Por Manoel Paixão
2017 até poderia ser um ano para o povo brasileiro esquecer, se
não fosse as muitas lições que ele nos deixa. Se não fosse também um ano em que
muito do que foi alertado em 2016 veio a acontecer, ou seja, reforçou ainda
mais a certeza que tínhamos de que foi GOLPE, com a participação de um grande
consórcio político-jurídico-midiático e, claro, “com o Supremo, com tudo” –
junto e misturado. No entanto, 2017, assim como 2016, é para que seja
constantemente lembrado, até que tenhamos verdadeiramente aprendido todas as
suas lições.
Fazendo uma breve retrospectiva daquilo que a gente viveu nos
últimos meses em nosso país, vimos de tudo acontecer, e até acho que muito do que se sucedeu foi encarado pelo povo
brasileiro com certa passividade. Vejamos:
– Vimos a tal
"ponte para o futuro" do PMDB nos remeter ao passado.
– Vimos medidas econômicas e impopulares sendo
tomadas a torto e a direita
pelo governo ilegítimo.
– Vimos conquistas históricas e políticas públicas importantes
para o desenvolvimento sustentável do país e a diminuição das desigualdades,
sendo aniquiladas.
– Vimos a trama
para desmontar a previdência social, com o objetivo de acabar com o
direito à aposentadoria do povo, e empurrá-lo para
a previdência privada. Tentativas essas que apenas foram adiadas para
o próximo ano.
– Vimos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sendo "rasgada" com a aprovação
da nova lei trabalhista e direitos sendo destruídos.
– Vimos que o salário
mínimo não terá aumento real para 2018, acima da
inflação como vinha acontecendo desde
2003, e que a equipe econômica do governo ilegítimo ainda reduziu a sua
previsão de reajuste de R$ 969,00 para R$ 965,00.
– Vimos o
desemprego crescer de forma assustadora e o país fechar o ano com cerca de 12,7
milhões de pessoas desocupadas.
– Vimos seguidos
aumentos “abusivos” nos preços do gás de cozinha, da gasolina e da energia
elétrica.
– Vimos o
achatamento de programas sociais importantes, como o Bolsa Família, o Fies, o
ProUni, o Luz para Todos, o Minha
Casa Minha Vida, o Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA), e sendo decretado o fim de outros, como
o Farmácia Popular, o Mais Médicos e o Ciência Sem Fronteiras.
– Vimos o Brasil
de volta ao mapa da fome.
– Vimos o corte de
verbas para a educação, a pesquisa, a segurança e a saúde.
– Vimos o anúncio de que o Brasil será posto à venda, dentro de um pacote de
privatizações que compreende 57 estatais e
bens públicos, entre elas, a Casa da Moeda e a Eletrobrás.
– Vimos que parte
do nosso patrimônio e nossas reservas naturais já foram entregues a preço de
banana, como o Pré-Sal, por exemplo.
– Vimos a nossa
soberania nacional indo pras cucuias.
– Vimos o governo
ilegítimo perdoar dívidas bilionárias de empresários, enquanto
ferrava com a população.
– Vimos a tentativa nefasta do presidente ilegítimo de
dificultar a fiscalização de trabalho análogo à escravidão, para
agradar a bancada ruralista e se livrar da perda de mandato no Congresso.
– Vimos em outra tentativa nefasta, o presidente ilegítimo
liberando a toque de caixa, a exploração da reserva de cobre na
Amazônia, a Renca. Pressionado pela opinião pública suspendeu o decreto
e depois o revogou.
– Vimos o combate
a corrupção desmoronar.
– Vimos o novo diretor-geral da Polícia Federal
dizendo que mala de dinheiro para pagamento de propina não é prova suficiente
de corrupção.
– Vimos senador tucano megadelatado em esquemas de corrupção,
que inclusive disse que é capaz de matar possível delator, nesse caso o próprio
primo, antes mesmo dele fazer delação, se safar de denúncias e se manter ileso
no seu cargo, apesar de gravações de diálogos e de imagens de malas de dinheiro
de propina.
– Vimos que um juiz pode condenar alguém sem provas, com base
apenas em convicções.
– Vimos um show de trapalhadas da Procuradoria-Geral da
República (PGR), e principalmente, do então procurador-chefe, no episódio
da delação dos irmãos Batistas.
– Vimos ainda mais exacerbada a busca de projeção pessoal de
um juiz federal e de procuradores do Ministério Público Federal (MPF),
integrantes da força tarefa da Lava Jato, na República de Curitiba. E esses, seguem protagonizando espetáculos midiáticos
grotescos com intuito de produzir matérias jornalísticas para induzir a opinião
pública, e que a grande mídia faz questão de alardear alimentando a
vaidade dos mesmos.
– Vimos um STF ora apático quanto
ao verdadeiro exercício da Justiça, ora agindo por conveniência, mas que
na maioria das vezes foi omisso e/ou complacente nas decisões que contrariam a lei e a ordem
constitucional, dando margem à insegurança jurídica.
– Vimos que a maioria dos deputados federais que salvaram o
Temer e dos senadores que salvaram o Aécio, são os mesmos que derrubaram a
Dilma em nome da moral e da ética.
– Vimos a continuação de um governo ilegítimo, mergulhando ainda
mais o país nesse caos político interminável e nessa desordem institucional, e assim, nossas instituições vão ruindo, o país vai se desagregando e
a sociedade se dividindo.
– Vimos o silêncio dos panelaços, dos buzinaços e dos apitaços,
que outrora se diziam soar como forma de
protestos “anticorrupção”.
– Vimos o sumiço das ruas, daqueles "patriotas" com
seus trajes típicos padrão CBF e daqueles jovens líderes de movimentos ditos
apartidários (Movimento Brasil Livre - MBL, Vem Pra Rua, Revoltados Online),
que em defesa de um "futuro para nossos filhos e netos" ou do
discurso de um "Brasil limpo e livre dos corruptos", e todo aquele
blá blá blá, viviam em manifestações esbravejando "indignados" contra
a corrupção no país.
– Vimos a hipocrisia, o falso moralismo e o oportunismo de
ocasião com muita frequência.
– Vimos a propagação do discurso do ódio e da intolerância
ganhando força.
– Vimos um bando de reacionários, principalmente, nas redes sociais,
pedindo intervenção militar.
– Vimos ainda: Que o Estado do Pará, (des)governado a quase 8
anos pelo Jatene (PSDB), continua entre os piores Estados da federação em
indicadores de educação, de saneamento básico e de segurança pública. Que o Pará tem o terceiro maior índice no país em assassinatos de jovens negros, segundo estudo da Unesco. Que o Pará lidera o ranking nacional de assassinatos no campo. Que apesar de 2017 não ser
um ano de eleição, a maioria dos paraenses não sabe mesmo votar, pois elege
políticos como o Jatene, Wladimir Costa (SD), Beto Salame (PP), Elcione (PMDB),
Francisco Chapadinha (PTN), Hélio Leite (DEM), José Priante (PMDB), Josué
Bengtson (PTB), Júlia Marinho (PSC), Lúcio Vale (PR), Nilson Pinto (PSDB),
Simone Morgado (PMDB), e entre outros.
Pois é, vimos de tudo acontecendo em 2017.
Enfim, que tudo sirva de aprendizado, para que o povo assuma de
vez o protagonismo do momento e não permita que seja interrompido um
projeto mais amplo de soberania e de nação que vinha sendo
construído. Que sirva também para afirmar o quanto devemos aos que
enfrentaram e resistiram bravamente ao golpe de 64, para que tivéssemos a tão
sonhada democracia, que hoje agoniza. Essa é a nossa vez, e só nos cabe lutar.
Aliás, já passou da hora de tomarmos uma atitude drástica contra essa corja de
golpistas, que investe o tempo
todo contra a democracia e contra o povo.
Em face dos acontecimentos de 2017, temos o dever enquanto
cidadãos de lutar por dias melhores. E quem ainda não despertou para isso deve
se despertar. É certo que ainda há uma parcela despolitizada e mal informada da
população, que não se deu conta de que tudo isso é resultante do golpe
de 2016, mas também nos cabe a tarefa de alertar essas pessoas.
2018 será um ano decisivo na vida política e nos rumos do país.
Que venhamos a nos unir às forças
democráticas e populares, que lutam em prol dos direitos do povo e da
justiça social. Que possamos votar com consciência, e escolher projetos de
políticas públicas progressivas e voltados para a recuperação da nossa
democracia.
Estejamos atentos a tudo, e que esse "tudo" nos
incomode, nos provoque, nos desperte e nos incentive à participação popular. Que ao menor sinal de tentativas
golpistas que resultem em retrocessos, não fiquem só no descontentamento e na indignação, mas que
sejam dadas respostas imediatas com intensas reações massivas pelos quatro
cantos do país. Não devemos dar trégua alguma ao governo ilegítimo e seu
consórcio golpista. Que em 2018, nosso engajamento nos
movimentos sociais e frentes populares, seja
permanente e sem descanso. E que os golpistas nos aguardem!
E quanto as muitas outras lições que se pode tirar de 2017, deixo por sua conta caro(a) leitor(a), mediante uma profunda reflexão!