"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Suspensa a liquidação do acervo da Fundação Palmares, por Álvaro Caldas

A crítica e a academia o elegeram como o mais elevado expoente da literatura brasileira. Harold Bloom, o consagrado crítico norte-americano, apaixonou-se por seus livros e escreveu que Machado de Assis é o maior escritor negro de todos os tempos. Lima Barreto pede licença para Machado e faz um aceno para um grupo que está ouvindo a conversa ao lado. E pergunta: quem é esse Sérgio Camargo para colocar no índex o criador das Memórias Póstumas de Brás Cubas?  Falta-lhe coragem moral!

Lima Barreto e Machado de Assis

Dirigida por um jornalista praticante de racismo, que se define como “negro de direita”, a Fundação Cultural Palmares está fazendo um expurgo em seu acervo de livros. Numa operação de grande impacto, 300 obras foram banidas, entre clássicos da literatura, dicionários e livros de história social. Numa decisão anunciada na noite de quarta-feira, 23/6, o juiz federal Erik Navarro Wolkart, da 22ª Vara Federal, suspendeu o expurgo do material bibliográfico e fixou uma multa para o presidente da Palmares. Sérgio Camargo afirmou que vai recorrer contra a liminar

Ao longo da história, livros já foram censurados, execrados, rasgados ou queimados por governos ditatoriais. Os nazistas fizeram cerimônias em praça pública para lançá-los em fogueiras. Sérgio Camargo resolveu à sua maneira autoritária. Decidiu excluir do acervo da Fundação “um conjunto de obras pautadas pela revolução sexual, sexualização de crianças, pela bandidolatria, e por um amplo material de estudo das revoluções marxistas e das técnicas de guerrilhas”.    

Com o expurgo em andamento, o escritor negro Machado de Assis perguntou a seu colega e admirador Lima Barreto ‒ filho de uma antiga escrava ‒ lá no espaço cósmico onde são vizinhos, por que seus livros não haviam sido jogados na fogueira junina do impostor Sérgio Camargo. Machado sentiu-se discriminado. Nem ele nem Lima escreveram livros marxistas, não fizeram a apologia da pornografia e do erotismo nem escreveram manuais de greve, qualificações atribuídas às obras banidas pelo censor. Mas são negros e autores literários de sucesso.

Condição intolerável para o presidente da Fundação Palmares, que tem profunda aversão aos pretos e suas manifestações culturais e artísticas. Considera o movimento negro uma escória maldita e defende a extinção do dia da Consciência Negra. Seu racismo é virulento e não tem limites. É contrário ao reconhecimento das religiões de matrizes africanas e considera a escravidão benéfica para os descendentes de escravos no país.

O cronista Lima Barreto está convencido de que ele e Machado só não foram colocados na lista de autores censurados por obra e graça do seu amigo, que fundou a Academia Brasileira de Letras. De lá onde se encontra, O autor de Os Bruzundangas criou uma conexão direta com seu fictício país e recebe boletins diários dos acontecimentos. Num deles, leu que Camargo xingou Zumbi dos Palmares de filho da puta e afirmou que enquanto ele estiver na Fundação, com a cobertura de seu amigo Bolsonaro, os terreiros não vão ter nada. Macumbeiro não receberá um centavo.

Com sua imperturbável discrição, o autor de Dom Casmurro não se abala. Ouve calado as sátiras de seu vizinho, que ele chama de Isaías Caminha. Nascido em1839 no Morro do Livramento, Zona Portuária do Rio, Joaquim Maria Machado de Assis, filho de um descendente de negros alforriado e uma lavadeira portuguesa, testemunhou a abolição da escravatura. Ganhou nome e projeção internacional. Tornou-se uma celebridade, o que intimidou o censor exibicionista, que tem prazer em se mostrar como um racista ao revés assumido.  

A crítica e a academia o elegeram como o mais elevado expoente da literatura brasileira. Harold Bloom, o consagrado crítico norte-americano, apaixonou-se por seus livros e escreveu que Machado de Assis é o maior escritor negro de todos os tempos. Lima Barreto pede licença para Machado e faz um aceno para um grupo que está ouvindo a conversa ao lado. E pergunta: quem é esse Sérgio Camargo para colocar no índex o criador das Memórias Póstumas de Brás Cubas?  Falta-lhe coragem moral!

O presidente da Fundação Palmares é parte integrante do governo extremista de Bolsonaro, cúmplice de suas ideias e de seus projetos para o desmonte do setor cultural. Foi indicado pelo dramaturgo e ex-secretário especial de Cultura Roberto Alvim, aquele que foi afastado depois que reproduziu frases de Joseph Goebbels, ministro de Propaganda da Alemanha nazista, num discurso de lançamento do Prêmio Nacional de Artes. 

O expurgo de livros do acervo da Fundação Palmares foi colocado em suspenso até que a liminar do juiz seja apreciada em segunda instância. Obras de Simone de Beauvoir, Nikolai Gogol, clássicos da literatura russa, Marx, Engels, Max Weber, Paulo Freire, Caio Prado Jr., Celso Furtado, Eric Hobsbawm, Luís da Câmara Cascudo, Gramsci, Carlos Marighella, e de vários autores brasileiros comunistas, integram a lista das obras que poderão ser doadas. 

O juiz federal Erik Wolkart deu 15 dias para que Camargo se manifeste, sob pena de multa pessoal de R$ 500 a cada item que for doado. A decisão significa uma vitória política, jurídica e simbólica para o movimento negro e a democracia, segundo o advogado Paulo Henrique Lima, autor da ação e coordenador do coletivo Direito Popular.




quinta-feira, 24 de junho de 2021

Bolsonaro tem que se explicar, por Helena Chagas

'Independentemente de as denúncias envolvendo o favorecimento a empresas na compra da Covaxin virem ou não a ser comprovadas, o presidente tem que dizer se tomou alguma providência para sua apuração.'

Deputado Luís Miranda, o Planalto e a Covaxin (Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados | Reuters | Agência Senado)

De todas as histórias mal-contadas do governo Bolsonaro, a cena montada ontem no Planalto pelo ministro Onyx Lorenzoni para tentar defender  Jair Bolsonaro  no caso das irregularidades apontadas na operação de compra da vacina Covaxin parece ter sido a pior. E olha que são muitas. Mas essa nos fez lembrar – nós, jornalistas de meia idade – da Operação Uruguai, montada na tentativa de explicar com empréstimo mandrake no exterior os rendimentos do então presidente Fernando Collor. Deu no que deu: impeachment.

Com versículos da bíblia e ameaças ao estilo mafioso aos irmãos Miranda, o deputado Luiz (DEM-DF) e o servidor do Ministério da Saúde Luiz Antônio, o ministro tentou encenar indignação. Mas não deve ter convencido nem a própria família. Agravou a situação ao trair o nervosismo, quase desespero, que tomou conta do Planalto.

Em vez de dizer que iria mandar investigar as denúncias – que, até segunda ordem, podem ou não ser verdadeiras – , o ministro jogou as instituições e orgãos de apuração sob o controle do Executivo contra os denunciantes… É um claro abuso de poder, que a CPI da Covid já apontou e resolveu também investigar. Agora pela manhã, o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou requerimento convocando o próprio Onyx para depor.

Espetáculos à parte – já que a CPI também é especialista neles – , o que falta concretamente ao governo é explicar o papel de Bolsonaro nessa história enrolada. Independentemente de as denúncias envolvendo o favorecimento a empresas na compra da Covaxin virem ou não a ser comprovadas, o presidente tem que dizer se tomou alguma providência para sua apuração.

O Planalto começa a montar uma nova versão de que o presidente teria acionado seu então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello – aquele que nunca desmente o chefe. E o que ele fez? Ouviu a denúncia e ficou quieto? Ou acionou a PF ou o MP para investigar o caso? E o presidente, nunca mais perguntou nada? É simples assim: se não fez nada, cometeu crime de prevaricação.



quarta-feira, 23 de junho de 2021

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente acusado de corrupção, pede demissão

Salles alegou "motivos familiares" para deixar o cargo

Por Ivan Longo

Ricardo Salles - Foto: Reprodução/Twitter

Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente na tarde desta quarta-feira (23). Sua exoneração já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Em seu lugar, assumirá como ministro Joaquim Alvaro Pereira Leite, ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

Recentemente, Salles comprou uma casa em uma das regiões mais arborizadas e nobres de São Paulo (SP). Trata-se de um imóvel de dois andares na rua Honduras, no Jardim América, Zona Oeste da capital paulista, próximo ao Club Athletico Paulistano, frequentado pela elite da cidade. Na região uma casa como a do agora ex-ministro custa em torno de R$15 milhões.

Inquérito

Tido como o pior ministro do Meio Ambiente da história do Brasil, a gestão de Salles foi marcada pelo aumento do desmatamento, que atingiu níveis recordes enquanto esteve à frente da pasta.

Ele é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por atrapalhar fiscalização ambiental. Salles também é acusado de envolvimento com contrabando de madeira ilegal.

O inquérito, cuja abertura foi autorizada por Cármen Lúcia no final de maio, tem como base a notícia-crime apresentada originalmente pelo delegado Alexandre Saraiva, que foi exonerado do comando da PF do Amazonas após a denúncia.


Fonte: Publicado na Revista Fórum 


JUIZ PARCIAL: STF confirma suspeição de Moro ao julgar Lula no caso do triplex do Guarujá

Da página do Facebook Mídia NINJA
O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, nesta quarta-feira, por 7 votos a 4, tornar o ex-juiz Sergio Moro suspeito na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do triplex do Guarujá. Esse entendimento já tinha maioria formada, mas faltavam os votos dos ministros Marco Aurélio Mello – que pediu vista – e Luiz Fux.

Com isso, o Supremo reconhece o erro judicial mais grave da história do Brasil, que tirou Lula da eleição de 2018 e abriu espaço para um genocida assumir a Presidência. A vitória da justiça e da verdade enfim chegou. Mas qual será a punição a Moro, que contribuiu para que o país estivesse na situação caótica de hoje?

#moroparcial

segunda-feira, 21 de junho de 2021

A besta-fera descontrolada quer calar jornalistas… Haia é logo ali, viu?

Hoje ele gritou como um louco, mandou calar a boca e deu showzinho, mas precisará muito mais do que isso pra provar que não é um genocida - Por Henrique Rodrigues

Foto: Band (Reprodução)

Luz, câmera, ação! A visita de Jair Bolsonaro a Guaratinguetá, no interior de São Paulo, onde foi à Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) – aliás, sua agenda só contempla bajulação à milicada – foi um espetáculo à parte.

O presidente alegórico só não arrancou as calças e pisou em cima. De resto, o chilique foi completo, com gritos, olhar fulminante, cara vermelha, palavrões e intimidações.

O simulacro tosco de Pinochet já chegou dando coices, falou suas idiotices sem pé nem cabeça com aquela cara de impaciência, mandou seu séquito de puxa-sacos calar a boca e perdeu totalmente o controle quando foi questionado por uma repórter da afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba.

O ódio do sujeito é tanto, que antes mesmo da pergunta ele já começou a provocar e ofender a profissional e a emissora carioca. Numa segunda tentativa de questionamento, agora sobre uso de máscara, Bolsonaro soltou a franga e disparou palavrões e acusações à jornalista e à imprensa, culminando com um “cala a boca”, numa das tentativas de intervenção da repórter. Arrancou a proteção do rosto de forma irascível, como um louco, dizendo que ele vai onde quiser, da forma que quiser e que usa a máscara se quiser. Só faltou se proclamar o dono do Brasil.

Minutos antes, na sua chegada à cidade, o brucutu já tinha sido chamado de genocida por populares. No fundo, isso é o que vem tirando o restinho de autocontrole que Bolsonaro ainda mantinha.

Ontem, seu rosto, com as inscrições “Genocida” e “Cadeia”, foi estampado na Tower of London, na capital do Reino Unido. O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda, já vem se manifestando sobre a análise de várias acusações de genocídio imputadas ao incivilizado e bárbaro governante brasileiro.

Bolsonaro está cada dia mais descontrolado. Agora, quer que o STF autorize a Justiça Militar a processar e julgar civis que ofendam as Forças Armadas. Tenta, reiteradamente, usar a mofada Lei de Segurança Nacional, herança pútrida da Ditadura Militar, para intimidar e calar jornalistas. Ele age em 2022 como um déspota qualquer das ditaduras sul-americanas dos anos 70.

Mas o caminho é esse mesmo. Deixar o cabrito berrar, pois afinal, a gritaria do cabrito nunca o livrou do abate.

Grite, Bolsonaro… Grite! Mas não esqueça que Haia é logo ali.

[Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum]

*Jornalista e professor de Literatura Brasileira.




Nota oficial da ABI: Renuncie, Presidente!

'Diante desse quadro, com a autoridade de seus 113 anos de luta pela democracia, a ABI reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil.'

Nota oficial da ABI

Renuncie, presidente!

Descontrolado, perturbado, louco, exaltado, irritadiço, irascível, amalucado, alucinado, desvairado, enlouquecido, tresloucado. Qualquer uma destas expressões poderia ser usada para classificar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, insultando jornalistas da TV Globo e da CNN.

Com seu destempero, Bolsonaro mostrou ter sentido profundamente o golpe representado pelas manifestações do último sábado. Elas desnudaram o crescente isolamento de seu governo.

Que o presidente nunca apreciou uma imprensa livre e crítica, é mais do que sabido. Mas, a cada dia, ele vai subindo o tom perigosamente. Pouco falta para que agrida fisicamente algum jornalista.

Seu comportamento chega a enfraquecer o movimento antimanicomial – movimento progressista e com conteúdo profundamente humanitário. Já há quem se pergunte como um cidadão com tamanho desequilíbrio pode andar por aí pelas ruas.

Mas a situação é ainda mais grave: esse cidadão é presidente de um país com a importância do Brasil.

Diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral. Seu objetivo é acumular forças para a não aceitação de um revés em outubro de 2022.

É preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados.

Diante desse quadro, com a autoridade de seus 113 anos de luta pela democracia, a ABI reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil.

Outra solução – até melhor, porque mais rápida – seria que ele se retirasse voluntariamente.

Então, renuncie, presidente!

Paulo Jeronimo
Presidente da ABI



sábado, 19 de junho de 2021

Nota do Conass: 500 mil óbitos por causa da COVID-19

"Contra a lógica e a ciência, alguns governantes questionam a dimensão da tragédia, lançam dúvidas sobre medidas comprovadamente eficazes para reduzir o risco do contágio e desdenham da vacina. Temos, portanto, duas crises: a do vírus e a da ignorância." 
500 MIL ÓBITOS POR CAUSA DA COVID-19

O luto domina o Brasil. Passados quinze meses do primeiro óbito por Covid-19 no país, poucos são os brasileiros que não sofrem pela perda de um parente, um amigo próximo, um colega de trabalho, um vizinho. Já são 500 mil vítimas – mais de 300 mil nos últimos cinco meses.

Contra a lógica e a ciência, alguns governantes questionam a dimensão da tragédia, lançam dúvidas sobre medidas comprovadamente eficazes para reduzir o risco do contágio e desdenham da vacina. Temos, portanto, duas crises: a do vírus e a da ignorância. Essa perigosa combinação expõe mais pessoas ao risco de contágio e dificulta ainda mais as estratégias de prevenção da doença.

Os reflexos são inequívocos! Somos o segundo país em números de óbitos diários. Estamos atrás apenas da Índia com seus 1,3 bilhão de habitantes. Dados reunidos pela Universidade de Pelotas, também não deixam dúvidas. O Brasil, com 2,7% da população mundial, detém 12,8% dos óbitos por Covid-19 no mundo. Enquanto a proporção de mortes por Covid-19 no mundo é de 488 por milhão de habitantes, aqui é de 2.293.

O número de casos novos voltou a crescer. Sofremos com a alta ocupação de leitos de UTI e com a escassez de medicamentos para intubação, o que aumenta ainda mais a pressão sobre os trabalhadores de saúde, exauridos física e mentalmente devido à longa jornada no enfrentamento à Covid-19.

O desempenho do país no tratamento de pacientes e controle da epidemia poderia e pode ser melhor. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) reforça seu apelo por uma coordenação nacional que unifique os discursos e as ações para que, assim, tomemos todas as medidas possíveis capazes de mudar essa triste realidade.

É preciso vacinar mais brasileiros e de forma mais rápida. Buscar integrantes de grupos prioritários que ainda não foram imunizados; reforçar a adoção das medidas não medicamentosas e promover uma campanha de comunicação bem estruturada.

É urgente ainda que a gestão federal do SUS fortaleça o pacto federativo e volte a assumir o importante papel de coordenador do sistema.  Além disso, discussões sobre a modernização do sistema de saúde, quando necessárias, devem ser amplas, envolvendo governos federal, estaduais e municipais e representantes da sociedade.

Apenas unidos seremos capazes de superar os desafios que a pandemia nos trouxe. É preciso diálogo, transparência e ação coordenada. Só assim sairemos da pandemia com um sistema público de saúde forte e consolidado como a maior política de inclusão social do povo brasileiro. O Conass se coloca à disposição dos que assim procederem e dos que defendam a saúde da população e o SUS.

Carlos Lula
Presidente do Conass




LUTO: Brasil ultrapassa a marca de 500 mil vidas interrompidas pela Covid-19

Uma tragédia anunciada, devido ao agravamento da pandemia da Covid-19 no nosso país e a política da morte do desgoverno Bolsonaro. Mas, que poderia ser evitada se não fosse o comportamento negacionista, adotado pelo presidente da República e seus asseclas, diante da pandemia e da maior crise sanitária e hospitalar que o Brasil enfrenta. 

Vale lembrar que em março, o médico e cientista brasileiro Miguel Nicolelis, um dos mais respeitados do mundo, já alertava que caso medidas efetivas não fossem tomadas, chegaríamos a 500 mil óbitos em julho. Enfim, o que se previa acabou antecipadamente acontecendo!

Neste sábado (19), o nosso país atingiu a triste marca de 500.022 óbitos e 17.822.659 casos, segundo balanço do consórcio de veículos de imprensa com dados das secretarias de Saúde. 

Muitas vidas poderiam ter sido salvas se não fosse a soma da irresponsabilidade, do descaso e da omissão, desse desgoverno de plantão. 

Como bem escreveu em sua página no Facebook, o professor Luis Felipe Miguel, "500 mil mortes, é bom sempre lembrar, são 500 mil vidas ceifadas. São projetos interrompidos, afetos perdidos, promessas que não se podem mais cumprir, talentos desperdiçados, sonhos destruídos."

Que Deus conforte os corações dos familiares e amigos de todas as 500.022 vidas interrompidas!


terça-feira, 15 de junho de 2021

É hora de escolher qual vacina contra a covid-19 devemos tomar?

Pesquisadores apontam que eficácia e efeitos colaterais não são bons parâmetros de comparação entre os imunizantes; neste momento da pandemia, o mais racional é vacinar o maior número de pessoas

Por Fabiana Mariz e Guilherme Gama | Jornal da USP
Arte jornal da USP sobre imagem Freepik

À espera de uma possível terceira onda, o Brasil vacina em ritmo lento. A indisponibilidade de insumos para fabricação dos imunizantes e a falta de estratégias em nível governamental para garantir o comparecimento dos cidadãos aos postos de saúde se refletem em números. Até o dia 10 de junho, quando finalizamos esta reportagem, cerca de 480 mil pessoas haviam perdido a vida para a covid-19, e os casos confirmados passavam de 17 milhões, segundo dados do Ministério da Saúde. Por outro lado, 51.846.929 de pessoas haviam recebido a primeira dose — o equivalente a 24,48% da população brasileira, e menos da metade (23.418.325) garantiram a segunda.

Nas últimas semanas, a aplicação do imunizante foi feita em menor velocidade, segundo painel do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP. Mesmo com essa demora na fila, ainda há pessoas que deixam de se vacinar por terem preferência entre as três vacinas disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. 

Entretanto, pesquisadores apontam que comparar as taxas de eficácia de cada imunizante não faz sentido, devido aos contextos particulares de obtenção desses dados. O mais racional, portanto, é apoiar-se nos resultados coletivos de uma vacinação em massa, que são positivos no caso dos três imunizantes aplicados. Efeitos colaterais também não devem ser levados em conta  — salvo contra indicações, pois reações graves são raríssimas e variáveis em cada indivíduo.

A “queridinha” da vez é a vacina produzida pela Pfizer/BioNTech e as razões vão desde os efeitos colaterais mais comuns reportados por quem tomou a vacina de Oxford/Astrazeneca até o receio quanto à efetividade da Coronavac em reduzir número de casos e hospitalizações. Porém, de acordo com Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), na qual atua como e professor de Imunologia Clínica e Alergia, o cenário atual de vacinação no País não permite que a população eleja um imunizante de preferência: “Nós temos que tomar a vacina que está disponível”, garante Kalil. “A eficácia só é importante em nível individual quando uma imunização é feita de forma preventiva ou com poucos vírus circulando.”

Letícia Kawano, médica pneumologista, pesquisadora do Instituto de Pesquisa do Hospital do Coração (HCor) e membro do grupo de desenvolvimento de diretrizes em tratamentos para covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), alerta que o mais importante, neste momento, é alcançar a imunidade coletiva, ou “de rebanho”. Essa forma de imunização acontece quando atinge-se uma porção de imunizados suficiente, numa população, para proteger os demais, de forma indireta, ao barrar a transmissão viral. “É isso que de fato vai controlar a doença, não a vacinação individual”, garante. “Se as pessoas ficam adiando sua vacinação porque querem receber essa ou aquela vacina, isso posterga a proteção de toda a população.”

Letícia usa como exemplo o projeto S, realizado pelo Instituto Butantan em Serrana, cidade que integra a região metropolitana de Ribeirão Preto. Lançado em fevereiro deste ano, teve como objetivo aplicar a Coronavac nos moradores e, posteriormente, analisar o impacto da imunização na redução de casos de covid-19 e no controle da pandemia. Os resultados, divulgados em 31 de maio, mostraram que 27.160 pessoas tomaram as duas doses, ou seja, 95% da população. Houve uma redução de 95% dos óbitos, de 86% das hospitalizações e de 80% dos casos sintomáticos da doença.

Outro dado mostrou que, quando 75% da população estava imunizada, a proteção era estendida aos não vacinados. “Isso mostra que, mesmo quando se utiliza uma vacina que é boa (ou suficiente) em larga escala, se controla a doença”, pontua a Letícia. 

Em nível internacional, o pesquisador Jorge Kalil exemplifica a importância da vacinação em massa com países que aplicam imunizantes também usados no Brasil. Em Israel, as medidas de restrição para contenção da transmissão viral foram retiradas após o sucesso do programa de vacinação que contou, em sua maior parte, com a vacina da Pfizer. No país, mais da metade da população está completamente imunizada e os casos graves da doença quase eliminados. Já na Escócia, que contou também com as doses da Astrazeneca, o cenário é semelhante. “Mesmo sem 100% de eficácia, as vacinas aplicadas no Brasil fornecem grande proteção, principalmente quando usadas em grande porção da população”, completa.





MP do Apagão: Retrocesso para o Brasil!

A luta em defesa da Eletrobras pública deve ser a luta de todos os brasileiros e brasileiras.
Retrocesso para o Brasil!

A Medida Provisória 1031/21, que prevê a privatização da Eletrobras, traz sérios riscos sociais, ambientais e econômicos para ao País.

A entrega da Eletrobras pressupõe a descotização de 15 usinas hidrelétricas que vendem energia bem mais barata que o Mercado Livre. Se essas usinas vendem o MWH entre R$40,00 e R$60,00, o Mercado Livre vende seu MWH por R$200,00 a R$800,00. Isto posto, a ANEEL aponta que uma privatização da Eletrobras pode elevar a conta de luz em até 16,7% num primeiro momento. Elevando o custo da indústria, das famílias e de toda a cadeia de produção da economia por R$460 bilhões em 30 anos.

Além disso, as recentes privatizações das distribuidoras de energia elétrica no Brasil têm dois efeitos colaterais preponderantes: tarifaço e apagão. As populações dos estados de Goiás, Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Piauí e Alagoas penam com o descaso na prestação de serviço privatizado. E como não lembrar do recente episódio sombrio no Amapá. Quando uma transmissora de energia privada deixou a maior parte do estado sem luz por mais de 20 dias.

Por tudo isso, a Medida do Apagão é um grande absurdo. A Eletrobras é a maior empresa de energia elétrica do Brasil e da América Latina, responsável por 30% da geração e 50% da transmissão de energia das brasileiras e dos brasileiros. É lucrativa, teve superávit de mais de R$30 bilhões em três anos. Nos últimos 20 anos, distribuiu mais de R$20 bilhões para União em dividendos.

Privatizar a Eletrobras é colocar o Brasil nas trevas.

#VOTENÃOMP1031 #VaiFaltarAgua
#VaiFaltarLuz




sábado, 12 de junho de 2021

Não vacile, se cuide!

"Todo homem prudente age com base no conhecimento, mas o tolo expõe a sua insensatez." (Provérbios 13:16)

Infelizmente, a pandemia ainda não acabou. O coronavírus continua circulando por aí. Não vacile, se cuide. Se puder fique em casa, lave frequentemente as mãos com água e sabão, mas se for sair use máscara, álcool em gel e evite aglomerações. Siga as orientações das autoridades de saúde e quando chegar a sua vez, vacine-se. Seja prudente, quanto mais proteção, melhor!!!

#MáscaraSIM #VacinaSIM  


Por que a carta da seleção feminina dá aula de humanidade ao time masculino, por Débora Miranda

'Diferentemente da feminina, a seleção masculina não quis colocar NADA em risco.'

Por Débora Miranda - Colunista do UOL
Faixa apresentada pela seleção feminina, antes do amistoso contra a Rússia. Imagem: Reprodução

"Assédio não!", dizia a faixa que as jogadoras do time feminino do Brasil carregaram campo adentro, antes do amistoso contra a Rússia, realizado nesta sexta-feira. Horas antes do jogo, as atletas soltaram um manifesto conjunto falando contra o assédio sexual.

O recado —divulgado nas redes sociais das jogadoras e de dirigentes, como Aline Pellegrino, coordenadora de competições femininas, e Duda Luizelli, coordenadora de seleções femininas— foi dado poucos dias depois do afastamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, acusado justamente de... Assédio sexual.

"Dizer não ao abuso são mais do que palavras, são atitudes. Encorajamos que mulheres e homens denunciem! Nossa luta pelo respeito e igualdade vai além dos gramados. Hoje mais uma vez dizemos: não ao assédio."

Perceba que o recado é claro e transparente. Não tem poréns. Não titubeia. Diz a que veio e transparece a certeza de quem sabe que está do lado certo da batalha. De quem conhece injustiças, viveu uma vida de desigualdade e se indigna de verdade com a violência.

Como tinha que ser.

A treinadora Pia Sundhage também não evitou o assunto, quando questionada em entrevista coletiva à imprensa. "É uma situação séria na qual fomos colocadas. Claro que falamos disso. Você pode ter sua opinião pessoal, mas, sim, conversamos com as atletas, informamos a elas o que estava acontecendo, todas tiveram oportunidade de dar opinião e falar sobre."

Talvez não tenha sido fácil. Não é como se esse time não tivesse nada a perder. Numa estrutura ainda tão movida pelo machismo e pela política, como é a estrutura do futebol, pode ser, sim, muito arriscado se posicionar. As conquistas do futebol feminino estão apenas começando e é sofrido pensar que se posicionar pode significar colocar tudo isso em jogo.

Mas, por outro lado, em que bases queremos que essas conquistas sejam apoiadas? Ao que parece, pelo menos de acordo com o posicionamento das jogadoras, a intenção é que as bases sejam sólidas, de igualdade e respeito a leis e direitos. Há situações em que não cabem meias-palavras. O abuso sexual é uma delas. E para as mulheres que vivem o futebol ele ainda é comum e recorrente.

Tratando de um assunto diferente —mas que deveria igualmente ser olhado como algo essencial à humanidade—, a seleção masculina também foi à público nesta última semana. O tema era a polêmica Copa América.

Todo o mundo sabe que, quando se fala em futebol masculino no Brasil, fala-se em dinheiro. Muito muito muito dinheiro. Fala-se também em interesses de federações, disputas entre canais de TV e em política. E politicagem.

Por isso, quando a seleção masculina divulgou que iria se manifestar publicamente sobre sua insatisfação a respeito da Copa América, tanta gente se surpreendeu. Para além de ser um time formado por pessoas que pouco —ou nada— demonstram publicamente preocupação com o social, ainda tinha todas essas questões estruturais que historicamente fizeram do futebol masculino brasileiro uma modalidade que, em grande parte, preocupa-se em movimentar dinheiro e nada mais.

Mas o país, dominado pela pandemia, com milhares de mortos por dia e ainda baixa vacinação, urrava contra a realização da Copa América em território nacional. E veio a esperança de que, poxa, sim, havia afinal de contas uma preocupação social por baixo daquelas roupas Gucci.

E veio a carta:

"Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas." Nada mais normal. Todos temos ideias distintas. Centenas de pessoas que lerão este texto vão me criticar nos comentários abaixo. A democracia preconiza esse direito (desde com respeito e dentro das leis, não é mesmo?). Mas pandemia não tem que ser questão de opinião. É caso gravíssimo de saúde pública e assim tem que ser encarada.

Mas aí fomos surpreendidos novamente, porque eles não falaram de pandemia na nota. Nem de covid. Nem de mortos. Nem de medidas de segurança. nem de protocolos. Na verdade eles não falaram sobre nada.

Citaram uma inadequação no realizar do campeonato, disseram que não queriam tornar a discussão política, que acompanham o que é veiculado na mídia e que estão presentes nas redes sociais. E concluíram dizendo que são contra a realização da Copa América, mas não dirão não à seleção brasileira.

A carta acaba assim mesmo, com esse tom heroico que a gente até imagina a torcida gritando na arquibancada. Mas, quando pensa bem, volta e relê o texto, percebe que aqueles cinco parágrafos não disseram foi nada. A seleção brasileira masculina não questionou nada. Disse que é contra a realização da Copa América, mas não explicou por quê. Falou em inadequação. Qual seria ela?

Incrustada há décadas em um sistema movido primeiro por interesses e nunca pela humanidade, a seleção simplesmente não conseguiu se posicionar. Em entrevistas, jogadores ainda citaram a hierarquia que, segundo eles, precisaria ser respeitada.

Diferentemente da feminina, a seleção masculina não quis colocar NADA em risco. E sem risco, infelizmente, não há transformação. É como diz a carta do time feminino: mais do que palavras, atitudes. Fica a lição.




quarta-feira, 9 de junho de 2021

A covardia é geral, por Casagrande

"Confesso que fui ingênuo em acreditar que os jogadores fossem realmente tomar uma atitude histórica de empatia ao nosso povo"

O Brasil é um país governado por covardes que veem as pessoas morrendo, mas andam de moto e não compram vacinas. Destroem a Amazônia com a intenção de dizimar os povos indígenas e quilombolas.

No futebol, é a mesma coisa. Todos os dirigentes se calaram diante de uma acusação de assédio moral e sexual contra o Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF. Para eles, é mais importante ajudar o acusado do que ser solidário a quem sofreu o assédio.

O que os bolsonaristas, e incluo os filhos do presidente, estão fazendo com o Tite é mais um ato covarde. O técnico nunca se manifestou politicamente. Acusá-lo de ser comunista porque pode ser contra a Copa América no Brasil é desonesto.

A atitude dos jogadores de decidirem jogar a Copa América é mais um ato covarde. Mostra que os atletas não estavam preocupados com a grave situação sanitária do país e, sim, com eles mesmos. Ficou tudo legal para os jogadores após o afastamento de Caboclo.

Essa é a geração de jogadores de futebol mais alienada que eu já vi desde anos de 1980. O importante para eles é estar nas redes sociais, mostrando suas mansões, seus carros…

Estamos atravessando o pior momento de identidade. Essas trevas que estamos passando deixam as pessoas mais vulneráveis, e esse governo mistura tudo com política. Quem está contra os pensamentos deles é de esquerda. Até na seleção brasileira colocaram esse conflito.

As recentes denúncias de assédio contra jogadores e agora dirigentes mostra como estamos com problemas de desvio de caráter.

Confesso que fui ingênuo em acreditar que os jogadores fossem realmente tomar uma atitude histórica de empatia ao nosso povo. Foi uma demonstração de comodidade e covardia perante a tudo o que está acontecendo no país.

Quando for possível voltar a viajar e alguém me perguntar como isso aconteceu, vou responder igual ao personagem Chicó, do Auto da Compadecida, interpretado por Selton Mello: “Não sei, só sei que foi assim”.