"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.
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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

EDUCAÇÃO: “A esperança é uma das razões pelas quais o pensamento do meu pai segue tão forte e tão presente”, diz filha de Paulo Freire

Em entrevista exclusiva, Fátima Freire comenta sobre o centenário do pai e o valor de sua mensagem de transformação nos tempos atuais

(Repórter da Agência Pulsar Brasil)
Edição: Jaqueline Deister
Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial (Foto: Reprodução/Instituto Paulo Freire)

No próximo domingo, dia 19 de setembro, será comemorado, no mundo todo, o centenário do educador, pedagogo, filósofo e Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire. Para celebrar a vida e legado do pernambucano de Recife que revolucionou a educação brasileira e internacional com sua “Pedagogia do Oprimido”, a Pulsar Brasil conversou com Fátima Freire Dowbor, educadora, pedagoga e filha de Paulo.

Na entrevista, ela relembra o convívio com o pai durante a infância no exílio, a influência dele em suas escolhas ao longo da vida e fala sobre a responsabilidade e o privilégio de fazer parte da família de um dos maiores intelectuais brasileiros.

A educadora também comenta sobre o legado do pai, a incompreensão e perseguição que sofreu por conta de seus princípios libertadores e, sobretudo, o valor e pertinência de sua mensagem de transformação e esperança nos tempos atuais.

Para continuar lendo acesse aqui




quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O Brasil na imprensa alemã (15/09)

Após protestos de 7 de Setembro, imprensa alemã descreve Bolsonaro como uma ameaça e aponta que presidente continua tramando contra o sistema democrático.

Zeit Online – Perigoso quando ele fica na defensiva (14/09)

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, perdeu popularidade devido à pandemia e à crise econômica. Agora ele está tentando assegurar seu poder por meio de métodos mais sinistros.

(…)

O ex-capitão de 66 anos consolida seu próprio poder principalmente por meio da divisão. Ele já havia baseado sua carreira como parlamentar no incentivo, a partir das fileiras de fundo do Parlamento, às provocações contra mulheres, homossexuais e indígenas. Ao fazer isso, ele manteve uma pequena minoria de mentalidade reacionária ao seu lado. E desde que se tornou presidente, tem feito isso em grande estilo.

Nas pesquisas atuais, 25% dos brasileiros ainda continuam apoiando o presidente e parte dessa base é até altamente motivada, vai a manifestações pró-Bolsonaro e é ativa em redes sociais favoráveis ​​a Bolsonaro. Essa base de fãs está se radicalizando. Impulsionados pelos discursos e ataques verbais bem calculados de Bolsonaro, eles ora exigem a abolição da democracia, ora a prisão ou mesmo a morte de minorias sociais. Em faixas, exortam Bolsonaro a proclamar a velha ditadura militar com seus generais torturadores. O presidente então fica diante da multidão, plenamente ciente de tais demandas e acena. Ele é o líder golpista de seus corações

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Aliados de Bolsonaro, oponentes de Bolsonaro (09/09)

A briga entre o Judiciário e o presidente continua aumentando. Os partidários de Bolsonaro vão às ruas, mas a resistência também está crescendo. O presidente do Brasil pode resistir ao impeachment?

O presidente Jair Bolsonaro não esconde mais que está disposto a desrespeitar as regras da democracia e das instituições para se manter no poder. Por ocasião das manifestações em massa de seus apoiadores no Dia da Independência, que ele mesmo convocou, ele foi mais claro do que nunca. Ele ameaçou que não iria mais obedecer às decisões de juízes individuais. Se a corte não se contiver, pode sofrer "aquilo que não queremos".

Como reage o país a um presidente que ameaça sem rodeios fechar o Supremo Tribunal Federal e, assim, realizar um golpe? O presidente do Supremo respondeu às ameaças de Bolsonaro afirmando que ninguém fechará o tribunal. E que ignorar as decisões do Supremo Tribunal é crime.

Agora, as discussões sobre um procedimento de afastamento se reacenderam no Congresso. As últimas ameaças do Bolsonaro levaram dois partidos tradicionais, antes neutros, a se juntar à oposição, que há algum tempo pede o afastamento de Bolsonaro. No entanto, o bloco não é grande o suficiente para abrir tal procedimento. Além disso, a primeira decisão sobre o assunto está nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Bem mais de 100 pedidos de processos de impeachment estão em sua mesa. Só ele decide se algum deles será aceito.

(...)

A escalada e as ameaças não despertaram apenas os políticos, mas também a população. Mesmo antes da manifestação dos apoiadores do Bolsonaro no Dia da Independência, manifestações contra o Bolsonaro foram anunciadas para o domingo seguinte. Muitos veem isso como uma oportunidade para unir as diferentes alas da oposição por trás do apelo pelo impeachment e a defesa da democracia.

Der Spiegel – Refém do presidente (11/09)

Jair Bolsonaro está enfraquecido, mas pode continuar causando grandes danos à democracia brasileira.

Nas redes sociais, Jair Bolsonaro se apresenta como um presidente popular que se deiou festejar na terça-feira, feriado nacional, em um caminhão de som em São Paulo diante de dezenas de milhares de apoiadores. Ninguém vê que grande parte das pessoas teve que ser levada até lá, nem que apenas uma fração do público esperado apareceu no evento anterior, em Brasília. Anteriormente, temia-se que o presidente encurralado pudesse convocar seus apoiadores – como Donald Trump nos Estados Unidos – a invadir a Suprema Corte. Em vez disso, Bolsonaro realizou um monólogo de três minutos na frente do núcleo duro de seus seguidores. Atacou o Judiciário que o investiga e anunciou que não iria mais acatar as decisões judiciais no futuro.

Bolsonaro luta pela própria sobrevivência política: de acordo com pesquisas, apenas cerca de um quarto dos entrevistados ainda o apoia. Em vista de uma grave crise econômica, alto desemprego, uma seca dramática e mais de 500 mil mortes pelo coronavírus, ainda é uma quantia considerável, mas não é suficiente para lançar um golpe – e nem mesmo para ganhar as eleições presidenciais no próximo ano.

Governar seriamente é algo que Bolsonaro quase não fez nos últimos anos – a menos que se considere suas representações no YouTube como uma arte de governar. E a partir de agora ele se dedicará apenas à campanha eleitoral. O Brasil tornou-se refém de um presidente que não tem nenhum plano além de construir inimigos. Parte da culpa pelo fato de ele ainda estar no cargo de membros do Centro, que apoiam Bolsonaro no Parlamento porque ele lhes dá cargos e benefícios. Diante do presidente do Parlamento Arthur Lira – também considerado aliado de Bolsonaro – estão mais de 120 pedidos de impeachment. Lira os empilha, mas não leva um único deles à votação. O oportunismo da classe política é maior do que o senso do bem comum. Ela tolera que a democracia brasileira vá para o buraco.




segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A lógica perversa, por Régis Barros

"Bolsonaro foi o pior erro da nossa história republicana e, se duvidar, foi o maior erro da nossa história."

*Por Régis Barros
Texto publicado no Facebook da ABMMD-CE
Há tempos não escrevo um ensaio sobre política. O motivo é simples – uma postura de me defender. Defendo-me de ataques, agressividades, ironias e de tudo que remonta ao que é tacanho. Defendo-me de ter que me afastar de amigos do passado ou do presente que, ao defender a bestialidade, despertam em mim um desejo de rompimento. Defendo-me de ter que fazer isso, também, em relação a familiares. Isso me machuca muito, pois sou um ser inquieto e costumo, respeitosamente, sem agredir a opinião de ninguém, postular o que penso. Mas, hoje, não consegui. Eis que nasceu essa pequena reflexão.

Não há como defender o Bolsonaro! Não existe a mínima possibilidade de fazê-lo. Você pode até detestar o PT e ter ojeriza às pautas da esquerda, porém, mesmo assim, não há como defender o atual Presidente da República. A manutenção do mantra da defesa só se sustenta por ingenuidade, canalhice ou estrutura deliróide extremista. Pelo amor de Deus, observe ao seu redor. Veja como essa pandemia foi tratada. Veja a falta de empatia. Veja o descaso com as mortes e a falta de seriedade no combate da emergência sanitária. Veja o ataque sistemático e recorrente à democracia e às instituições. Veja o estímulo à violência e ao rompimento da ordem democrática. Veja a fome. Veja o desemprego. Veja a inflação. Veja o valor dos alimentos. Veja o valor do litro da gasolina e do botijão de gás. Veja o enriquecimento do clã Bolsonaro. Veja o risco iminente de colapso da energia elétrica que está prestes a acontecer. Veja a realidade. Ela pode até incomodar, mas ela é soberana. Se, apesar disso, você ainda não perceber, então olha para sua vida e veja se ela está melhorando. Veja se o futuro é otimista. Nossos sonhos estão sendo roubados. Bolsonaro foi o pior erro da nossa história republicana e, se duvidar, foi o maior erro da nossa história.

*É médico psiquiatra, mestre e doutor em saúde mental

[Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia - ABMMD-CE]


domingo, 5 de setembro de 2021

CNBB alerta cristãos: ‘Não se deixem convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário’

Mensagem da CNBB ainda rebate declarações de Bolsonaro: 'Cristão é agente da Paz e a paz não se constrói com armas’

Foto: Reprodução

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta sexta-feira 3 uma mensagem em que pede que cristãos ‘não se deixem convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário’ no dia 7 de setembro.

A mensagem oficial foi gravada pelo presidente da Confederação, dom Walmor Oliveira de Azevedo e, ainda que não cite nominalmente Jair Bolsonaro, as declarações fazem clara referência aos ataques recentes proferidos pelo mandatário.

“Não se deixe convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário. A existência de três poderes impede a existência de totalitarismos”, afirma o presidente da CNBB após dizer que o País foi tomado por ‘sentimentos de raiva e intolerância’. “Agredir, eliminar, hostilizar, ignorar ou excluir não combinam com uma democracia”, acrescenta.

Para dom Walmor, “muitos em nome de ideologias dedicam-se a agressões, ofensas, chegando ao absurdo de defender o armamento da população”. A afirmação é uma resposta aos pronunciamentos de Bolsonaro que recentemente pregou que todos os brasileiros deveriam se armar e incentivou a compra de fuzis.

Em outro trecho, dom Walmor volta a repudiar o incentivo ao uso de armas e afirma que quem é cristão de verdade deve ser agente da paz. Nesta semana, Bolsonaro afirmou que ‘se quer paz’, o Brasil terá que ‘se preparar para a guerra’.

“Quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da Paz e a paz não se constrói com armas. Somos todos irmãos. Esta verdade é sublinhada pelo Papa Francisco na carta encíclica Fratelli Tutti”, responde.

O presidente da entidade ainda cobrou mais ações do governo federal para combater a fome, o desemprego e o avanço da inflação no Brasil. Na mensagem pediu ainda por respeito à ciência, incentivou a vacinação e a conservação da natureza.

Dom Walmor pediu também atenção especial aos povos indígenas durante o feriado pátrio, que enfrentam neste momento uma tentativa de desmonte dos seus direitos com o julgamento do marco temporal. Os povos originários fazem em Brasília desde a última semana o maior protesto da história contra os ataques do governo.

“Nossa pátria não começa com a colonização europeia. Nossas raízes estão nas matas e florestas, num sinal claro nos ensinando que a nossa relação com planeta deve ser pautada pela harmonia. Os povos indígenas, historicamente perseguidos e dizimados, enfrentam graves ameaças da pressão do poder econômico extrativista e ganancioso que tudo faz para exaurir nossos recursos naturais”, destacou o bispo brasileiro.

A CNBB finalizou a mensagem ainda pedindo que os manifestantes não pratiquem atos violentos no dia 7 de setembro. “As desavenças não podem justificar a violência. Somos todos irmãos”, diz.

Confira a íntegra da mensagem: https://youtu.be/wC8C4N-Tb1I




Não basta falar em Deus, por Martha Medeiros

"A pessoa que fala em Deus, que cita Deus, que se agarra em Deus, pode ser um ser humano extremamente bom e justo. Mas para confirmarmos, falta todo o resto."

Por Martha Medeiros
Texto publicado na página do Facebook da autora 
Um leitor me pergunta por e-mail: “Como podes atacar um homem tão bom, um aliado de Deus?”. Não preciso dizer a quem ele defendia. A mensagem era cortês, de alguém que acredita que um político que se apresenta abraçado a Deus logicamente fará o melhor para todos. Enquanto isso, o diabo ri pelas costas dos inocentes. 

Política e religião não deveriam se misturar, um assunto é público e o outro é privado. Mas, curiosamente, são os políticos mais “polêmicos” (ah, os eufemismos) que usam e abusam de Deus como cabo eleitoral, pois sabem que a religião sempre serviu como blindagem contra críticas. 

Muitos de nós buscam conforto na religião, outros buscam conforto na natureza, na arte, na ciência, no humanismo - tanto faz. Uma pessoa é boa pelos seus princípios éticos e morais, não pelos meios com que alimenta seu espírito. Eu posso ser equilibrada, amorosa, generosa e solidária sem nunca ter colocado uma hóstia na boca e sem atribuir minhas ações a uma força divina e sobrenatural. Assim como posso ir à missa todos os domingos, crer que Deus está acima de tudo, e minha suposta benignidade ser uma fraude.  

O que eu chamo intimamente de Deus, e o que você chama, está igualmente a serviço do bem e do mal, ou não haveria extremistas radicais, atentados terroristas, populações subjugadas em nome da fé. Adesivar o carro com o emblema “Jesus te ama” ou rezar antes das refeições têm efeito zero sobre nossa índole.   
   
Há maneiras mais eficientes de descobrir se alguém é de fato especial. Ouça o que ela diz. Observe como se comporta. Que respeito tem pelos outros. O quanto é sensível ao sofrimento alheio. Como trata aqueles que a estão servindo. O quanto se interessa por quem não lhe é útil. O que a emociona. Em que medida se compromete com a verdade. O quanto se dedica à escuta. O tom de voz com que se comunica. Em que ela contribui para a sociedade. Qual sua predisposição em evoluir, em acompanhar as mudanças do seu tempo. O quanto evita causar desassossegos. Se estende a mão quando lhe pedem ajuda. Como lida com crianças e idosos. Qual a importância que dá para a beleza de uma escultura, para a emoção provocada por uma música. Se consegue compreender que miséria e vício não são escolhas, se sente compaixão por quem padece pela desigualdade social. 

Prestando bem atenção, você conseguirá perceber se essa pessoa tem valores e intenções confiáveis, ou se é uma egoísta a serviço da própria vaidade e da ambição por poder. Seja qual for o resultado da sua análise, você não terá a mínima ideia se ela é religiosa ou não.  

A pessoa que fala em Deus, que cita Deus, que se agarra em Deus, pode ser um ser humano extremamente bom e justo. Mas para confirmarmos, falta todo o resto.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Nota de pesar de Lula pelo falecimento de Sérgio Mamberti

"Eu tive a honra de tê-lo como amigo e companheiro em tantos momentos ao longo de décadas, e jamais o esquecerei, e sei que o Brasil também jamais o esquecerá", disse Lula.

Da página do Facebook do ex-presidente Lula
(Foto: Ricardo Stuckert)

O ator Sérgio Mamberti, de 82 anos, morreu nesta sexta-feira (3), em São Paulo. 

Confira a nota do ex-presidente lamentando a morte do ator: 

"Sérgio Mamberti foi um dos maiores atores da história do Brasil, além de escritor e diretor, um homem de teatro completo, e um ser humano de coração e generosidade imensas, sempre disposto a ajudar e lutar pela democracia, pela cultura, pelas causas sociais, a fazer o bem ao próximo. 

A sua contribuição para a cultura brasileira nos palcos, no cinema, na TV, na Funarte e no Ministério da Cultura, na construção de políticas públicas para as artes nacionais é imensa. Se o povo brasileiro o admirava pelo seu talento, quem o conhecia de perto o admirava pela sua humildade, carinho e inteligência.

Foi fundador e militante do PT e sempre esteve ao lado das causas do povo brasileiro. Eu tive a honra de tê-lo como amigo e companheiro em tantos momentos ao longo de décadas, e jamais o esquecerei, e sei que o Brasil também jamais o esquecerá. 

Meus sentimentos e solidariedade aos filhos, familiares, amigos, companheiros e admiradores de Sérgio Mamberti."

Luiz Inácio Lula da Silva