"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Estou tentando entender essa tal indignação seletiva!

Por Manoel Paixão

Quando integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) vão até Nova Iorque dar apoio a presidenta Dilma, levanta uma série de questionamentos, como por exemplo, "Quem pagou?" e outras coisas do tipo.

Já quando integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre) vão até Nova Iorque protestar contra Dilma, não virá alvo de nenhum questionamento, como do tipo "Quem financiou?". Aliás, não vi esses mesmos críticos se pronunciarem indignados pela presença de integrantes do MBL de maneira irregular na Câmara, no dia da votação do impeachment, inclusive usando crachás de servidores da casa, quando o acesso era extremamente restrito.

Quer dizer que um movimento pode e o outro não?

Vai entender!

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Vale a leitura do texto!

Querem mais o que, hein?

Por Maria Emília da Silva

Na saga, ele foi acusado, investigado, quase sequestrado, grampeado, pressionado, desrespeitado, teve sua vida revirada, escancarada, sua privacidade e de sua família invadida, foi achincalhado, rechaçado, odiado, pré-julgado, previamente condenado, fizeram de tudo, dos meios legais até aos mais excusos, nada conseguiram encontrar, nada que pudesse se sustentar, nada que pudesse provar, na sanha desenfreada tentaram até forjar outras provas infundadas e com base em delações premiadas que nitidamente forçadas sem qualquer comprovação.
À mídia tiveram que recorrer afim de desconstruir sua imagem, ridiculariza-lo, desmoraliza-lo, aniquila-lo em público e politicamente, se sentiram os donos da verdade, emitiram suas opiniões, tão distantes da realidade, revelaram assim suas reais intenções, tentaram criar um monstro, incitaram o ódio e a intolerância nos reacionários de plantão, não surtiu o efeito desejado, não causou a revolta de que esperavam na população.
Durante os últimos meses o que se viu foram seus direitos em violação, em que é alvo de uma força tarefa, que se orgulha do papel a que se presta, dadas as demonstrações de tanta seletividade, nem se fala de parcialidade, nas falácias carregadas de inverdades, com o discurso do combate a corrupção, que só cai no descredito da população, que já vê como perseguição tanto quanto não mais consegue entender, e se pergunta que mais precisam fazer, se várias instituições (Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e até a Justiça Federal) que fazem parte de uma operação, não são capazes de dar uma resposta cabal a nação, nem ao menos uma explicaçao que seja convicente, de que ele cometeu algum crime que justificasse sua prisão ou que seja declarado logo inocente, e não se caracterize de vez em uma farsa essa tal operação, decerto não faz sentido mobilizar quase que um batalhão (agentes policiais, delegados, promotores, procuradores e juízes), que se perdem na vaidade e também na razão.
Mas, ele se manteve o tempo todo firme, íntegro de coração, um valente combatente, que jamais foge à luta diante das provocações, desta forma o quadro mudou, o jogo dos opositores dado como ganho virou, o castelo de areia desmoronou, e por fim, tudo isso o despertou, o gigante acordou e uma nova luta começou.
Agora, não da outra, ainda que saíam para o tudo ou nada e lancem suas últimas cartadas, é Lula de novo com a força do povo!

sábado, 16 de abril de 2016

A HISTÓRIA NÃO PERDOA COVARDES GOLPISTAS E SEMPRE REVELA OS TRAIDORES DA PÁTRIA – EM CASO DE GOLPE HAVERÁ RESISTÊNCIA, A RESISTÊNCIA SACRAMENTADA NA REVOLUÇÃO FRANCESA E RATIFICADA EM TODOS OS TRATADOS DE DIREITO INTERNACIONAL

* Por  Alessandro Martins Prado

Excelentíssimo (a) Senhor (a) Deputado (a)

1) Impeachment sem Crime de Responsabilidade é Golpe de Estado, aliás, é a forma de golpe moderno, classificado doutrinariamente pelos pesquisadores científicos de “Golpe Branco” ou “Golpe Frio”, que é o Golpe de estado com aparência de legítimo, aparência dada pelos Poderes Legislativo ou Judiciário, ou até mesmo, ambos os poderes. No caso em tela, não existe, em absoluto, sequer indício de crime de responsabilidade e, qualquer bom jurista, razoavelmente inteligente e de boa fé, pode demonstrar isso sem qualquer dificuldade;

2) Em 1964 o Golpe de Estado também não era chamado de “Golpe” e, também, seus idealizadores eram os mesmos, tais como, grande imprensa, deputados corruptos, setores conservadores da sociedade brasileira que estavam insatisfeitos com os recentes avanços sociais conquistados;

3) Em 1964 os idealizadores do Golpe também usavam o argumento da “corrupção” e inúmeras falácias e mentiras descaradas, assim como estão fazendo hoje nossos Excelentíssimos Deputados Golpistas, aliás, é bom registrar que mais de 90%, quase 100% dos Deputados que votaram a favor do Golpe na comissão especial do Impeachment estão respondendo por investigações, inquéritos e  alguns até já são réus em inúmeros processos dos mais diversos crimes que vão de crimes eleitorais, crimes de corrupção, até mesmo, suspeitas de assassinatos;

4) Em 1964, também, os idealizadores do Golpe estavam atordoados por perderem sucessivas eleições para candidatos progressistas e, vendo a impossibilidade de vencer dentro das normas democráticas, se lançaram em uma campanha midiática de desestabilização do governo para alcançar o Golpe;

5) Em 1964, assim como hoje, os Deputados Golpistas eram entreguistas, tinham compromissos com a entrega das riquezas nacionais e estavam, em sua maioria, sob denúncias dos mais diversos crimes, inclusive, hoje temos provas, do financiamento externo (muito dinheiro mandado pelo governo dos Estados Unidos da América para financiar suas campanhas eleitorais, para os cargos de Deputados, Senadores e até mesmos Governadores da oposição)para votar contra o governo, ou seja, a história sempre revela a verdade quanto aos traidores corruptos, covardes e golpistas, aliás, são documentos dos próprios EUA, descoberto por pesquisadores daquele país, que provaram os fatos aqui expostos;

6) Em 2016, um candidato a presidente da república, mimado, que nunca teve que lutar para ter um emprego na vida, nomeado em cargos públicos por seus parentes desde os 17 anos ( aliás é bom registrar que seu pai foi um dos golpistas de 1964, razão pela qual se esconde atrás do nome do avô),  inconformado com sua derrota nas urnas, conseguiu, junto com os setores conservadores da sociedade, incrivelmente os mesmos de 1964, trabalhar, a partir do dia seguinte das eleições, para desestabilizar política e economicamente o país até chegarmos a essa deplorável situação de possível deflagração do Golpe de Estado e também de um conflito civil no país que, infelizmente, está dividido e tomado pelo ódio fascista;

7) Em 1964, diante da informação de que o Brasil seria invadido militarmente por forças dos Estados Unidos da América, e, desejando evitar derramamento de sangue, o Presidente João Goulart, exilou-se no Uruguai, no entanto, em 2016, não há possibilidade da Presidente atual aceitar o Golpe de Estado e renunciar, e, mesmo que renuncie, não existe a mínima possibilidade da população aceitar este crime de lesa pátria. Haverá resistência, luta e, infelizmente, muito provavelmente, derramamento de sangue e, os senhores deputados golpistas serão responsabilizados por isso;

8) Em 1964 não havia Mercosul, Unasul, uma Organização dos Estados Americanos independente como hoje, e nem mesmo, havia o Tribunal Penal Internacional do qual o Brasil é signatário. Senhores e Senhoras Deputados (a), tenham certeza que em 2016 o Golpe de Estado não ficará impune e os Golpistas envolvidos serão responsabilizados nos Tribunais Internacionais por seus crimes, em especial, o possível derramamento de sangue do povo brasileiro.

9) Em 2016 toda a comunidade internacional está assistindo atentamente os acontecimentos no Brasil. Organizações Internacionais como MERCOSUL, UNASUL, OEA e até a ONU, estão denunciando a Iminência do Golpe de Estado no Brasil, capitaneado por um corrupto contumaz, denunciado por diversos crimes no Brasil e no Exterior, seguido e aliado aos mais corruptos políticos do país, também, denunciados por diversos crimes, na tentativa de derrubar uma autoridade pública reconhecidamente honesta e sem qualquer investigação criminal contra ela;

Por fim, é bom registrar aos Golpistas, sejam eles da Imprensa, os Políticos, os setores do Judiciário, da Sociedade Civil Organizada como a FIESP e OAB, etc, o cidadão comum manipulado, “imbecilizado” pela imprensa, que NÃO HAVERÁ PERDÃO PARA OS COVARDES E CRIMINOSOS GOLPISTAS, NÃO HAVERÁ RENUNCIA E MESMO QUE OCORRA, HAVERÁ RESISTÊNCIA, A RESISTÊNCIA CIVIL GARANTIDA DESDE A REVOLUÇÃO FRANCESA E RATIFICADA EM TODOS OS DEMAIS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS.

A história não perdoa covardes golpistas, principalmente covardes golpistas corruptos e, também, não perdoa os que se omitem em defender a democracia.

*Sobre o Autor: Docente  no curso de Direito da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade Universitária de Paranaíba/MS, nas disciplinas de Ética Geral e Jurídica e Direito Internacional Público e Privado. Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UEMS. Mestre em Direito pelo Centro Universitário Toledo de Araçatuba/SP no programa de Tutela Jurisdicional no Estado Democrático de Direito.
Fonte:  Artigos.com

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Sim, esse impeachment de Dilma é GOLPE! Entenda em quatro argumentos:

por Arthur Abdala, Sim, o impeachment é um instrumento constitucional. Mas, aqueles que se levantam para dizer que isso é um golpe não estão acusando o instrumento, mas sim o MÉTODO. Como diria Juca Kfouri, o cartão vermelho está previsto nas regras do futebol, mas nem toda expulsão é justa.
A metodologia para se tirar Dilma do poder é claramente golpista pois é um arranjo do judiciário, da grande mídia, dos movimentos ditos liberais/conservadores, de uma nova direita pujante e de uma velha decadente (PSDB) que se aproveitam de uma conjuntura desfavorável e uma maioria oposicionista de ocasião.
Se olharmos para o golpe de 64, observaremos inúmeras semelhanças com o golpe de 2016. A imprensa montou uma máquina de denúncias contra João Goulart, a população foi às ruas contra a corrupção e o medo do comunismo, o parlamento tomou medidas para substituir o papel do executivo com um semi-presidencialismo (Tancredo Neves chegou a ser primeiro ministro) e entidades como a OAB e FIESP patrocinaram e incentivaram o golpe. Contudo, o de 64 foi feito por meio de solapamento das leis e instituições. Já o de 2016 será pela manipulação das mesmas.
Golpe semelhante, usando mecanismos constitucionais, ocorreu no Paraguai em junho de 2012 e em menos de 48 horas, no qual o presidente Fernando Lugo foi destituído sem que se respeitassem o devido processo legal, o amplo direito de defesa e com um argumento absurdo, o de não agir corretamente em uma desocupação de terras ordenada pela justiça que acabou com 6 policiais e 11 camponeses mortos – imagina se, no Brasil, fizessem a mesma coisa com Alckmin no massacre do Pinheirinho -. O Partido Colarado, o principal de oposição à época, contou com uma debanda em massa do Partido Liberal Radical Autêntico, que era do vice-presidente, o que lembra muito o PMDB no episódio brasileiro atual.
O impeachment de Dilma esse ano pode ser considerado um golpe por quatro razões:

1ª - Pedalada fiscal não é crime de responsabilidade e não há culpabilidade de Dilma
No impeachment de Collor, os defensores da tese procuraram um crime imputado à pessoa do Presidente, e encontraram um Fiat Elba e um jardim na Casa da Dinda. No caso de Dilma, a polarização herdada da eleição de 2014 aliada com a péssima situação da economia deram o cenário para a oposição reverter o resultado das urnas. Faltava só um crime praticado pela pessoa da Presidenta. Encontraram? Não, inventaram.
É sempre bom lembrar que os movimentos de rua e a oposição deram início as manifestações logo após o 2º turno. Antes mesmo, a Revista Veja e seu colunista Reinaldo Azevedo já cogitavam o impeachment. Na sequência, a oposição pediu recontagem de votos e cassação da chapa no TSE. Já as manifestações de março de 2015 pediram o afastamento da Presidenta anteriormente a tese das pedaladas fiscais, ainda com o argumento dos desvios na Petrobrás, sobre os quais não foi caracterizado culpabilidade de Dilma no exercício da Presidência da República ou fora dele.
Percebam como o argumento jurídico foi torcido ao longo do tempo. No fim, sobraram as chamadas pedaladas fiscais, que constituem uma irregularidade contábil na qual os bancos públicos fazem o pagamento de programas do governo de diversas naturezas. Esse é um procedimento comum na administração pública, mesmo depois da Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000.
A novidade no caso de Dilma foram os saldos negativos mantidos por longos períodos, argumento que já é descartável, tendo em vista que o congresso nacional aprovou o PNL nº5, autorizando déficits em 2014. Todavia, a discussão é inócua, já que a lei 1079, que trata do impeachment, não considera a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas sim, os crimes contra a lei orçamentária, segundo art. 10.
Mesmo assim, a primeira denúncia era de que o crime foi praticado em 2013/14, o que não poderia ser usado como argumento para o impeachment, já que o segundo mandato da Presidenta iniciou em 2015, ou seja, os atos do ano anterior são referentes ao mandato anterior, e a Constituição é clara que a Presidenta só pode ser responsabilizada por atos no exercício do seu mandato, segundo art. 85 da CF.
Para se ter uma ideia de como o argumento jurídico é forçado, sobre as denúncias feitas foram aglutinadas supostas pedaladas de 2015, que constituem apenas decretos suplementares orçamentários e um crédito do plano safra ligado ao Banco do Brasil que não dilatam o resultado da programação orçamentária, apenas remanejaram, portanto em conformidade com o art.10 da lei 1079.
Por fim, as operações de crédito não são crimes de responsabilidade, pois a Presidenta só pode ser responsabilizada por atos referente ao seu mandato. A irregularidade contábil (não os decretos, que foram assinados pela Presidência, mas a operação de crédito) é de responsabilidade do Secretário do Tesouro, ou seja, não foi um ato DOLOSO cometido por Dilma, portanto não há crime cometido por ela.

2ª - Instrumentalização do judiciário e da Lava-Jato para dar suporte ao golpe
Chega a ser cômico ver os ditos liberais/conservadores defendo determinadas coisas. A punição exclusiva para os petistas e o atropelo do Estado de Direito do juiz Sérgio Moro são algumas das pérolas vindas do jornalismo e das manifestações da direita.
Ser direitista é, antes de tudo, ser legalista e defender esse estado de direito. E um de seus princípios mais básico e elementar é a ISONOMIA, ou seja, o império das leis e sua aplicação igual para todos.
Se considerarmos pedalada fiscal como crime de responsabilidade, o impeachment de Michel Temer deveria estar tramitando na Câmara também. Segundo informou o jornal O Globo, entre 2014 e 2015, o vice-presidente assinou R$8bilhões em crédito suplementar. Mais, 16 governadores, como informa o jornal Valor Econômico, deveriam sofrer o mesmo processo que a Presidenta, entre eles o paulista Geraldo Alckmin.
Ainda mais, se Lula foi impedido de assumir o ministério da Casa Civil por desvio de prerrogativa de função, já que havia forte suspeita que sua nomeação foi para impedir possível prisão, Cunha também deveria sofrer sanções ao abrir o processo de impeachment depois que os petistas no Conselho de Ética decidiram não o ajudar.
Mas a manipulação jurídica vai além de uma simples aceitação do pedido de impeachment ou de uma denúncia vazia de pedalada fiscal. Pior que tudo isso é o uso político descabido e despudorado da Operação Lava-Jato. Vamos aos fatos:
  • Dias antes do segundo turno, vaza a delação de Paulo Roberto Costa, excessivamente explorada pela Revista Veja, que Lula e Dilma sabiam da corrupção da Petrobrás.
  • Vazamentos seletivos de informação seguiram na medida que a crise política se agrava e em vias da aceitação do pedido de impeachment da Presidenta Dilma;
  • Posteriormente, é decretada a prisão de José Dirceu com base em um depoimento de uma delação e sem que o réu em questão oferecesse qualquer resistência ou risco de fuga;
  • Advogados dos réus e criminalistas respeitadíssimos, como Técio Lins e Silva, se manifestaram publicamente contra abusos e arbitrariedades cometidas na Lava-Jato, como supostas prisões para forçar delações;
  • Sergio Moro, da mesma forma que Joaquim Barbosa, sai prestigiado pelo Brasil, recebendo prêmio da Globo e dando palestras para João Dória Jr, cuja o viés político já é conhecido;
  • Uma semana antes das manifestações de 13/03, Moro expede um mandato de condução coercitiva sem pé nem cabeça do ex-presidente Lula, mesmo ele não se negando a depor;
  • Três dias antes dos protestos antipetistas, o promotor Cássio Conserino pede a prisão preventiva do ex-presidente com argumentos extremamente esdrúxulos, como a fala do petista pedindo para “enfiar todo esse acervo no c*” em um vídeo postado pela deputada Jandira Feghali, e a afirmação de que “Marx e ‘Hegel’ sentiriam vergonha de Lula” (Marx e Engels poderiam sentir, mas Hegel não tem nada com isso);
  • Logo após o anuncio de Lula como ministro, Moro divulgou diálogos telefônicos do ex-presidente, alguns deles com estratégias política, conversas pessoais e diálogos com seu advogado que não tinham relação com a Lava-Jato, e com a desculpa que era de interesse público;
  • No debate da nomeação de Lula para a Casa Civil, juízes federais de primeira instancia expediram mandatos impedindo a nomeação do ex-presidente, alguns deles, inclusive, participaram dos protestos da direita. No fim, Gilmar Mendes, um juiz que vive a expor seu antipetismo, impede a posse do petista sem base legal;
  • Por fim, Moro, que diz usar a política e a imprensa para ajudar na sua investigação, impede a divulgação da lista da Odebrecht, ao contrário do que fez com meros depoimentos de delação.
Nesse último fato, é discutível no meio jurídico se esse uso político é válido. Porém, o tal uso tem um clarividente sentido de favorecer a oposição na questão do impeachment, enfraquecer o governo e formar um clamor popular antipetista.
Paralelo a isso, a justiça como um todo não tem a mesma severidade com a oposição. O cartel de trens em São Paulo, o chamado “trensalão”, a “privataria”, o mensalão mineiro e o da reeleição não tiveram a mesma intensidade, muitos deles correm em segredo de justiça e alguns nem foram investigados.
Se, no “Império da Lei”, todos os cidadãos devem ser tratados da mesma forma, a justiça brasileira trata com severidade e rapidez o PT e seus eventuais aliados de ocasião, e de forma lenta e frouxa a oposição. Ou seja, o princípio da isonomia está sendo solapado e os processos judiciais viraram instrumentos políticos.

3ª - A grande mídia sabota a opinião pública
Não é novidade para ninguém, mas faz parte do golpe.
Se diariamente você tem páginas e páginas de jornais atribuindo a corrupção a um só partido ou governo e notas de rodapé citando denúncias contra outro partido, capas e mais capas de revistas execrando a figura de Lula e Dilma e apenas a Carta Capital denunciando os desmandos de Alckmin, e quase uma hora de Jornal Nacional falando dos grampos de Lula e se negando a falar os nomes da lista da Odebrecht, é óbvio que a revolta da população “contra a corrupção” será só contra o PT.
Com horas de telejornal, milhares de páginas de jornais e muitas capas de revista, facilmente se passa a impressão que os petistas roubam mais que os outros.
Apesar desta ser uma prática normal, desde Thomas Jefferson nos EUA até as sociedades europeias mais capitalistas e democrática, o poder da mídia foi limitado para evitar que ela tenha uma influência política acima do normal.
Se Dilma será destituída muito por conta fervor popular, a grande mídia deslegitima ainda mais esse arranjo institucional golpista.

4ª- Dilma será julgada por pessoas sem legitimidade
O presidente da Câmara determina que o processo de impeachment será aberto porque o PT decidiu não o apoiar em seu processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara. Deputados, como Edinho Araújo (PMDB/SP) que até pouco tempo atrás ocupava um ministério, decidem abandonar o governo e apoiar o impeachment. PP, PR e PMDB, partidos denunciados na Lava-Jato, vão julgar o impeachment como se nada acontecesse com eles. PSDB, DEM (antigo PFL), também envolvidos em esquemas e queridinhos do judiciário, gritam discursos moralistas. Dos 65 deputados da comissão do impeachment, 37 são acusados de cometimento de crimes.
Em outras palavras, deputados que são acusados em diversas ações de corrupção vão julgar uma Presidenta, que não cometeu crime algum, como se não compactuassem, participassem e até chantageassem o governo em inúmeras situações. Por mais que isso seja legal, é ilegítimo, porque essas pessoas são corresponsáveis (Dilma também porque os manteve) pela barganha que é a nomeação de ministérios, cargos em estatais, de segundo escalão e as negociatas com os bancos e empreiteiras.
No caso de Eduardo Cunha, o mesmo usou o impeachment como chantagem, e ainda usa e abusa dos prazos e ritos para controlar o processo na velocidade mais interessante para sua aprovação. Além disso, é aliado fiel ao vice-presidente, Michel Temer, que claramente é o Capitão do Golpe.
Fora tudo isso, o Congresso Nacional, para ter suas emendas liberadas, aprovaram todo o tipo de recurso para a União flexibilizar ou ampliar as metas fiscais. Ou seja, a Câmara é sócia do governo na barganha e na pedalada fiscal. Agora, a mesmo quer julgar a Presidenta que eles mesmos chantagearam.
É importante dizer que Dilma e o PT estão sofrendo esse processo porque toparam jogar o jogo que a direita historicamente jogou. Já diria o ditado popular, “passarinho que voa com morcego dorme de cabeça para baixo”. Seria muita ilusão se a cúpula petista acreditasse que seria tratada da mesma forma que os barões do PMDB e do PFL ou os “intelectuais neoliberais” do PSDB.
Porém, o pior que pode acontecer é se sairmos desse processo sem registrar que isso é um golpe com metodologia golpista disfarçada de legalismo.



segunda-feira, 4 de abril de 2016

Por que Lula é tão perseguido?


O que Lula fez para merecer uma perseguição tão vergonhosa da imprensa?
Todos sabemos, ou devíamos saber. Ele colocou a desigualdade na agenda nacional, um anátema para os bilionários donos da mídia.
Mas vamos abordar o caso por outro ângulo.
O que Lula não fez para sofrer caçada tão impiedosa?
Essa é fácil.
Ele não tratou com a devida importância a questão da regulação da mídia.
A posteridade discutirá se ele acertou, ao evitar uma encrenca, ou se errou, ao não enfrentá-la.
Pessoalmente, acho que errou.
Todas as sociedades avançadas regulam sua mídia, como todos os demais setores econômicos.
A imprensa não está acima da lei, esta é a lógica, embora no Brasil os donos de jornais se comportem como se estivessem.
Mídia não é beneficência, é negócio, e como tal tem que se tratada. Veja as fortunas dos proprietários das empresas jornalísticas.
Os porta-vozes dos barões alegam que regular é censurar, mas quem acredita nisso acredita em tudo, como disse Wellington.
Regular é colocar ordem.
A Inglaterra, nestes dias, está na fase final de uma reforma nas regras da imprensa.
Um dos pontos centrais, nas mudanças, é inspirado na legislação da Dinamarca.
Quando os jornais dinamarqueses cometem um erro contra alguém, são obrigados a publicar a correção no mesmo lugar em que deram a notícia equivocada.
Na primeira página, se foi assim.
Este tipo de coisa tem duas virtudes essenciais.
A primeira é que a sociedade fica mais protegida do poder destrutivo da mídia. E a segunda, não menos relevante, é que a imprensa é forçada a ser mais precisa na publicação de suas matérias.
Precisão é tudo numa publicação. Joseph Pulitzer, talvez o maior jornalista da história, exigia de sua equipe precisão, precisão e ainda precisão.
O ambiente de relaxamento de regras em que vive a imprensa brasileira estimula a produção em série de erros – sobretudo, é claro, contra inimigos como Lula.
Num caso histórico, a Veja publicou um dossiê – que depois se comprovou barbaramente fajuto – com contas no exterior de líderes petistas, a começar por Lula.
O argumento da revista é inacreditável para quem leva a sério jornalismo: “Não conseguimos provar e nem desmentir.”
Por muito menos que isso, qualquer revista estaria morta em países em que não há leniência corrosiva para a mídia, como os Estados Unidos ou a Inglaterra.
Ainda no campo do espaço para retratações, um dia será reconhecido como escárnio ao público o procedimento da Folha.
A Folha assassina uma reputação na manchete (Dirceu é uma vítima contumaz) e depois corrige seu erro num rodapé que ninguém lê, a infame seção “Erramos”.
Lula não avançou, em seus oito anos, na questão das regras para a imprensa.
Hoje, ele paga o preço disso.
Se o Globo, para ficar num exemplo, tivesse que publicar uma retratação no mesmo lugar em que cometeu um erro, dificilmente teria dado como “secreta” uma reunião de Lula que o próprio jornal noticiou, poucos anos atrás.
*Sobre o Autor: O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.