elaboram um
projeto de grandeza nacional e nunca almejaram a conquista da glória. A
única coisa que almejaram foi escravizar, explorar e maltratar os
trabalhadores e o povo. A sua prática política constitutiva consiste em
assaltar os cofres públicos, apoderando-se do orçamento, geralmente
constituído pelo sacrifício fiscal dos mais pobres.
Não podemos deixar, contudo, de creditar a Getúlio Vargas e a Lula
conteúdos e dimensões que os aproximam do conceito de herói e lhes
emprestam funções simbólicas de reserva de poder mítico. Por qual razão
Vargas e Lula encarnam este conteúdo e este conceito? Porque foram
construtores, organizadores e depositários de uma vontade coletiva
nacional, encarnaram uma "fantasia concreta", a esperança de um futuro
melhor, a ideia de uma remissão da miserável condição de um povo sofrido
e abandonado. Por desempenharem essas funções, de alguma forma ou de
outra, Vargas e Lula se tornaram preconceitos do povo, paradigmas de
líderes políticos.
É conhecido o esforço que as elites predatórias e seus servidores
intelectuais empreenderam para destruir a figura política e simbólica de
Vargas. Agora, esse mesmo esforço, com a mobilização de meios
inauditos, se volta para destruir a figura política e simbólica de Lula.
A tentativa de destruir Vargas, parcialmente bem sucedida, e agora a
violência destrutiva que se projeta contra Lula, tem esse objetivo
maior: negar ao povo, no presente e no futuro, o recurso a uma fonte
viva de poder, o recurso a uma energia mobilizadora, ativa,
transformadora e criadora de inovação. As elites predatórias e
saqueadoras da república não querem que o povo tenha, a qualquer tempo,
esse recurso extraordinário de poder capaz de mobilizar energia para
mudar o sentido da história do Brasil. Querem que o povo se mantenha na
sua própria solidão, abandonado, enregelado e impotente.
Para privar o povo e os movimentos sociais do recurso do poder
simbólico é preciso destruir Lula, imputando-lhe todo tipo de
acusações, apresentando-o como o oposto das virtudes republicanas, que é
a acusação de corrupto. Para isto não se envergonham em escandalizar
pedalinhos e barquinhos de crianças. O que era crime ontem para atingir
Lula, hoje é licitude validada por juízes do STF para salvar a
hipocrisia decrépita dos líderes das elites. Nestes momentos, as elites
não têm nenhuma consideração com a Constituição, com as leis, com as
aparências, com a democracia. Destruir o sentido de nação, de vontade
coletiva, e todos os instrumentos e políticas públicas que poderiam
imprimir uma orientação de futuro é o custo monstruoso a ser pago para
que a predação possa continuar.
É preciso entender aqui que não se trata de endeusar ou mitificar nem
Vargas e nem Lula. Trata-se de compreender o que eles representam
simbolicamente para a constituição de uma consciência cívica e para um
sentido ético da comunidade política. Trata-se de compreender que, com
seus acertos erros, com suas ambiguidades, eles significam o poder
simbólico do povo brasileiro, que tem escassos recursos históricos para
se mobilizar e se unir em torno de um propósito libertador, de justiça e
igualdade.
Trata-se de compreender que é o povo e os seus movimentos sociais que
as elites querem atacar para mantê-los subjugados. Querem um povo
servidor dos seus interesses e de sua riqueza, vergonhosa e
indecentemente amealhada com a apropriação dos recursos públicos que
deveriam amenizar as vicissitudes dos mais pobres. Trata-se de
compreender que somente o tumulto das ruas e a veemência das batalhas
serão capazes de bloquear esta deprimente história do Brasil e
patrocinar um destino mais dignificante, civilizado e grandioso para o
povo.
*Aldo Fornazieri é professor da Escola de Sociologia e Política.
Ipea afirma que mulher trabalha 5,4 anos a mais do que homem
Jornal GGN -
Simulação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a
mulher trabalha 5,4 anos a mais do que o homem ao longo de 30 anos de
vida laboral. A diferença é causada pelos trabalhos domésticos, e o
cálculo usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do
IBGE, realizada em 2014.
O Ipea também ressalta que, no período
de cerca 30 anos, as mulheres chegam a 22,4 anos de contribuição para a
Previdência Social, em média. De acordo com a pesquisadora Joana
Mostafá, as interrupções na contribuição são causadas pelo desemprego,
trabalho informal, afastamento do mercado de trabalho para cuidar dos
filhos, entre outros.
Na semana passada, o instituto lançou
uma nota técnica defendendo que as idades de aposentadoria de homens e
mulheres sejam diferentes. Hoje
em dia, os homens devem ter 35 anos de contribuição para se aposentar, e
as mulheres, 30. A aposentadoria por idade exige 15 anos de
contribuição e idade de 65 anos para o homem e 60 anos para a mulher.
A Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 287, da reforma da Previdência, estabelece 25 anos de contribuição
tanto para homens e mulheres, e idade mínima de 65 anos. O governo
argumenta que as mulheres vivem mais que os homens.
“O acordo da Previdência é um acordo
social. Ele visa, entre outras coisas, compensar algumas desigualdades
do mercado de trabalho”, afirma Joana, destacando a jornada dupla de
trabalho, a diferença de salários entre homens e mulheres e também a
taxa de desemprego, “que é maior entre as mulheres do que entre os
homens”. Para a pesquisadora, as mulheres poderiam contribuir mais para o
INSS se não fossem por essas dificuldades.
Para o governo, a equiparação da idade
de aposentadoria masculina e feminina tende a diminuir a desigualdade
no mercado de trabalho. Mostafá concorda que existe uma redução na
desigualdade de renda, mas ressalta que a participação da mulher no
mercado de trabalho está estagnada em 60% desde 2005.
sexta-feira, 24 de março de 2017
Vladimir Safatle alerta para o fim do emprego
“Este é o mundo que os políticos brasileiros desejam a seus eleitores”, escreveu.
A silenciosa votação de uma lei controversa, é como começa o artigo de *Vladimir Safatle publicado nesta sexta-feira (24) na Folha de S.Paulo.
“A terceirização irrestrita aprovada nesta semana cria uma situação
geral de achatamento dos salários e intensificação dos regimes de
trabalho, isto em um horizonte no qual, apenas neste ano, 3,6 milhões de
pessoas voltarão à pobreza”, escreveu.
O autor ressaltou estudos
sobre o mercado de trabalho, que dentre outras coisas, demonstram
péssimas estatísticas com relação aos trabalhadores terceirizados. Em
média, afirmou o filósofo da USP, esses trabalhadores ganham 24% menos
do que os formais, mesmo trabalhando, em média, três hora a mais do que
os últimos. “Este é o mundo que os políticos brasileiros desejam a seus
eleitores”, completou.
O artigo lembra que o caso é inédito no
Congresso Nacional, e que vai de encontro ao desejo da maioria da
população. E explica que isso só poderia acontecer “em condições de
sociedade autoritária como a brasileira atual”.
A lei, que libera
a terceirização para todas as atividades das empresas, foi aprovada
nesta quarta-feira (22) por 231 a favor, 188 contra e 8 abstenções.
Nela, lembrou o filósofo, desaparece – além obrigatoriedade de
contratação por até 180 dias – a obrigação da empresa contratante de
trabalho terceirizado fiscalizar se a contratada está cumprindo
obrigações trabalhistas e previdenciárias.
“Em uma situação na
qual a economia brasileira está em queda livre, retirar direitos
trabalhistas e diminuir os salários é usar a crise como chantagem para
fortalecer o patronato e seu processo de acumulação. Isto não tem nada a
ver com ações que visem o crescimento da economia. Como é possível uma
economia crescer se a população está a empobrecer e a limitar seu
consumo?”, escreveu.
O artigo defende que a função da lei é
acabar com a sociedade do emprego por meio da precarização da atividade
produtiva em um ambiente sem garantias estatais que assegurem condições
de vida e de insegurança econômica.
“O Brasil será um país no
qual ninguém conseguirá se aposentar integralmente, ninguém será
contratado, ninguém irá tirar férias. O engraçado é lembrar que a isto
alguns chamam "modernização"”, completou Vladimir.
Por fim, o
autor do artigo ataca os setores da imprensa de escolherem um lado e
abandonarem os princípios do bom jornalismo, e uma parcela da classe
média que apoiam as novas medidas, iludidas com um cenário de benefícios
que não existe.
*Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de Filosofia da USP. Ele
escreve sobre temas variados na sua coluna, todas as sextas-feiras na Folha de S.Paulo.
Assinar:
Postagens (Atom)