A matéria abaixo, publicada num site especializado em carne, foi
escrita pouco antes da deflagração da Operação Carne Fraca. Ela mostra
uma incrível coincidência. Os primeiros lotes de carne americana começam
a chegar ao Brasil em março e abril…
O articulista revela ainda que a imagem da carne, para os americanos,
é ligada a fatores como “economia do país [EUA]” e “geração de empregos
[nos EUA]”.
Tirem suas próprias conclusões.
Eu não acredito em conspiração, porque eu acho mais provável que os
coxinhas da PF, assim como os homens-bomba da mídia, simplesmente não
tem ideia do que fazem. Os primeiros querem holofotes, os outros só
pensam em anúncios, e ganharão agora publicidade de frigoríficos
norte-americanos.
Entretanto, negar que haja interesses econômicos e geopolíticos, e
ações para levar adiante esses interesses é rasgar todos os livros de
história já escritos desde Heródoto.
***
No Beefworld
A carne bovina dos Estados Unidos está chegando ao Brasil
Primeiros containers chegam em março e abril…
Segunda-feira, 6 de Março de 2017 às 09h21
Em 2016, foi anunciada a abertura de mercado da carne bovina para
países como Estados Unidos, Malásia e e Vietnã. Além de exportarmos
carne brasileira, no caso americano, o acordo possibilitou também a
importação. Entre março e abril, chegarão os primeiros containers. As
empresas brasileiras buscam importar cortes especiais para atender o
varejo “premium”, ou seja, as lojas e boutiques de carnes gourmet.
O que isso significa? Por um lado, que os consumidores estão cada vez
mais exigentes em relação à qualidade, fazendo com que as empresas
aumentem a oferta; Possibilita uma maior variedade de opções no momento da escolha, que já inclui carnes importadas da Argentina e do Uruguai.
Mas, a carne americana é melhor do que a nossa? Primeiro, não podemos
generalizar. Há bois de primeira e de segunda tanto nos Estados Unidos,
como no Brasil. Também ainda não temos a informação exata das
características das carnes que serão importadas.
Mas é fato que o Brasil possui carnes superiores a dos Estados Unidos,
principalmente sob a ótica das carnes gourmet (aquelas vendidas em
açougues/boutiques).
Por que? A maior parte da produção americana é realizada em
confinamento, do nascimento ao abate. No Brasil prevalece o pasto e uma
pequena parte é terminada em confinamento. Além dos aspectos
nutricionais, a carne a pasto inclui um maior bem-estar animal, visto
que o animal cresce livre no campo. Além do mais, enquanto aqui os
hormônios são proibidos, lá é permitido.
Então, eu não devo comer carne importada dos Estados Unidos? A
escolha cabe a nós. É importante experimentar e conhecer. Mas, também é
crucial considerarmos o trabalho dos pesquisadores, zootecnistas,
veterinários, pecuaristas brasileiros e todos os outros agentes, que
diariamente investem em uma produção mais sustentável nas fazendas para
que chegue uma carne cada vez melhor as nossas mesas. Apresentamos cada
vez mais iniciativas de destaque como a Carne Carbono Neutro, a
Integração Lavoura, Pecuária e Floresta e até carne com o certificado
Rainforest Alliance. Além disso, é crescente o número de marcas e de
Associações de raças, como a Angus, Nelore, Senepol, que não só demandam
uma carne de maior qualidade, como investem para que a produção seja a
cada dia melhor.
Não estou dizendo para não comer a carne americana, nem para
revidarmos protecionismo. Novamente, ressalto que é importante
experimentar e ter opções de escolha para variar os pratos. Mas, em
minha monografia, quando estudei a percepção dos consumidores em Ohio,
uma das imagens da carne bovina foi formada por “American”, mostrando
como é forte a identidade que eles possuem em relação à carne. E quando
perguntados sobre a produção, a imagem foi formada por atributos como
“economia do país”, “geração de empregos”. Então, assim como eles
possuem os selos “Local Food”, “Buy/Eat Local” para incentivar o consumo
do “American made”, por que não valorizamos também o que é nosso?
(Juh Chini)
Fonte: Publicado em O Cafezinho
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