Por Ulysses Ferraz
(Da página do Fecebook, publicado em 27/02/2017)
Não existe democracia sem política.Todos os
partidos têm seus corruptos. Sem exceção. Mas a corrupção não é
exclusividade da política. Há políticos corruptos mas nem todos os
corruptos são políticos. E nem todos os políticos são corruptos.
Políticos sérios e competentes existem. Pensar que a corrupção é um
fenômeno político é, no mínimo, uma ingenuidade. Há corrupção
generalizada na administração pública em todos os escalões, nas Forças
Armadas, nas Polícias Militares, nas
Polícias Federal, no Poder Judiciário, no Ministério Público, nas
empresas públicas, nas ONGs, nas empresas privadas, sobretudo nos
setores de compra e gestão da cadeia de suprimentos. Há também muita
sonegação fiscal, que é uma espécie de corrupção. E causa mais prejuízos
aos cofres públicos do que a corrupção. No mundo, o Brasil é o segundo
colocado em sonegação fiscal e sexagésimo nono em corrupção. As perdas
dos cofres públicos com a sonegação são de R$ 500 bilhões anuais, contra
R$ 67 bilhões em razão da corrupção propriamente dita. Corrupção e
sonegação não são combatidas simplesmente eliminando a esfera política.
Isso se combate fortalecendo a democracia e instaurando mecanismos
continuados de auditoria, fiscalização e controle. O combate a
corrupção, portanto, não significa negar a política, mas aperfeiçoar
suas instituições. É preciso renovar a classe política sem, contudo,
eliminar a esfera do político. Demonizar a política é ignorar o fato de
que ela é um espelho da sociedade e não uma abstração descolada da
realidade social. Sociedades são construídas mediante decisões políticas
tomadas pelos indivíduos que a compõem. Não existe resposta fora da
política. Programas públicos só ganham a universalidade e a escala
necessárias por meio de ações políticas. As demandas da micropolítica só
se convertem em lei mediante o processo legislativo, que é
essencialmente político. Eliminar a política é, no limite, eliminar a
democracia. É instaurar o governo da tecnocracia. Que também sabe ser
corrupto, ineficaz e ineficiente. E age sem nenhum controle popular. Na
ausência da democracia, só nos resta a ilusão tecnicista: o
totalitarismo.
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