"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.
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sábado, 30 de dezembro de 2017

Desejo o que há de melhor para você em 2018!

Eu te desejo o que há de melhor para 2018: os melhores momentos; as melhores companhias; os melhores sorrisos; as melhores emoções; as melhores energias; os melhores sonhos; as melhores respostas; as melhores oportunidades; as melhores inspirações; as melhores ideias; os melhores projetos; os melhores negócios; as melhores decisões; as melhores ações; as melhores realizações; as melhores coisas da vida; e acima de tudo, o melhor de Deus para sua vida e de sua família.

Isso mesmo, eu te desejo só o que há de melhor no âmbito familiar, sentimental, financeiro, intelectual, profissional, físico e espiritual, enfim, nas áreas essenciais de sua vida.

É o que eu posso te desejar de melhor para 2018, caro(a) amigo(a) leitor(a). E estarei na torcida, para que o ano vindouro, seja um dos melhores anos da sua vida.

Feliz Ano Novo! 

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O retrato do Brasil em 2017, resumido genialmente em charges e cartuns.

Por Mário

Por Paulo Batista


Por Henfil
Por Duke

Por Vitor Teixeira

Por Bira Dantas

Por Jean Galvão

Por Ademir Almeida


Por Renato Aroeira


Por Pataxó

Por Mariano
Por Lila Cruz
Por Jota Camelo

Por Latuff

Fonte: Cartunistas Contra o Golpe e Jornalistas Livres

ESTUPROMANÍACOS

Por Leandro Fortes
Texto publicado em sua página no Facebook. 
Há algo de extremamente doentio na relação da extrema direita com o crime de estupro, embora isso não seja, exatamente, uma novidade.
Na horripilante alegoria do fascismo feita pelo cineasta Paolo Pasolini, em 1975, “Saló ou 120 dias de Sodoma”, um grupo de jovens, homens e mulheres, é sequestrado por militares fascistas para ser brutalizado e submetido a todo tipo de sevícia sexual.
No filme, as cenas de sadismo, escatologia e tortura são o pano de fundo para as sequências de estupro, um instrumento de dominação presente em todas as masmorras de governos autoritários, uma arma de guerra de todos os exércitos – um método de terror que nunca se perdeu no tempo.
No Brasil, o uso do estupro para aterrorizar e torturar presos políticos, sobretudo as mulheres, tornou-se um legado patológico da ditadura militar transformado em um incontrolável desejo sexual pelos psicopatas de direita. Ora pensado como instrumento de vingança, ora como punição necessária aos que não rezam pela cartilha fascista.
As poucas pessoas que conheço adeptas do pensamento fascista, além das muitas que percebo por meio das redes sociais, veem no estupro de presos (políticos ou não) uma ação quase que necessária, única forma de tornar exemplar uma punição baseada somente em sentenças de prisão.
Dessa forma, para essas pessoas, não basta que Lula seja preso, é preciso que, uma vez na cadeia, ele (e todos os petistas, comunistas, ateus, abortistas, gays) também sofra sevícias sexuais severas, exemplares. Uma patologia morbidamente freudiana imaginada como dor e punição para o outro, mas como óbvia fonte de prazer doentio para quem a deseja.
Jair Bolsonaro, processado no Supremo Tribunal Federal por incitação ao estupro da deputada Maria do Rosário (PT-RS), reúne em si e em torno de seus seguidores todas as variáveis dessa patologia.
Ao votar pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Bolsonaro fez questão de homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, a besta fera que torturava presos políticos no DOI-CODI de São Paulo, nos anos 1970.
Lá, Ustra colocava ratos nas vaginas de mulheres e organizava sessões de estupros para aterrorizá-las. Ato contínuo, colocava as próprias filhas para brincar com as presas recém-seviciadas, como denunciou, no histórico artigo “Brinquedo macabro”, o jornalista Moacyr Oliveira Filho, o Moa.
Ustra era um demente monstruoso.
Por essa razão, não deixa de ser coerente que os admiradores de Jair Bolsonaro (e, por extensão, de Brilhante Ustra), hidrófobos alimentados por uma ração permanente de ódio, ignorância e intolerância, infestem as redes sociais para comemorar o assalto sofrido por Maria do Rosário. E, mais ainda, demonstrar imenso descontentamento por ela não ter sido estuprada.
Trata-se de uma matilha adestrada pela narrativa que relaciona Direitos Humanos à defesa de bandidos. Uma deformação de pensamento que, infelizmente, revela a precariedade da educação básica brasileira, principalmente nessa classe média iletrada e reacionária que, hoje, sustenta a candidatura de um idiota que comemora um assalto e torce pelo estupro de uma mulher.

A FALÁCIA DA FLEXIBILIZAÇÃO

Por Ulysses Ferraz
Texto publicado em sua página no Facebook. 

Em tempos de neoliberalismo autoritário, flexibilização é eufemismo para violação de direitos fundamentais e destruição das redes de proteção social. A alegação de que uma flexibilização na legislação trabalhista beneficiaria a geração de empregos nunca se confirmou empiricamente. É semelhante ao argumento de que a redução de impostos estimularia o investimento privado e, portanto, aumentaria a arrecadação. Em ambos os casos, o que ocorre na prática é o aumento da taxa de lucro das grandes empresas, sem nenhuma contrapartida para a sociedade. O bem individual (para alguns poucos) aumenta. O bem comum diminui. Mas os jornalões e seus analistas econômicos de estimação insistem em sofismar. Falam em avanço rumo à modernidade. Mais empregos e melhores salários. Só se for para os altos executivos das grandes corporações, cujos bônus e gratificações aumentam quando os custos trabalhistas diminuem. Para os trabalhadores, contudo, o avanço será na precarização das condições de trabalho, cada vez mais fragilizadas. Retrocesso para as conquistas trabalhistas, cujas lutas remontam aos primórdios da primeira Revolução Industrial. Portanto, avanço do retrocesso. Como ensina o economista Ha-Joon Chang, "quando participar de uma discussão sobre economia, você deve fazer a velha pergunta: 'Cui bono?' (A quem isso beneficia?), tornada célebre pelo estadista e orador romano Marco Túlio Cícero". É fácil identificar quem será beneficiado com essa tal "modernização".

O desmanche da ciência e tecnologia como passo para a recolonização do Brasil

"A inércia da maioria dos cientistas brasileiros é particularmente danosa, na medida em que poucos fora dela terão a capacidade de articular o processo de defesa do sistema cientifico nacional".

Uma das marcas, dentre muitas, do governo “de facto” de Michel Temer tem sido o ataque ao sistema nacional de ciência e tecnologia. Esse ataque começou com o desmantelamento do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, passou pelo rebaixamento dos principais órgãos de fomento da ciência brasileira (i.e., CNPq e CAPES) que foram colocados literalmente no porão do ministério comandado por Gilberto Kassab, e chegou até as universidades federais onde foi imposta uma forte asfixia financeira. 

O ataque feito por Michel Temer ao sistema de ciência e tecnologia nacional foi justificado, como de costume, pela necessidade de se conter o déficit público. Essa justificativa teve como base o discurso surrado de que o controle do déficit é uma condição básica para que o Brasil volte a experimentar níveis aceitáveis de crescimento econômico.

O hoje infame relatório do Banco Mundial intitulado “Um Ajuste Justo – Análise da Eficiência e Equidade do Gasto Público no Brasil” serviu como um verniz adicional para o desmanche dos principais centros produtores de pesquisa no Brasil que são as universidades públicas [1]. Nesse relatório, a cobrança de mensalidades foi o aspecto que ganhou maior destaque, mas a mensagem mais importante foi a de que se gasta mal no setor público, a qual abre caminho para os cortes ainda maiores que serão feitos nos investimentos em ciência e tecnologia já em 2018.

Por mais contraditório que o desinvestimento em ciência possa parecer numa fase do capitalismo em que tecnologias de ponta são apresentadas como o principal diferencial na competição intra-capitalista, as ações feitas pelo governo Temer, e ecoado pela maioria dos governos estaduais que agiram para também reduzir os investimentos na área, o movimento que coloca a capacidade cientifica brasileira faz sentido para o que parece ser a aposta macroeconômica da elite capitalista que domina o país.

E qual seria essa aposta macroeconômica e o que ela nos reserva?  Começando pela aposta ela parece estar diretamente associada a uma combinação entre a dependência na renda com a exportação de commodities agrícolas e minerais com um aumento ainda maior da subordinação aos interesses das grandes corporações financeiras que hoje controlam o fluxo de capitais especulativos. Tal aposta nos coloca numa trajetória pró recolonização do Brasil, com o alijamento da maioria da nossa população aos benefícios gerados pelo comportamento da economia, com massas de desempregados e subempregados.

O interessante é que, ainda que este processo esteja claramente delineado e parte dos efeitos já esteja sendo sentido,  a comunidade científica brasileira ainda esteja basicamente silente e se comportando como se a desgraça ainda não estivesse batendo às suas portas. Ainda existem aqueles elementos que percebendo o naufrágio próximo já estejam fazendo suas malas para embarcarem rapidamente para o exterior.  Esse comportamento da comunidade científica brasileira não chega a ser diferente do que tem sido visto em outros segmentos da sociedade brasileira frente ao desmanche do estado pelas políticas ultraneoliberais impostas por Michel Temer. Entretanto, a inércia da maioria dos cientistas brasileiros é particularmente danosa, na medida em que poucos fora dela terão a capacidade de articular o processo de defesa do sistema cientifico nacional.

No meio desse imbróglio todo em que a ciência nacional está posta como um dos alvos preferenciais de desmanche nos próximos anos, a questão que fica é se vamos começar a reagir ou vamos deixar que o ritmo das coisas continue sendo tocado por Michel Temer e por um punhado de governadores que já fizeram todas as suas apostas na recolonização do Brasil.
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Marcos Pedlowski é Professor Associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense em Campos dos Goytacazes, RJ. Bacharel e Mestre em Geografia pela UFRJ e PhD em "Environmental Design and Planning" pela Virginia Tech.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Um ano sofrido, mas que nos deixa importantes lições

Por Manoel Paixão

2017 até poderia ser um ano para o povo brasileiro esquecer, se não fosse as muitas lições que ele nos deixa. Se não fosse também um ano em que muito do que foi alertado em 2016 veio a acontecer, ou seja, reforçou ainda mais a certeza que tínhamos de que foi GOLPE, com a participação de um grande consórcio político-jurídico-midiático e, claro, “com o Supremo, com tudo” – junto e misturado. No entanto, 2017, assim como 2016, é para que seja constantemente lembrado, até que tenhamos verdadeiramente aprendido todas as suas lições.

Fazendo uma breve retrospectiva daquilo que a gente viveu nos últimos meses em nosso país, vimos de tudo acontecer, e até acho que muito do que se sucedeu foi encarado pelo povo brasileiro com certa passividade. Vejamos:

– Vimos a tal "ponte para o futuro" do PMDB nos remeter ao passado.

– Vimos medidas econômicas e impopulares sendo tomadas a torto e a direita pelo governo ilegítimo.

– Vimos conquistas históricas e políticas públicas importantes para o desenvolvimento sustentável do país e a diminuição das desigualdades, sendo aniquiladas.

– Vimos a trama para desmontar a previdência social, com o objetivo de acabar com o direito à aposentadoria do povo, e empurrá-lo para a previdência privada. Tentativas essas que apenas foram adiadas para o próximo ano.

– Vimos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sendo "rasgada" com a aprovação da nova lei trabalhista e direitos sendo destruídos.

– Vimos que o salário mínimo não terá aumento real para 2018, acima da inflação como vinha acontecendo desde 2003, e que a equipe econômica do governo ilegítimo ainda reduziu a sua previsão de reajuste de R$ 969,00 para R$ 965,00.

– Vimos o desemprego crescer de forma assustadora e o país fechar o ano com cerca de 12,7 milhões de pessoas desocupadas.

– Vimos seguidos aumentos “abusivos” nos preços do gás de cozinha, da gasolina e da energia elétrica.

 Vimos o achatamento de programas sociais importantes, como o Bolsa Família, o Fies, o ProUni, o Luz para Todos, o Minha Casa Minha Vida, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e sendo decretado o fim de outros, como o Farmácia Popular, o Mais Médicos e o Ciência Sem Fronteiras.

– Vimos o Brasil de volta ao mapa da fome.

– Vimos o corte de verbas para a educação, a pesquisa, a segurança e a saúde.

– Vimos o anúncio de que o Brasil será posto à venda, dentro de um pacote de privatizações que compreende 57 estatais e bens públicos, entre elas, a Casa da Moeda e a Eletrobrás.

– Vimos que parte do nosso patrimônio e nossas reservas naturais já foram entregues a preço de banana, como o Pré-Sal, por exemplo. 

– Vimos a nossa soberania nacional indo pras cucuias.

– Vimos o governo ilegítimo perdoar dívidas bilionárias de empresários, enquanto ferrava com a população.

– Vimos a tentativa nefasta do presidente ilegítimo de dificultar a fiscalização de trabalho análogo à escravidão, para agradar a bancada ruralista e se livrar da perda de mandato no Congresso.

– Vimos em outra tentativa nefasta, o presidente ilegítimo liberando a toque de caixa, a exploração da reserva de cobre na Amazônia, a Renca. Pressionado pela opinião pública suspendeu o decreto e depois o revogou.

– Vimos o combate a corrupção desmoronar.

– Vimos o novo diretor-geral da Polícia Federal dizendo que mala de dinheiro para pagamento de propina não é prova suficiente de corrupção.

– Vimos senador tucano megadelatado em esquemas de corrupção, que inclusive disse que é capaz de matar possível delator, nesse caso o próprio primo, antes mesmo dele fazer delação, se safar de denúncias e se manter ileso no seu cargo, apesar de gravações de diálogos e de imagens de malas de dinheiro de propina.

– Vimos que um juiz pode condenar alguém sem provas, com base apenas em convicções.

– Vimos um show de trapalhadas da Procuradoria-Geral da República (PGR), e principalmente, do então procurador-chefe, no episódio da delação dos irmãos Batistas.

– Vimos ainda mais exacerbada a busca de projeção pessoal de um juiz federal e de procuradores do Ministério Público Federal (MPF), integrantes da força tarefa da Lava Jato, na República de Curitiba. E esses, seguem protagonizando espetáculos midiáticos grotescos com intuito de produzir matérias jornalísticas para induzir a opinião pública, e que a grande mídia faz questão de alardear alimentando a vaidade dos mesmos.

– Vimos um STF ora apático quanto ao verdadeiro exercício da Justiça, ora agindo por conveniência, mas que na maioria das vezes foi omisso e/ou complacente nas decisões que contrariam a lei e a ordem constitucional, dando margem à insegurança jurídica.

– Vimos que a maioria dos deputados federais que salvaram o Temer e dos senadores que salvaram o Aécio, são os mesmos que derrubaram a Dilma em nome da moral e da ética.

– Vimos a continuação de um governo ilegítimo, mergulhando ainda mais o país nesse caos político interminável e nessa desordem institucional, e assim, nossas instituições vão ruindo, o país vai se desagregando e a sociedade se dividindo.

– Vimos o silêncio dos panelaços, dos buzinaços e dos apitaços, que outrora se diziam soar como forma de protestos “anticorrupção”.

– Vimos o sumiço das ruas, daqueles "patriotas" com seus trajes típicos padrão CBF e daqueles jovens líderes de movimentos ditos apartidários (Movimento Brasil Livre - MBL, Vem Pra Rua, Revoltados Online), que em defesa de um "futuro para nossos filhos e netos" ou do discurso de um "Brasil limpo e livre dos corruptos", e todo aquele blá blá blá, viviam em manifestações esbravejando "indignados" contra a corrupção no país.

– Vimos a hipocrisia, o falso moralismo e o oportunismo de ocasião com muita frequência.

– Vimos a propagação do discurso do ódio e da intolerância ganhando força.

– Vimos um bando de reacionários, principalmente, nas redes sociais, pedindo intervenção militar.

– Vimos ainda: Que o Estado do Pará, (des)governado a quase 8 anos pelo Jatene (PSDB), continua entre os piores Estados da federação em indicadores de educação, de saneamento básico e de segurança pública. Que o Pará tem o terceiro maior índice no país em assassinatos de jovens negros, segundo estudo da Unesco. Que o Pará lidera o ranking nacional de assassinatos no campo. Que apesar de 2017 não ser um ano de eleição, a maioria dos paraenses não sabe mesmo votar, pois elege políticos como o Jatene, Wladimir Costa (SD), Beto Salame (PP), Elcione (PMDB), Francisco Chapadinha (PTN), Hélio Leite (DEM), José Priante (PMDB), Josué Bengtson (PTB), Júlia Marinho (PSC), Lúcio Vale (PR), Nilson Pinto (PSDB), Simone Morgado (PMDB), e entre outros.

Pois é, vimos de tudo acontecendo em 2017.

Enfim, que tudo sirva de aprendizado, para que o povo assuma de vez o protagonismo do momento e não permita que seja interrompido um projeto mais amplo de soberania e de nação que vinha sendo construído. Que sirva também para afirmar o quanto devemos aos que enfrentaram e resistiram bravamente ao golpe de 64, para que tivéssemos a tão sonhada democracia, que hoje agoniza. Essa é a nossa vez, e só nos cabe lutar. Aliás, já passou da hora de tomarmos uma atitude drástica contra essa corja de golpistas, que investe o tempo todo contra a democracia e contra o povo.

Em face dos acontecimentos de 2017, temos o dever enquanto cidadãos de lutar por dias melhores. E quem ainda não despertou para isso deve se despertar. É certo que ainda há uma parcela despolitizada e mal informada da população, que não se deu conta de que tudo isso é resultante do golpe de 2016, mas também nos cabe a tarefa de alertar essas pessoas.

2018 será um ano decisivo na vida política e nos rumos do país. Que venhamos a nos unir às forças democráticas e populares, que lutam em prol dos direitos do povo e da justiça social. Que possamos votar com consciência, e escolher projetos de políticas públicas progressivas e voltados para a recuperação da nossa democracia.

Estejamos atentos a tudo, e que esse "tudo" nos incomode, nos provoque, nos desperte e nos incentive à participação popular. Que ao menor sinal de tentativas golpistas que resultem em retrocessos, não fiquem só no descontentamento e na indignação, mas que sejam dadas respostas imediatas com intensas reações massivas pelos quatro cantos do país. Não devemos dar trégua alguma ao governo ilegítimo e seu consórcio golpista. Que em 2018, nosso engajamento nos movimentos sociais e frentes populares, seja permanente e sem descanso. E que os golpistas nos aguardem!

E quanto as muitas outras lições que se pode tirar de 2017, deixo por sua conta caro(a) leitor(a), mediante uma profunda reflexão!

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Alerta: Uso inadequado de medicamentos lidera casos de intoxicações no país, segundo levantamento da Unicamp

Tomar remédio descontroladamente pode causar intoxicação - Foto: Divulgação
O uso de medicamentos responde pela maioria dos casos de intoxicação, de acordo com um levantamento feito a partir dos atendimentos no Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) da Unicamp, em Campinas (SP), que é referência no Brasil.

O consumo de remédios corresponde a 33,62% das ocorrências, mais que o dobro, por exemplo, dos atendimentos por picadas de animais peçonhentos e consumo de produtos químicos.

As principais vítimas são crianças e idosos; e medicações populares, como antitérmicos, estão entre as substâncias responsáveis pelas ocorrências.

O estudo foi feito com base nos 5.420 atendimentos realizados no Ciatox em 2017, sendo 1.822 só relacionados à ingestão de remédios. Consultas ao centro podem ser feitas, inclusive, pelo telefone (19) 3521-7555.

Outras quatro causas de intoxicação foram apontadas pelo Ciatox: animais peçonhentos/venenosos, produtos domissanitários (detergentes, alvejantes, removedores e afins), produtos químicos residenciais ou industriais e animais não peçonhentos/não venenosos. Veja no gráfico, abaixo:

Cinco principais causas de intoxicação:

Medicamentos: 33,62 %

Animais peçonhentos/venenosos: 16,22 %

Produtos domissanitários: 14,08 %

Produtos químicos residenciais ou industriais: 6,13 %

Animais não peçonhentos/não venenosos: 6,09 %

Outros: 23,86 %

Remédios que merecem atenção

Ronan José Vieira, um dos fundadores do Ciatox, ressalta que as intoxicações por medicamento predominam em todo o mundo. Ele destaca o uso de anticonvulsivantes, drogas de efeito no sistema nervoso central, ansiolíticos e drogas para melhorar o estado de humor, mas também alerta para remédios mais populares.

"Anti-inflamatórios, medicamentos para dor, hipnóticos provocam intoxicações, e também os antitérmicos, que podem dar intoxicação", afirma Vieira.

Vieira afirma, ainda, que a automedicação é uma das preocupações, assim como as tentativas de suicídio, por conta das superdosagens.

"As [intoxicações] de automedicação têm conveniências, efeitos e interação com outros medicamentos. Se ele, às vezes, dá problema mesmo receitado criteriosamente, usando amadoristicamente é muito mais comum haver problema mais grave e mais frequente", explica.

Além disso, ele alerta que a automedicação mascara os sintomas e dificulta o diagnóstico correto.

A psiquiatra e neurologista Silvia Stahlmerlin explica que, no caso da automedicação, os efeitos podem ocorrer aos poucos.

"Normalmente começa com alguma confusão mental, a pessoa fica mais lentificada, começa a falar coisas sem sentido, alterações da pupila, fica pequena ou grande, a pressão cai ou aumenta demais, sudorese, calafrio, mal estar e, às vezes, diarreia e vômito", ressalta a médica.

Crianças e idosos

Segundo o fundador do Ciatox, as crianças são vulneráveis à intoxicação de medicamentos por ingestão acidental, principalmente no período de férias, pois a criança tende a ter mais tempo em casa para procurar e ter acesso às substâncias.

No caso dos idosos, Vieira afirma que muitas vezes a ingestão também ocorre acidentalmente, pois, além de usarem muitos remédios, têm o hábito de tomá-los à noite e podem consumir de forma errada.

"De maneira geral, o medicamento não deve ficar disponível a crianças. Não é só colocar [no] alto porque ela é capaz de procurar. É preciso ficar de fato trancado, em local não acessível", alerta.

Ele também orienta que as pessoas evitem guardar medicamentos que não foram utilizados completamente, até por perderem a validade e o paciente pode não perceber. "A disponibilidade estimula o uso inadequado".

Dobro da dose

Em Campinas, a mãe de uma criança autista acabou dando o dobro da dose de um calmante recomendada ao filho. Ela se confundiu após o médico mudar a dosagem.

"Ele ficou dopado. Ficou parado sem reação, bem dopado mesmo. Eu comecei a achar estranho o comportamento, porque ele estava muito quieto. O médico falou que, nesses casos, como a dosagem foi muito alta, acabou tendo reação", conta a dona de casa Luana Santini.

Corrupção no Exército? Procuradoria denuncia esquema de militares


'Três coronéis da reserva, um coronel e dois majores da ativa são acusados de integrar esquema que desviou 150 milhões de reais'
O esquema é integrado por oficiais que comandavam o Centro de Engenharia de Transportes
É comum cidadãos e ativistas de extrema direita defenderem uma intervenção militar como solução para o Brasil, sob o argumento de que a corrupção não viceja nas Forças Armadas. Uma denúncia da Procuradoria da Justiça Militar no Rio de Janeiro mostra, porém, que a disciplina militar está longe de ser infalível.
Segundo os procuradores, 11 cidadãos, sendo três coronéis da reserva, um coronel e dois majores da ativa, além de cinco civis, envolveram-se em fraudes de dispensa de licitações em contratos celebrados entre o Departamento de Engenharia e Construção (DEC) e fundações privadas coordenadas pelo Centro de Execelência em Engenharia de Transportes (Centran).
De acordo com a denúncia da Procuradoria, as fraudes em licitações causaram um prejuízo de 150 milhões de reais aos cofres públicos entre 2005 e 2010. Não há indícios de envolvimento de algum oficial-general nos crimes.
Leia também:

O Superior Tribunal Militar tem de decidir se aceita a denúncia. As acusações contra militares tem que ser processadas pela Procuradoria-Geral da Justiça Militar.
Segundo os procuradores, o envolvidos no esquema "acreditavam estar isentos de qualquer suspeita". A Procuradoria não menciona os nomes dos envolvidos, mas menciona patentes e cargos. 

De acordo com a denúncia, há três grupos envolvidos nas fraudes: um formado por oficiais coordenadores do Centran, outro composto por sócios de empresas de fachada, e um último integrado por oficiais e civis de fundações que prestam apoio ao Exército. 

Dois dos militares denunciados, um coronel da reserva e um major, são o supervisor executivo e o supervisor administrativo de contratos celebrados pelo Centran. Eles foram afastados da direção do centro em 2009 diante da suspeita de irregularidades. 

Segundo a denúncia, o grupo de empresários utilizava parentes e amigos como laranjas para administrarem empresas que participaram de licitações relacionados às atividades do Exército. Eles teriam emitido notas fiscais e contratos falsos. 

A Procuradoria afirma que o DEC, coordenado pelo Centran, celebrou 29 contratos com fundações "que não tinham capacidade técnica para prestar assessoramento em consultoria de transportes". 

A denúncia afirma que o major do Centran, à época capitão, tinha vencimento bruto anual inferior a 105 mil reais, porém sua movimentação bancária chegou a 1,1 milhão de reais em 2006. De acordo com os procuradores, o major e o coronel citados movimentaram mais de 3 milhões de reais em suas contas bancárias.

A troca da dupla do Centran em 2009 não encerrou o esquema. Segundo a Procuradoria, outros dois militares que substituíram os coordenadores do Centran, um tenente e um major, "deram continuidades às práticas delituosas."