"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog
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O truque do Janot para implodir a candidatura do Lula
'Janot
seguiu Maquiavel: "aos amigos, os favores; aos inimigos, a lei". Os
golpistas, mesmo com indícios de crimes, serão embalados no berço do
STF.'
Por Jeferson Miola
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Créditos da foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil |
O que poderia ser celebrado como sinal de normalidade institucional – os
pedidos do Rodrigo Janot ao STF para abrir inquéritos das delações da
Odebrecht – na realidade é apenas um truque do procurador-geral para
proteger o bloco golpista, em especial o PSDB; mas, sobretudo, para
[ii] viabilizar a condenação rápida do Lula e, desse modo, impedir a
candidatura do ex-presidente em 2018, isso se a eleição não for
cancelada pelos golpistas.
Janot seguiu fielmente Maquiavel:
“aos amigos, os favores; aos inimigos, a lei”. Os golpistas, cujos
indícios de crimes são contundentes, com provas de contas no exterior,
jantares no Palácio Jaburu, códigos secretos para recebimento de
dinheiro da corrupção e “mulas” para carregar propinas, serão embalados
no berço afável do STF.
Lula, sobre quem não existe
absolutamente nenhuma prova de crime, foi denunciado por Janot e será
julgado por Sérgio Moro, um juiz parcial, que age como advogado de
acusação. Ele é movido por um ódio genuíno e dominado por uma obsessão
patológica de condenar Lula com base em convicções [sic]. Janot entregou
a este leão faminto e raivoso a presa tão ansiada.
Os fatores que permitem prospectar esta hipótese da sacanagem do Janot são:
1-as
listas parciais divulgadas em 14 e 15/03/2017 implodiriam qualquer
governo, quanto mais o apodrecido e ilegítimo governo Temer –
implodiriam, mas não implodirão, porque estamos num regime de exceção;
2-foram
denunciados nada menos que: seis ministros [Padilha, Moreira Franco,
Aloysio Nunes, Bruno Araújo, Kassab e Marcos Pereira] os dois sucessores
naturais do presidente em caso de afastamento do usurpador [Rodrigo
Maia e Eunício Oliveira] o idealizador da “solução Michel” para estancar
a Lava Jato, atual presidente do PMDB [Romero Jucá] o presidente do
PSDB [Aécio “tarja-preta”] quatro senadores da base do governo cinco
governadores três deputados que apóiam Temer três senadores da oposição
dois deputados de oposição;
3-uma pessoa iludida poderia
concluir: “é uma decisão corajosa e imparcial do Janot”; afinal, ele
investiga personagens poderosos e, aleluia, inclusive o PSDB. Ilusão:
esta é, exatamente, a manobra diversionista do Janot;
4-os denunciados do governo golpista, todos eles, inclusive os sempre protegidos tucanos, têm foro privilegiado,
e por isso serão investigados pelo STF, e não nas instâncias inferiores
do judiciário [com minúsculo]. É verdade que Janot denunciou também
golpistas sem foro privilegiado. Esses, porém, são as “genis” Eduardo
Cunha e Sérgio Cabral, já presos; e Geddel Vieira Lima, que já está no
corredor do cárcere;
5-o supremo [com minúsculo], demonstram
estudos da FGV, é a instância mais lenta, mais politizada [eventualmente
mais partidarizada, para não dizer tucana] e mais inoperante do
judiciário. A primeira lista do Janot, por exemplo, entrou no sumidouro
do STF há dois anos [em março/2015], e lá dormita até hoje, sem nenhuma
conseqüência na vida dos políticos denunciados por corrupção;
6-a
composição ideológica do STF é aquela mesma que, agindo como o Pôncio
Pilatos da democracia brasileira, lavou as mãos no processo do impeachment
fraudulento, e assim converteu o supremo em instância garantidora do
golpe de Estado que estuprou a Constituição para derrubar uma Presidente
eleita com 54.501.118 votos;
7-é fácil deduzir, portanto, qual
será a tendência do STF na condução dos processos dos golpistas. Se
esses julgamentos iniciarem antes de 2021, será um fato inédito.
A lista do Janot é um instrumento ardiloso da Lava Jato e da mídia
para a caçada do Lula. Janot faz como o quero-quero, pássaro que grita
longe do ninho para distrair os intrusos, afastando-os dos seus
filhotes.
As instituições do país estão dominadas pelo regime de
exceção que violenta a Constituição para permitir um processo agressivo
e continuado de destruição dos direitos do povo, das riquezas do país e
da soberania nacional.
O anúncio imediato da candidatura
presidencial do Lula, abrindo uma etapa de mobilizações permanentes e
gigantescas do povo, é a urgência do momento. É a garantia de proteção
popular do Lula contra os arbítrios fascistas do regime de exceção e, ao
mesmo tempo, fator que pode modificar a correlação de forças na
sociedade.
O êxito dos protestos deste 15 de março, que levaram
milhões de trabalhadores às ruas em todo o país, é um sinal positivo da
retomada da resistência democrática e da luta contra o golpe e os
retrocessos.
A democracia e o Estado de Direito somente serão
restaurados no Brasil com a mobilização popular intensa e radical, e a
candidatura do Lula é um motor para esta restauração.
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