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sábado, 22 de agosto de 2020
Indignação contra a boçalidade de grupos da população brasileira. Por Leonardo Boff
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
MPF abre investigação por uso de avião da FAB para transportar garimpeiros até Brasília
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
Coluna Econômica: conselhos ao jovem jornalista econômico. Por Luis Nassif
Opinar sobre privatização exige conhecimento amplo, da estrutura de funcionamento da economia, da identificação dos setores chaves, os essenciais não atendidos pela iniciativa privada, que não comportam monopólio privado
Por Luis Nassif | GGN
Periodicamente o jornalismo se torna vítima de determinados bordões.
Hoje em dia, este risco se tornou maior, pelo opinionismo desenfreado decorrente das redes sociais e do jornalismo televisivo atual, com profusão de comentaristas, âncoras, dos quais se exige opinião formada sobre todos os temas.
Como todo fato exige um comentário, vão se cristalizando os bordões, o efeito manada, o uso de afirmações recorrentes, a maioria em cima do senso comum mais raso.
Nessa balbúrdia informacional, há aqueles jovens jornalistas que pretendem se distinguir, não ser apenas o repórter-massa alinhado apenas com o bordão do dia.
Os conselhos vão para essa minoria.
1. Afirmar que tudo o que beneficia o cidadão é populismo político é desconhecer os fundamentos da democracia.
Esse é um dos piores bordões do momento. Qualquer tipo de gasto que possa reverter, ainda que minimamente, aos cidadãos, imediatamente é classificado de “populismo”, de “interesse eleitoreiro”.
Vamos a um pequeno jogo lógico:
* A função principal do Estado é levar o bem estar à população, garantir alimentação, saúde, educação, redução de desigualdades.
* A maneira de medir a atuação do Estado é através do orçamento.
* Em uma democracia representativa, há uma enorme influência de grupos políticos e econômicos sobre o orçamento.
* A única arma do cidadão para ser beneficiado pelos gastos públicos é através das eleições. É com as eleições que se consegue mais atenção à saúde, educação, obras públicas.
* O mérito de um Estado se analisa pela forma como gasta o orçamento, não pela economia que faz.
Quando o político planeja gastos públicos, ele está atendendo à pressão dos chamados interesses do seus eleitores. E quando aumenta o orçamento para educação, saúde, está atendendo aos interesses difusos da sociedade. É da própria essência da democracia. Tratando todo gasto público como politiqueiro ou ilegítimo, significa deslegitimar o próprio exercício da democracia.
Portanto, o papel do bom jornalismo é separar os gastos legítimos dos gastos ilegítimos, jamais o de criminalizar os gastos públicos ou de jogar todos os gastos no mesmo balaio.
2. Todo gasto público é desperdício
Essa generalização é de um primarismo desmoralizante, a chamada lógica da dona de casa. O papel do Estado é gastar os recursos que arrecada através dos impostos. O papel do jornalista sério é analisar a natureza do gasto, sua maior ou menor eficiência.
Além disso, há uma enorme teoria econômica consolidada, sobre o papel do investimento público na reativação da economia e na geração de emprego. Pode haver um questionamento em relação ao nível ou à qualidade do investimento. A generalização do investimento público é o maior atestado de ignorância que um jornalista pode apresentar.
3. Toda privatização é virtuosa ou toda estatização é benéfica
Uma economia não pode ser binária. Há setores em que estatais são essenciais; em outros, o setor privado responde melhor. Opinar sobre privatização exige do jornalista conhecimento muito amplo, da estrutura de funcionamento da economia, da identificação dos setores chaves, os setores essenciais não atendidos pela iniciativa privada, os setores que não comportam monopólio privado.
Por exemplo, o financiamento de longo prazo nem sempre atrai o financiador privado pela falta de funding de longo prazo e pelo baixo retorno do investimento. Daí a necessidade de bancos de desenvolvimento públicos.
Energia é setor essencial. Hoje em dia, o que segura o baixo custo da energia é a Eletrobras, controlando usinas hidrelétricas já amortizadas e fornecendo energia contratada para distribuidoras. Privatizada, os contratos serão substituídos pela venda de energia no mercado aberto, impactando o custo da energia para todos os consumidores. Então, é uma empresa essencial.
Pesquisas em saúde são essenciais, conforme a pandemia demonstrou. Há a necessidade de investimento em pesquisa, sem se pensar em retorno de curto prazo. O papel dos institutos públicos, como Fiocruz, Farmanguinhos, Butantã, é essencial, assim como os fundos públicos de financiamento da pesquisa, como as Fundações de Amparo à Pesquisa e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Não se trata de uma exigência de país emergente, mas um padrão de país desenvolvido.
Do mesmo modo, financiamento de agricultura familiar, de pequena e micro empresas, programas como Luz Para Todos, essenciais para o desenvolvimento do país, não são atraentes para o setor privado, exigindo a intervenção pública.
4. Gastar menos não é necessariamente indicativo de eficiência fiscal
Uma empresa privada visa o lucro. Mas se se guiar exclusivamente palor resultados de curto prazo, arrisca-se a comprometer seu futuro, deixando de lado produtos e planos estratégicos que só maturam no médio prazo.
O produto principal do serviço público é a entrega de serviços. Na educação, entregar vagas escolares e bom aprendizado; na saúde, garantir universalização do atendimento. E assim por diante. Essa é a métrica principal: quanto entrega à população em cada área.
Em cima disso, entra a segunda métrica: os recursos investidos em cada entrega, para fazer mais com o mesmo ou mais com mais.
Com as carências sociais do país, uma das maiores iniquidades é punir o gestor eficiente cortando seus recursos. É o que acontece com as Universidades, por exemplo. Se um gestor consegue economizar em determinado setor, no ano seguinte seu orçamento será cortado, para manter o mesmo gastos do ano anterior.
Gestor eficiente é o que faz mais com menos. E, mostrando eficiência, tem que ser premiado com mais recursos, sabendo que resultarão em mais serviços à população.
5. Há excesso de Estado no país
É uma afirmação chocante. Como se falar em excesso de Estado, se não chega nas periferias das cidades, no campo, nas favelas, nas populações mais humildes, justamente as que necessitam de Estado? É tão ridícula a afirmação quanto a de colocar todo funcionário público na condição de privilegiado.
Há uma discussão muito mais complexa e sofisticada entre áreas fim – aqueles que prestam serviços diretamente à população – e áreas meio. E entre as diferenças abissais de salários do funcionalismo, especialmente de categorias influentes, como Judiciário e alta tecnocracia pública.
Não analisar separadamente cada caso é terraplanismo econômico.
6. As Organizações Sociais são mais eficientes que o serviço público direto
Identificam-se contratos mal feitos pelo serviço público direto e apresenta-se como alternativa a Organização Social usando métodos de gestão do setor privado. No caso das OSs, ela é responsável por todos os contratos firmados. Sem indicadores corretos de avaliação dos serviços, tenderá a superfaturar os contratos ou reduzir a qualidade dos serviços para maximizar o lucro.
Não se pode falar em privatização de serviços públicos sem garantir uma regulação e uma fiscalização adequadas. Portanto, maior ou menor eficácia e lisura não depende da natureza do serviço, mas das formas de controle social.
7. A carga fiscal brasileira é alta
Alta em relação a quê? A tendência é comparar com outros países latino-americanos. Como 7a ou 8a economia do mundo, a comparação relevante é com economias do mesmo tamanho, Analisar a carga tributária como um todo esconde um engano que compromete o analista. A carga tributária é composta por impostos indiretos (que incidem sobre consumo), impostos que incidem sobre salários e impostos diretos (que incidem sobre a renda). Em estudos recentes, se mostrou que o Brasil é um dos países com maior carga de impostos sobre consumo (afetando pobres muito mais do que ricos) e dos últimos em tributação sobre ganhos de capital.
Colocar todos os tributos no mesmo balaio é tarraplanice.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
MPs são contra aulas presenciais
domingo, 16 de agosto de 2020
Palocci contou mentiras e embolsou R$ 30 milhões para incriminar Lula, mas ele não agiu sozinho. Por Joaquim de Carvalho
Quem negociou delação e tomou os depoimentos foi a Polícia Federal em Curitiba — braço da Lava Jato. E quem homologou foi o amigo de Moro no TRF-4, João Pedro Gebran Neto.
Por Joaquim de Carvalho | DCM
Antonio Palocci não vale nada, já se sabia, mas é preciso também verificar a responsabilidade dos policiais federais e do desembargador João Pedro Gebran Neto, do TRF-4, na fraude que foi a delação do ex-ministro.
Durante mais de dois anos, Palocci se ofereceu a Moro para delatar. Ameaçou entregar a Globo e bancos, em depoimento que tratou de outro assunto.
Até a força-tarefa de Curitiba rejeitou, talvez em uma estratégia que só se compreenderia mais tarde: terceirizar a responsabilidade.
Na época, em chat privado, a procuradora Laura Tessler chegou a comentou sobre a farsa, como se saberia pela Vaza Jato.
“Não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele”, afirmou.
“O melhor é que (Palocci) fala até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja”, acrescentou Antônio Carlos Welter.
Moro também achava a delação fraca, segundo as conversas do chat que se tornariam públicas.
Mesmo assim, divulgou um dos anexos da delação quando faltava uma semana para o primeiro turno das eleições de 2018.
Quem negociou delação e tomou os depoimentos foi a Polícia Federal em Curitiba — braço da Lava Jato. E quem homologou foi o amigo de Moro no TRF-4, João Pedro Gebran Neto.
Com o acordo, Palocci deixou a cadeia, com 30 milhões de reais lavados pela Justiça, já que esse dinheiro se encontrava bloqueado por ser resultado dos crimes que o próprio ex-ministro cometeu.
Em reportagem publicada hoje, com base no relatório da PF para investigar denúncias apresentadas na delação sobre vazamento de informação privilegiada do Banco Central, o Conjur informa os únicos delitos comprovados até agora “foram praticados pelo próprio Palocci”.
Ele “falsificou agendas de compromissos e contratos para dar ares de veracidade ao que disse”, registra.
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, não tem dúvida de que a delação atendeu a interesse político.
“Sempre dissemos que a delação de Palocci era um instrumento da Lava Jato para praticar lawfare contra o ex-presidente Lula. Na semana passada o Supremo Tribunal Federal acolheu um dos recursos que levamos à Corte para reconhecer que Moro agiu de forma ilegal e com viés político ao anexar, de ofício, essa delação ao processo de Lula seis dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. Agora a Polícia Federal concluiu que a mesma delação é um nada. Isso reforça que sempre estivemos na direção certa e que Moro e a Lava Jato praticaram intenso lawfare para tentar aniquilar Lula e para isso colocaram o país numa situação terrível”, afirmou.
Com fortuna legalizada, Palocci aplicou um golpe, mas se engana quem imagina que a Justiça foi vítima.
Como mostram os diálogos da Vaza Jato, só acreditou nele quem quis ou quem também viu algum benefício nas mentiras que Palocci contava.
Benefícios não para o sistema de justiça, mas para se encaixar em jogo político ou algo ainda mais imoral do que isso.
Se não forem responsabilizados — e é difícil que seja, já que a delação é como um contrato e, portanto, se caracteriza como ato jurídico perfeito –, os responsáveis pela delação de Palocci devem ser expostos à execração pública.
São cúmplices.
Fonte: Publicado no Diário do Centro do Mundo - DCM
Eita realidade... Por Régis Barros
terça-feira, 11 de agosto de 2020
O Brasil é um caso singular de fracasso no combate à pandemia. Por Esther Dweck
Por que não conseguimos evitar o caos social, sanitário e econômico?
Por Esther Dweck | Artigo - CartaCapital
Em janeiro de 2020, um novo vírus com alto grau de contágio e cuja doença decorrente poderia levar a óbito entrou definitivamente no radar mundial. Ao decretar amplas medidas de distanciamento social e garantir o direito ao isolamento à população das áreas infectadas, a China conseguiu, agilmente, conter o avanço da contaminação. Com uma população de mais de 1,4 bilhão de habitantes, a China somava 84,3 mil casos e 4,6 mil mortes em 30 de julho de 2020.
O retrato da realidade brasileira é, assustadoramente, diferente, com atuais 470 mortes por milhão de habitantes. Com uma população sete vezes menor que a chinesa, alcançamos, em agosto, a triste marca de 100 mil mortes registradas por Covid-19 e quase 3 milhões de infectados. Quanto à retomada da atividade econômica, também há um claro contraste. A China será um dos únicos países do mundo a apresentar crescimento econômico positivo em 2020, enquanto o Brasil viverá uma contração inédita de 6% a 9% do PIB.
Se a China é a excepcionalidade do sucesso na condução desta crise, a experiência de vizinhos latino-americanos, como Argentina e Paraguai, mostra que o Brasil é um singular fracasso. Uma trajetória semelhante à nossa é a de um país rico, mas que não conta com um sistema público de saúde, os Estados Unidos.
Os primeiros casos no Brasil foram detectados no fim de fevereiro. Tínhamos, assim, o que se costuma chamar na literatura de desenvolvimento econômico a “vantagem do atraso”. Pudemos assistir à forma como a epidemia atingiu China, Itália e Espanha e aprender com seus erros e acertos. Outra vantagem do Brasil é sua ampla rede de saúde pública, com informações detalhadas da propagação do vírus, o que nos permitiria planejar uma estratégia nacional de enfrentamento.
Por que não conseguimos evitar o caos social, sanitário e econômico? Por que as mortes diárias de mais de mil brasileiros não mais despertam comoção, enquanto nos chocávamos com as 700 mortes diárias na Itália ou Espanha? Essas perguntas demandam extensa reflexão sobre a sociedade brasileira contemporânea, mas há indícios de possíveis respostas.
O negacionismo e o anti-intelectualismo do presidente da República, mimetizando Donald Trump, e de alguns empresários ajudaram a criar a falsa dicotomia entre economia e medidas sanitárias. Ainda em março, Jair Bolsonaro afirmava que a consequência do desemprego seria muito pior do que o próprio coronavírus, como se as medidas necessárias para conter os dois – o desemprego e a situação sanitária – não fossem consonantes e de sua responsabilidade.
A ausência de coordenação federal, fruto dessa falsa dicotomia, contribuiu de forma decisiva para agravar o problema, pois as medidas para enfrentar o quadro econômico e social e garantir o direito ao isolamento social a toda a população foram lentas e insuficientes e, em geral, só foram aprovadas por forte pressão da sociedade civil.
Prefeitos e governadores, responsáveis diretos pelos serviços de saúde pública, assumiram então a linha de frente no enfrentamento à pandemia e passaram a adotar medidas de isolamento social para evitar o colapso de seus sistemas. O federalismo fiscal brasileiro delega, no entanto, aos entes subnacionais a oferta de diversos serviços públicos sem a garantia de recursos suficientes e de instrumentos para contornar uma forte queda da arrecadação diante da desaceleração econômica. Vale lembrar que é o governo federal que dispõe de tais instrumentos.
As amarras fiscais federais foram afastadas no fim de março, mas a primeira parcela do auxílio emergencial aos trabalhadores informais e à população mais carente só foi paga em 28 de abril, mais de um mês depois das primeiras medidas de isolamento social. Para poder receber o auxílio, muitos beneficiários enfrentaram extensas aglomerações, com risco de contágio.
Após a polêmica MP 927, que inicialmente facilitaria a demissão dos trabalhadores formais, em abril o governo federal criou a possibilidade de acordos de redução de jornada com redução salarial, compensada parcialmente por um valor proporcional do seguro-desemprego, mas sem proibir a demissão. Em maio, 4,4 milhões de trabalhadores formais haviam tido uma redução de 100% de sua jornada e salário e outros 3,5 milhões reduções de 25%, 50% ou 70%. Esses quase 8 milhões de trabalhadores ameaçados se somaram aos 7,7 milhões que perderam suas fontes de renda, 1,9 milhão de ocupações formais e 5,8 milhões de ocupações informais. Para estes últimos não havia proteção nem qualquer custo de demissão, explicitando a desigualdade no mercado de trabalho brasileiro.
O embate político retardou o repasse federal de recursos aos estados e municípios para expansão dos serviços de saúde e para fazer frente à queda de arrecadação. No fim de julho, nem metade dos recursos para saúde anunciados em abril havia sido efetivamente paga e o programa de auxílio aos entes subnacionais só foi aprovado em 27 de maio, com a primeira parcela paga apenas em junho. Além disso, ao restringir a atuação dos bancos públicos federais, as medidas anunciadas de linhas de crédito às empresas mal saíram do papel e não evitaram o fechamento de 39,4% das empresas paralisadas durante a pandemia.
Para além da disponibilização de recursos, o governo federal também se eximiu da adoção de medidas regulatórias importantes, como a possibilidade de fila única na oferta de leitos de UTI, tendo em vista a desigualdade na distribuição de leitos disponíveis ao SUS e os exclusivos da rede privada. Ao mesmo tempo, não coordenou compras centralizadas ou um plano de reconversão industrial para garantir a oferta de equipamentos e insumos básicos para a expansão de leitos, cuja escassez afetou decisivamente a capacidade de atendimento à população.
A inabilidade e lentidão do governo federal brasileiro contrasta com o comando de chefes de Estado de diversos países que responderam, com indispensável agilidade, à crise sanitária e seus efeitos econômicos na tentativa de evitar ou minimizar uma tragédia social ainda maior. Como consequência, majoritariamente, são os grupos mais vulneráveis que perdem suas vidas no país em que a pandemia encontra uma das mais altas taxas de letalidade. Em meio à ascensão de casos e mortes, continuamos à deriva e na contramão das experiências internacionais bem-sucedidas. A economia não se sustenta sem cidadãos e parece não estar a salvo quando poucos possuem, ao cabo, o direito ao isolamento social.
*Professora do Instituto de Economia da UFRJ
sábado, 8 de agosto de 2020
Uma das maiores tragédias da nossa história: cem mil mortos por covid-19 no Brasil
Governo ecocida, por Cristina Serra
Estamos diante de um governo que pode ser qualificado não apenas como genocida, mas também ecocida.
Por Cristina Serra | Artigo - Meio Ambiente
No primeiro ano de monitoramento do desmatamento da Amazônia inteiramente dentro do governo Bolsonaro (o ano de referência vai de agosto a julho do ano seguinte), o aumento da derrubada de mata foi de 34% em relação ao período anterior. Isso é o resultado de uma política permanente de estímulo ao crime ambiental e de incitação a desmatadores de todo tipo: garimpeiros, grileiros, madeireiros.
O ministro da economia, com a truculência verbal de sempre, cobra de governos estrangeiros o que gerações passadas fizeram, quando não se tinha a quantidade de informações científicas de hoje sobre a importância da conservação de ecossistemas. Essa linha de discussão não nos absolve de cumprir a nossa parte nos acordos internacionais, que é, sim, reduzir drasticamente o desmatamento na Amazônia, usina de produção de chuva que beneficia, inclusive, o agronegócio brasileiro, um dos pilares de sustentação deste (des) governo. Na verdade, indo por esse caminho, Paulo Guedes mostra que não quer chegar a lugar algum.
Já o ministro (????) do meio ambiente, Ricardo “Boiada” Salles, faz de conta que não é com ele e sequer se dá ao trabalho de comentar os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e que deverão ser ainda maiores, quando forem divulgados os números consolidados de monitoramento, do sistema Prodes, no fim do ano.
A bola sobra para o vice, Hamilton Mourão, chefe do Conselho da Amazônia, que faz o que todo militar faria: despachou o Exército pra região. Como se tudo se resolvesse na base do coturno. Não está dando resultado e nem dará. Reportagem de Fabiano Maisonnave, na Folha de São Paulo, mostrou que nesta semana o Ministério da Defesa impediu uma operação do Ibama contra o garimpo ilegal na terra indígena dos Munduruku, que certamente resultaria na destruição de equipamentos dos garimpeiros.
Essa atividade tem não só desmatado a floresta, mas poluído o rio Tapajós com mercúrio. Um laudo da Polícia Federal mostra que a poluição já chegou até mesmo nas praias do vilarejo de Alter do Chão, mundialmente conhecido pela beleza do lugar. Há registro de indígenas contaminados na região. Estamos diante de um governo que pode ser qualificado não apenas como genocida, mas também ecocida.
Fonte: Publicado no Blog da Cristina Serra