"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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sábado, 28 de agosto de 2021

O fuzil do Vander, por Fernando Brito

'O Luís Vander, brasileiro aí na foto, catando pelancas e sobras, é um ser humano mais decente que o presidente da República do Brasil.'

O Luís Vander, brasileiro aí na foto, catando pelancas e sobras, é um ser humano mais decente que o presidente da República do Brasil.

Ele não compra armas, não faz motociata. Se fizer arminha, a classe média bolsonarista dirá que está tentando assaltar alguém.

Ele não pode apagar um ponto de luz, para ajudar a não ter “apagão” porque vive na rua. Não pode comprar nem feijão, que dirá fuzil 762.

Vive um mês, quem sabe, com o que algum bacana que diga “que horror” ao vê-lo com seus despojos na calçada gasta num bom vinho.

Não pode ir à Disney, como diz Paulo Guedes os pobres andavam indo e nem a Paris, nem mesmo à praça ali do lado, com jardins ao estilo da cidade-luz, porque a praça está devidamente gradeada e policiada, para evitar miseráveis.

Não há brioches para Vander no mundo das Maria Antonieta.

A ele, os zelosos homens de bem querem varridos para algum canto, como as folhas das amendoeiras que o vento forte e a seca derrubam pelas calçadas cariocas. Os podres, afinal, fazem muita sujeira, no chão e nos olhos.

Mas, ao contrario dos ciscos que o vento sopra aos olhos, não provoca uma lágrima, ainda que esteja a dez passos da sede da Igreja Católica no Rio, o Palácio São Joaquim, pai de outra Maria, a Virgem, e avô de Jesus Cristo.

Vander nem mesmo “enche o saco” de quem manda comprar fuzis para varrer de perto de si a sujeira dos pobres.

E que farão de tudo para que ele e milhões deles não se atrevam a pretenderem ser cidadãos.

Um multidão de Vanderes que não tem fuzil, não tem feijão mas que, contra a vontade de Bolsonaro e bolsonaristas, tem voto, a única arma pesada que querem proibir-lhes.




sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Miséria de Bolsonaro: agora pão, café e manteiga somem das mesas brasileiras, por Henrique Rodrigues

Ouça o estômago e não deixe o presidente te matar de fome. Primeiro arroz e feijão, que registraram aumento recorde, agora são os itens dos cafés da manhã e da tarde que lhes são tirados. O Brasil vive uma catástrofe

Foto: Destaque Notícias/Redes sociais (Reprodução)

Comer, necessidade humana básica para a manutenção da vida e preservação da própria existência, tornou-se a preocupação central para a maior parte dos brasileiros. E se um governo faz você se preocupar em sobreviver, há algo de muito errado.

Há pouco mais de três meses, em abril, veio a confirmação daquilo que milhões de cidadãos já sentiam no bolso e no estômago. O feijão e o arroz, alimentos que formam a base da principal refeição da imensa maioria dos brasileiros, de acordo com dados da FGV, tiveram alta de 60% apenas em 2021. Era a comprovação, alicerçada em estatísticas dos economistas, de que seu dinheiro derrete e a comida desaparece do garfo de sua família.

E a coisa só piorou de lá para cá. Como disse José Saramago em seu Último Caderno de Lanzarote, as desgraças são facilmente recidivas, e, para provar a frase do Nobel, recebemos neste momento os dados que apenas retratam no papel aquilo que as minguadas moedas dos bolsos dos desempregados e arrochados trabalhadores do país já sentiam: pão, café e manteiga também registram altas pornográficas.

Os índices do IPCA mostraram que o pó de café subiu 17,5%, enquanto o pão francês e a manteiga 8%, em menos de um ano. Carestia, meus amigos. Falamos de carestia, que segundo os melhores dicionários da praça é a escassez de víveres, o encarecimento do custo de vida por conta dos preços totalmente acima da realidade.

Ainda bem que o presidente Jair Bolsonaro já tem uma solução. Ontem (18) mesmo, numa igreja evangélica no Pará, ele disse que toda essa miséria atochada goela baixo dos brasileiros por ele, com sua morbidez de caráter, indiferença contumaz e inequívoca inaptidão para gerir qualquer coisa, será vencida com “fé e crença”.

Quando a fome lhes abater e a carestia falar alto, senhoras e senhores, mantenham indômita a sua fé e não pare de crer. São as receitas do homem que gastou R$ 5,8 milhões no cartão corporativo só de janeiro a agosto deste corrente ano.

Jair Bolsonaro será, para todo o sempre (e o tempo mostrará sem qualquer sombra de dúvidas) a maior de todas as tragédias política de nossa nação, na História. Aliás, já está sendo, ainda que só o avanço dos dias, meses e anos possam lançar luz sobre um monstro para que todo o povo saiba e jamais esqueça.

A fila do osso, de um mês atrás, com mulheres esfarrapadas famélicas comendo os fiapos de carne e cartilagem crus, ali mesmo na rua, apressadas pela urgência cega da fome, ainda estão vivas em nossa memória quando chegamos ao mercado e vemos uma barra fuleira de manteiga ser vendida a R$ 10, ou um saquinho de café ao equivalente a um quilo de muitos tipos de carne há poucos anos.

Há que se fazer algo. Bolsonaro não pode continuar à frente de toda essa insanidade. Fome numa das maiores economias do planeta e inflação a corroer a dignidade dos brasileiros não podem ser tudo que um governo oferece aos seus cidadãos.




quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Ivy Faria, filha de Romário responde fala preconceituosa de ministro da Educação

"Sabe, eu tenho síndrome de Down, sou uma pessoa com deficiência, e sou estudante. Eu estudo para ter um futuro e ajudar o meu país. Eu não atrapalho ninguém", disse Ivy. 
Romário ao lado da filha Ivy (Imagem: Reprodução/Instagram)

Ivy Faria, filha do senador e ex-jogador Romário, escreveu uma carta para responder a fala preconceituosa do Ministro da Educação Milton Ribeiro, de que a criança com deficiência colocada em uma sala de aula com alunos sem deficiência não aprende e atrapalha o aprendizado das outras crianças.

Na carta aberta publicada em seu Instagram, Ivy diz que está triste com o ministro e que falta educação a ele. 

Veja a carta na íntegra:

“Seu ministro da Educação, aqui é a Ivy, eu estou muito triste com Sr. Sabe, eu tenho síndrome de Down, sou uma pessoa com deficiência, e sou estudante. Eu estudo para ter um futuro e ajudar o meu país. Eu não atrapalho ninguém. Frequento uma escola regular, onde há jovens com e sem deficiência, cada um aprende no seu tempo, ninguém é igual.

A minha presença e a de outras pessoas com deficiência não é ruim, muito pelo contrário, desde a escola, meus coleguinhas aprendem uma lição que parece que o Sr. não teve a oportunidade de aprender, que a diversidade faz parte da natureza humana e isso é uma riqueza.

A fala do senhor revela muita falta de educação, como pode achar que a deficiência torna alguém incapaz de estudar? A deficiência não nos torna incapaz de nada, basta que tenhamos oportunidade. Tem advogado cego, tem relações públicas com síndrome de Down, e tem mais um monte de gente com deficiência formado na universidade e trabalhando pro Brasil.

E pra dar aquele orgulho e mostrar com muito talento a nossa força de vontade de superar tantas barreiras, vem aí as Paralimpíadas com dezenas de atletas dando muito orgulho e nos enchendo de motivação. Seu Ministro, uma criança com deficiência em sala de aula contribui mais com a educação deste país do que o senhor neste ministério”.


O planeta dos extremos, por Cristina Serra

'Como sempre, os pobres e as nações menos desenvolvidas sofrerão os impactos antes e com mais intensidade. Mas a conta chegará também para os ricos. O planeta é um só.'

Cristina Serra, jornalista e escritora.

O Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU (IPCC) reforçou de modo contundente os alertas que vem fazendo sobre o efeito das atividades humanas no desequilíbrio climático. O novo estudo é um apelo à ação antes que as oportunidades de evitar a catástrofe sejam desperdiçadas. 

A omissão nos custará caro. Vamos viver (?) no planeta dos extremos: aumentos de temperatura, ondas de calor, tempestades, enchentes. Aquecimento dos oceanos, derretimento das geleiras, elevação do nível do mar. Secas, incêndios, perda de colheitas. Fome, guerras pela água, refugiados do clima. Um mundo hostil e inimigo da vida humana.

Como sempre, os pobres e as nações menos desenvolvidas sofrerão os impactos antes e com mais intensidade. Mas a conta chegará também para os ricos. O planeta é um só.

Assento nas espaçonaves de Jeff Bezos ou de Richard Branson? Colônias na lua? Vã ilusão. A vida é aqui e agora. 

Sem os governos mais influentes e as empresas mais poderosas nenhum acordo para redução das emissões de carbono vai se tornar realidade. É preciso mudar a chave da economia global, baseada na queima de combustíveis fósseis. Mudanças de tal envergadura requerem visão de longo prazo e compromisso humanitário. Governos e corporações estarão à altura?

E onde entramos nós, brasileiros, em processo de involução civilizatória? Há décadas, o Brasil vinha articulando esforços colaborativos para superar a falsa dicotomia entre desenvolvimento e proteção ambiental. Marco importante foi a Política Nacional do Meio Ambiente (que completa 40 anos), comando legal fortalecido pela Constituição de 1988. 

Rio 92, Rio+20 e todas as outras conferências do clima em que o Brasil foi voz ativa firmaram nossas obrigações perante o mundo. O atual governo representa uma ruptura nessa rota. 

Mas voltaremos à ela porque o Brasil é maior e melhor. O momento histórico nos cobra duas imensas responsabilidades: proteger nosso futuro como espécie e lutar pela nossa democracia.

(publicado originalmente na Folha de São Paulo em 14/08/2021)




sábado, 14 de agosto de 2021

O jogo sujo do bolsonarismo não precisa do voto impresso, por Moisés Mendes

'Bolsonaro não quer voto impresso, nem auditagem e tampouco transparência. O que ele quer é a confusão que qualquer fascista pode promover hoje em qualquer lugar, sem muita dificuldade.'

Pedro Castillo foi eleito presidente do Peru no dia 6 de junho. Mas só foi declarado e reconhecido oficialmente como eleito no dia 19 de julho, porque Keiko Fujimori, a candidata da extrema direita, não aceitou a terceira derrota, tentou anular a eleição e depois pediu recontagem de votos.

No Peru, direita e extrema direita têm agora o apoio sofisticado, explícito e neoliberal de Mario Vargas Llosa. Não deve existir em outro lugar uma situação tão esdrúxula em que um Prêmio Nobel apoie golpistas.

Mas assim caminha a América do Sul. Na Bolívia, em outubro de 2019, Evo Morales foi reeleito, e a Organização dos Estados Americanos levantou suspeitas sobre a lisura da eleição.

Era a senha para que aplicassem o golpe e um mês depois aconteceu a queda de Morales. O golpe durou apenas um ano, a democracia venceu, e as denúncias sobre fraudes nas eleições foram finalmente arquivadas este mês pelo Ministério Público, com base em conclusões de uma auditoria internacional.

Mas direita e extrema direita, lideradas por Luis Fernando Macho Camacho, governador de Santa Cruz de la Sierra, não desistem, mesmo que o golpe tenha sido aparentemente sepultado e os golpistas civis e militares (menos Camacho e alguns generais foragidos) estejam presos.

Mantém-se em todas as frentes do golpismo a pregação de que a eleição foi roubada, agora com novo ataque da OEA ao arquivamento das denúncias pelo MP.

Não, eles não questionam a eleição de outubro do ano passado, que elegeu Luis Arce e levou o Movimento ao Socialismo de volta ao poder. Os golpistas atacam a eleição de outubro de 2019, aquela vencida por Morales.

Na Argentina, Mauricio Macri dá entrevistas a todo momento aos jornais e TVs da direita, para dizer que não confia em alguns juízes eleitorais, porque seriam ligados ao kirchnerismo.

Macri diz desconfiar da Justiça Eleitoral e também pede mais transparência, depois de ter sido derrotado por Alberto Fernández em outubro de 2019 e se preparar para novas derrotas.

O argentino ‘liberal’, modelo latino de Paulo Guedes, caminhou para a extrema direita e está agora sob a acusação de ter colaborado, com o envio de munições a La Paz, para o êxito do golpe na Bolívia.

Todos eles imitam Donald Trump, depois da descoberta de que é fácil tumultuar a democracia. Toda a eleição perdida deve ser questionada, de preferência com uma grande confusão.

O surpreendente é que essa estratégia foi acionada aqui pela soberba tucana, quando Aécio Neves não aceitou a derrota em 2014 e abriu a porteira para o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff. A farsa de Aécio acabou gerando Bolsonaro.

E a farsa do voto impresso de Bolsonaro é a sequência desse enredo latino. Bolsonaro vai esticar até onde for possível a falsa controvérsia, enquanto parte do Congresso, TSE e Supremo buscam um jeito de desarmá-lo.

Todos eles, Aécio, Trump, Fujimori, Camacho, Macri e Bolsonaro precisam de poucos instrumentos para esculhambar com a democracia, dentro da própria eleição, sempre que forem perdedores.

O voto impresso no Brasil seria a chance de uma recontagem sem fim, porque, mesmo que termine, como terminou no Peru e na Bolívia, o resultado da eleição estará sempre sob suspeita, se o vencedor for a esquerda.

Bolsonaro não quer voto impresso, nem auditagem e tampouco transparência. O que ele quer é a confusão que qualquer fascista pode promover hoje em qualquer lugar, sem muita dificuldade.

Bolsonaro deseja que o resultado da eleição se transforme num imbróglio. Esperava, com o voto impresso, que após a eleição fossem encontrados ‘votos’ em calçadas, estradas, lixões, valos, esgotos, por todo lado.

Sem o voto impresso, o bolsonarismo já prepara os cenários para 2022. Teremos centenas de vídeos de eleitores com denúncias de fraudes.

A eleição de 2022, com ou sem Bolsonaro, terá gente gritando nas seções eleitorais e pedindo o registro do flagrante de fraudes.

O voto impresso facilitaria a vida desse pessoal, porque eles teriam os vídeos, a gritaria, a recontagem e as ‘cédulas’ fabricadas e extraviadas.

Mas o bolsonarismo não precisa do voto impresso para ir em frente contra a eleição em que pode ser goleado por Lula. Precisa apenas de milícias bem organizadas para fabricar fraudes em cada Estado.

Luis Roberto Barroso e o TSE fazem o certo com as trancas das novas medidas que ampliarão a transparência e os mecanismos de controle e auditoria das urnas eletrônicas e da apuração, com a participação de outras instituições.

O ministro amplia as cumplicidades em torno de um sistema eleitoral consagrado, mas só isso não basta. O TSE deve se preparar também para o jogo sujo, se é que consegue.




quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Tribunal de Contas da União conclui que o voto eletrônico é seguro

Segundo o TCU, já há diversas formas de fazer a auditoria nas urnas eletrônicas

Da CNN, em São Paulo
Por Fernanda Colavitti
Urna eletrônica (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

O Tribunal de Contas da União (TCU) fez uma auditoria sobre as urnas eletrônicas e concluiu, nesta terça-feira (10), que o voto eletrônico é seguro. Foi a primeira vez que o TCU fez esse tipo de auditoria para entender a confiabilidade no atual sistema de votação brasileiro que, desde 1996, é baseado no uso de urnas eletrônicas. 

Segundo o Tribunal de Contas da União, já há diversas formas de fazer a auditoria nas urnas eletrônicas e o sistema é seguro.

Em um relatório que totaliza mais de 70 páginas sobre a auditoria nas urnas eletrônicas, o Tribunal de Contas da União menciona que existem mecanismos de auditagem que permitem acompanhar todo o processo de votação.

“Houve um inegável avanço nos quesitos de segurança e confiabilidade das eleições a partir da implementação da votação eletrônica, que minimizou riscos de intervenção humana. Existem mecanismos de auditagem criados em todo o processo de votação, desde a etapa de desenvolvimento dos sistema, passando pela realização de testes públicos de segurança, testes de integridade, votação paralela e até a totalização e a divulgação dos resultados, contemplando as medidas de verificação, mesmo após a conclusão do processo eleitoral”. 




Precisamos conversar sobre o que é fascismo, por Saulo Barbosa Santiago dos Santos

O fascismo é oportunista e manipula, racionalmente, aquilo que há de irracional em determinadas massas sociais, aproveitando seus medos, raivas e descontentamentos como combustível

Por Saulo Barbosa Santiago dos Santos*
O termo “fascismo” é usado de forma difusa e pejorativa com propósito reacionário e ofensivo, normalmente servindo de insulto a conservadores, desta forma, distancia-se de uma análise acurada e científica do seu significado. Malgrado a urgência de analisar cada referência é necessário a preocupação devido à bagagem amedrontadora que a palavra carrega, afinal, o que é fascismo?

O fascismo é um sistema político ideologicamente conservador e ultranacionalista,  representado por alguém de conduta violenta e autoritária que evoca os poderes a si usando frases como “quem manda aqui sou eu” para manipular segmentos sociais que vivem em crise devido as condições que o país vive, em outras palavras, a ideia não é ter um Estado forte, mas sim um homem forte para comandá-lo, às vezes chamado de führer, duce, tata ou mito.

O fascismo é produto do capital monopolista e imperialista, marginaliza setores sindicais e do proletariado, sempre buscando enfraquecer ou deslegitimar forças que podem limitá-la ou interferi-la, desta forma, busca modificar a ordem do capitalismo, com mobilizações e agitações de massas sociais para enfrentar as instituições do Estado.

Raramente governos fascistas chegam ao poder ilegalmente ou por golpe militar, pelo contrário, se desenvolvem no interior da democracia liberal, no entanto, uma vez que adquire o poder necessário, a manutenção deste poder não segue o rito democrático e legal, por exemplo, tanto Mussolini quanto Hitler foram postos em seus cargos sem burlar a constitucionalidade, mas para que isso ocorresse foi necessário condições específicas de insegurança na estrutura do governo e na sociedade.

O fascismo é oportunista e manipula, racionalmente, aquilo que há de irracional em determinadas massas sociais, aproveitando seus medos, raivas e descontentamentos como combustível para convencê-la a fazer parte de um incipiente movimento reacionário com intuito de chegar ao poder. Este convencimento se dá por estratégias que podemos separá-la, didaticamente, em 10 partes, onde segundo o filósofo Jason Stanley em seu livro “Como funciona o fascismo”, lista da seguinte forma: (1) Passado mítico, (2) propaganda, (3) anti-intelectualismo, (4) irrealidade, (5) hierarquia, (6) vitimização, (7) lei e ordem, (8) ansiedade sexual, (9) apelos à noção de pátria, (10) desarticulação da união e do bem-estar social.

As características do fascismo estão interligadas às estratégias, segundo o filósofo Umberto Eco, em seu livro “Fascismo Eterno”, são identificáveis a partir de 14 perspectivas, quais sejam: (1) culto à tradição, (2) recuso à modernidade, (3) ação pela ação, (4) recusa à crítica, (5) racismo, (6) frustração das classes médias, (7) Nacionalismo, (8) sentimento de humilhação em relação aos inimigos, (9) guerra contínua, (10) elitismo, (11) culto ao heroísmo, (12) machismo e homofobia, (13) Homogenização do povo e (14) linguagem pobre.

Malmente um governo fascista tem todas estas estratégias e características citadas, não obstante, há governos que seguem à risca várias delas. O fascismo nem sempre se mostra explicitamente e muito menos se assume, embora às vezes até negue ser a quimera que é, o que gera bastante confusão. Necessita-se conhecer o fascismo porque menosprezá-lo ou dizer que hoje é um mero espantalho, seria cometer o mesmo erro do início do século passado, onde achavam que era somente mais um movimento arruaceiro sem poder, que estava ali para chamar atenção. Infelizmente isso não aconteceu, o movimento cresceu, contaminou vários países e foi responsável por milhões de mortes, torturas e prisões de inocentes, de fato, precisamos conversar sobre o fascismo.

*O autor é formado em Filosofia pela Universidade Federal de Sergipe, Guarda Municipal de Aracaju e autista.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN




sábado, 7 de agosto de 2021

Um sociopata na Presidência, por Marcelo Uchôa

Não é a primeira vez que Bolsonaro xinga um representante da democracia brasileira. O que isso significa para o futuro democrático do Brasil?

*Por Marcelo Uchôa, em colaboração especial aos Jornalistas Livres.

O Brasil todo assiste ao desespero do presidente Jair Bolsonaro diante das pesquisas de opinião pública que lhe atribuem aumento progressivo de rejeição e provável derrota nas eleições presidenciais de 2022. Também pudera, a esta altura, já está mais do que perceptível o seu fracasso à frente do Executivo federal, com um país à beira da falência econômica, com alto grau de repulsão internacional, índices sociais em franca deterioração e uma população que, aos poucos, vai se desintegrando à medida que crescem os números de vítimas da pandemia de Covid-19, atualmente em 561.807 óbitos, por obra de uma inoperância que, fruto de omissão ou ação, foi culpa direta de seu governo incompetente.

Diante das adversidades, o presidente, ciente de sua incapacidade de agir como líder, qualidade que jamais terá pela ausência de formação intelectual, conteúdo moral e até mesmo pelos modos, parte para o tudo ou nada inventando um suposto complô generalizado, arquitetado para derrotá-lo via eleições fraudadas em 2022. Pura falácia.

Até por haver sido eleito nas últimas eleições, assim como em pleitos anteriores – não só ele, mas também os próprios filhos e dezenas e dezenas de aliados -, o presidente sabe perfeitamente bem que o sistema das urnas eletrônicas não oferece riscos de fraude. Tem clara noção de que alterar substancialmente a forma de votação eletrônica para o modelo impresso criará transtornos operacionais a tempo de desorganizar o processo eleitoral do ano que vem, além de impor custos desnecessários que, num momento de calamidade pandêmica, requerem ser direcionados para investir em algo muito mais relevante, o enfrentamento à Covid.

Ainda assim, insiste em sua estapafúrdia tese de falibilidade da urna eletrônica, alimentando uma série de polêmicas que não existem, baseadas em teorias conspiratórias de blogueiros desqualificados e dublês de estudiosos no tema. Pior, ameaçando claramente provocar uma ruptura democrática em 2022, com a não realização das eleições naturalmente previstas para acontecer, caso seu capricho de voto impresso não seja contemplado pelo conjunto das instituições do país, em especial a Justiça eleitoral. Em contrapartida, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, diz o óbvio já demasiadamente conhecido: que as urnas eletrônicas não oferecem riscos, menos ainda riscos que justifiquem mudanças tão complexas e inoportunas para o pleito eleitoral que se aproxima.

A resposta do presidente da República vem em lives com apoiadores e em eventos públicos, tanto fora do Planalto como em cerimônias oficiais na presidência, recheada de ofensas pessoais, elevando o tom das contestações com discurso de ódio explícito e expedientes incontestavelmente deploráveis, entre os quais uso e abuso de Fake News contra o ministro do STF, a Corte em si, e o comprovadamente bem-sucedido sistema eleitoral do país. Pior, direcionando sua ira para uma bolha cada vez mais inflada de fanáticos extremistas, que já não escondem aversão alguma contra os poderes constituídos e a obsessão pela fratura democrática, fazendo questão de demonstrar que estão se armando com um poderio bélico que lhes foi facilitado pelas políticas armamentistas do governo de plantão.

Na sequência, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, vê notórias similitudes de métodos e ações empreendidas pelo presidente da República com o modus operandi dos maníacos investigados no inquérito das Fake News, bem como do suposto gabinete do ódio do Planalto e, acertadamente, inclui o mandatário do país nas investigações criminais em curso. O transloucado presidente entra em delírio total. Ataca os dois ministros do STF, chegando ao ponto de chamar o ministro Barroso de “filho da puta” e o acusar, de uma maneira leviana jamais vista contra um integrante da Suprema Corte, de querer que “nossas filhas e netas façam relações sexuais aos 12 anos”. Escandaloso.

Diante desse pandemônio, de todas as incertezas adjacentes e do inegável ar de animosidade social justamente num momento em que o país deveria estaria unido lutando contra todos os percalços que o fazem sangrar, é importante que brasileiras e brasileiros estejam conscientes de certas coisas:

Em primeiro lugar, o presidente tem reiteradamente ameaçado poder “não jogar dentro das 4 linhas da Constituição”, expressão cafona que inventou para dizer que pode não realizar eleições presidenciais em 2022. Apesar da máxima de que quem tanto fala pouco faz, nunca é demais levar a sério que um golpe clássico pode estar em curso. Se por um lado o presidente da República já demonstrou não atribuir qualquer afeição e respeito às regras democráticas – ao contrário, trata-se de um mentiroso compulsivo, infrator sistemático de normas jurídicas e de regras de conduta, um inimigo declarado da Constituição; por outro lado, aprovando ou não de bom grado os arroubos descontrolados do tirano palaciano, o fato é que as forças armadas estão no governo e, se verdadeiros os indícios explorados na CPI da Covid, encontram-se em maus lençóis, com integrantes enrolados até o pescoço em escândalos pesadíssimos de corrupção, certamente nutrindo interesses de manter-se controlando as rédeas do Executivo até em defesa da retaguarda. Por isso, o que resta das instituições deve se unir na defesa da democracia, não cabendo qualquer tipo de proselitismo de grupos políticos A ou B contra quem, no que pese tenha errado feio no passado, esteja a fim de se colocar na trincheira de defesa do frangalho de Estado de direito que ainda existe.  

A segunda coisa para a qual deve atentar a sociedade é que um risco concreto recai sobre todos os que denunciam os desmantelos em curso e fazem oposição aos lesas-pátrias que estão ferindo de morte o Estado brasileiro. Por isso, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Cuidado! Não é só a falta de empatia que impregna o caráter dos chefes dos altos escalões, a partir do presidente da República, mas, também, o ímpeto de maldade, a perversidade. Dentre inúmeras manifestações de apologia ao extermínio de adversários e a inegável insensibilidade com a morte, o mandatário maior do país mantém a sociedade sob tortura permanente, senão pela necropolítica praticada pelo seu governo, mais do que visível no lidar com a pandemia, mas, principalmente, pela intermitência das ameaças à democracia que martirizam, dia após dia, e fazem adoecer de sofrimento a quem almeja viver num país democrático, com a esperança de poder legar aos seus um mundo de paz, solidariedade e benquerença.

O fomento ao ódio alimenta a raiva dos fanáticos. Aqui no Ceará, até um padre humanista, Lino Allegri, de 82 anos, com mais de trinta anos de serviços prestados em favor da comunidade apenas em Fortaleza, precisou ser incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos pelas ameaças sofridas abertamente por grupos bolsonaristas mordidos pela postura cética do sacerdote com os exemplos negligentes do mais famoso garoto-propaganda da cloroquina. Nesse contexto, mais que correta a decisão do ex-presidente Lula de reforçar sua segurança. Como virtual responsável pela derrota final do bufão do cercadinho ele, sem dúvida, é o objeto de desejo permanente dos cães armados que se multiplicam país adentro. Neste preciso momento, idem devem cuidar-se os ministros do STF Alexandre de Moraes e, sobretudo, Luís Roberto Barroso. Propositadamente ou não, o fato é que os ataques ácidos e excessivamente desequilibrados do presidente da República desenharam dois alvos em suas testas, visíveis o bastante para que nenhuma hipótese de perigo seja descartada.

Por fim, duas outras coisas merecem ser ditas. Que o fascismo está sempre à espreita, de modo que dar pano para quem não assimila o jogo democrático é um erro crasso que jamais pode ser repetido no país. À parte o tiro no pé do endosso ao golpe institucional de 2016, que destituiu injustamente do cargo uma presidenta legitimamente eleita, e a escorregada grotesca do apoio incondicional à Lava Jato, com todos os absurdos jurídicos que sistematicamente vinha perpetrando, nunca houve “uma escolha muito difícil” como textualizou o Estadão no segundo turno das eleições presidenciais de 2018, quando se opuseram Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Entre a seriedade e a certeza da malandragem a aposta na pirraça certamente repercutirá em ruína. É precisamente isso que está acontecendo no país, com o agravante de não ser um declínio qualquer, mas um retrocesso civilizatório.

Finalmente, anda em curso num Congresso Nacional cada vez mais rendido ao jogo fisiológico dos donos do poder, certas propostas que visam alterar sobremaneira o futuro de processos eleitorais no país. Não entrando no mérito dessa discussão que merece análise mais específica chama-se atenção para uma última observação na esteira dessas especulações: a mais importante e verdadeiramente necessária mudança na legislação eleitoral do Brasil deve ser a exigência de testes criteriosos de saúde mental e comportamental psicológico aos candidatos a cargos eletivos. Se algo precisa ser acrescido em termos de regras eleitorais é o estabelecimento de impedientes claros e contundentes para que nunca mais sociopatas possam assumir as rédeas do jogo político e, ato contínuo, assacar, com sua insanidade pensada, contra as estruturas do Estado, o povo e a democracia.

*Advogado e Professor de Direito Internacional Público da Universidade de Fortaleza. Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) – Núcleo Ceará. Twitter/Instagram: @MarceloUchoa_

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres




sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Associação de Juízes repudia ataques de Bolsonaro ao STF

“A liberdade de expressão não autoriza que sejam proferidas ameaças às instituições ou a seus integrantes, tampouco ilações e calúnias contra quaisquer pessoas, sobretudo magistrados no cumprimento do seu dever constitucional”, diz a nota.
Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) emitiu nesta sexta-feira uma nota de repúdio contra as declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro contra membros do Poder Judiciário e o sistema eleitoral do país. Na nota, a entidade manifesta apoio ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que na noite de quinta-feira, anunciou o cancelamento de uma reunião entre chefes dos três poderes alegando como motivo os ataques de Bolsonaro ao Judiciário.

Nos últimos dias, Bolsonaro voltou a atacar ministros do STF como Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Na quinta-feira, Bolsonaro disse que a “hora” do ministro vai chegar e que poderia atuar fora “das quatro linhas” da Constituição em reação às últimas medidas tomadas pelo Judiciário.

Na nota, a Ajufe classifica como “inaceitáveis” as manifestações de Bolsonaro.

“São inaceitáveis as repetidas mensagens distorcidas sobre decisões judiciais e sobre a higidez do processo eleitoral brasileiro, além das reiteradas ofensas a membros do Supremo Tribunal Federal, com ameaças diretas de ruptura com a ordem legalmente constituída”, diz um trecho da nota.

Em outro trecho, a entidade afirma que a liberdade de expressão não autorizaria a caluniação de magistrados.

“A liberdade de expressão não autoriza que sejam proferidas ameaças às instituições ou a seus integrantes, tampouco ilações e calúnias contra quaisquer pessoas, sobretudo magistrados no cumprimento do seu dever constitucional”, diz a nota.

A nota prossegue afirmando que atritos entre os poderes da República gera “insegurança institucional”.

“O contínuo e ruidoso atrito entre os Poderes da República somente gera insegurança institucional e dissemina sentimentos de temor à sociedade brasileira”, afirma.

Outra associação, a Associação Nacional de Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), também divulgou nota em defesa dos ministros do STF. O presidente da entidade, Luiz Antonio Colussi, expressou sua “irrestrita solidariedade” à Corte, devido a “injuriosos ataques”.

“A democracia está intrinsecamente relacionada à independência judicial. A magistratura trabalhista não se omitirá hoje e sempre na necessária defesa do Poder Judiciário”, diz a nota.

Nas últimas semanas, Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro ao mesmo tempo em que defendia a adoção do voto impresso. O projeto de lei que previa a adoção do voto impresso, porém, foi rejeitada por comissão especial da Câmara dos Deputados na quinta-feira.

Em resposta às acusações de Bolsonaro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a abertura de um inquérito para investigar os ataques de Bolsonaro à urna eletrônica. Na quinta-feira, Alexandre de Moraes decidiu incluir Bolsonaro no rol de investigado do inquérito das fake news por ataques ao Supremo e divulgação de notícias falsas.





quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Peritos da PF desmentem Bolsonaro e cravam: urna eletrônica é segura

"Até o momento, não foi apresentada qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras.", diz a nota

Reprodução

A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais divulgou uma nota nesta quinta-feira (5) na qual desmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e crava que não há até o momento “qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras”.

A manifestação ocorre um dia após o mandatário insistir em utilizar investigações da Polícia Federal para sustentar a tese sem comprovação sobre fraudes no sistema eleitoral brasileiro.

Leia, abaixo, a íntegra da nota:

Em relação às discussões sobre o sistema eleitoral brasileiro, especialmente com menção aos Peritos Criminais Federais, que integram a Polícia Federal, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) esclarece que:

1 – Os peritos criminais federais, assim como diversos outros especialistas de instituições renomadas, têm participado de testes públicos de segurança promovidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e abertos a qualquer cidadão, cujo objetivo é buscar o contínuo aperfeiçoamento das urnas eletrônicas.

2 – A identificação de falhas e vulnerabilidades não permite afirmar que houve, há ou haverá fraudes nas eleições. Os achados dos testes, ao contrário de comprovar fraudes, têm o propósito de apontar ajustes e aperfeiçoamentos necessários para a continuidade do curso normal das eleições, além de tecer recomendações científicas para a evolução e aprimoramento do sistema eleitoral brasileiro.

3 – Até o momento, não foi apresentada qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras. Destaca-se que uma eventual comprovação de fraude não estaria restrita unicamente à análise das urnas, mas também de outros elementos probatórios, como transferências de ativos, de mensagens, de imagens, de áudios e de documentos que possam demonstrar o engajamento efetivo de pessoas com a intenção de prejudicar o processo eleitoral.

4 – A APCF defende a urna eletrônica e reconhece que se trata de um exitoso projeto de hardware e de software. Sem prejuízo disso, com o espírito colaborativo de buscar auxiliar as autoridades competentes dentro das bases científicas que regem as ações da Perícia Criminal Federal, também entendemos que o emprego de sistema analógico complementar, e sem qualquer contato físico com o eleitor, é uma opção a mais de auditoria e de aprimoramento do processo eleitoral. Esses fundamentos foram levados ao STF no julgamento da constitucionalidade da matéria, sempre enfatizando, contudo, não haver qualquer apresentação de evidência ou comprovação de fraude.

5 – Entendemos que o tema do registro impresso exige um debate longo, maduro e científico, sem descontextualizações que objetivem sustentar teorias não comprovadas. Ressaltamos, por fim, nossa confiança no processo eleitoral, tendo a certeza de que o voto eletrônico trouxe importantes avanços, dentre eles o afastamento dos riscos decorrentes do voto em cédula.




terça-feira, 3 de agosto de 2021

TSE abre inquérito contra Bolsonaro e aciona STF

O tribunal reagiu contra as declarações golpistas de Bolsonaro sobre o processo eleitoral

*Por Lucas Rocha
Reprodução

Na sessão de abertura do semestre, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu determinar por unanimidade a abertura de um inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro por ataques ao processo eleitoral e acionar o Supremo Tribunal Federal pela inclusão disso no inquérito das fake news. Na última quinta-feira, Bolsonaro promoveu uma live contra as urnas eletrônicas sem apresentar prova alguma com o único objetivo de espalhar boatos e difamar a justiça eleitoral.

O plenário do TSE atendeu a um pedido do corregedor-geral do TSE, Luis Felipe Salomão, e determinou a abertura de um inquérito administrativo para “apurar fatos que possam configurar abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos, propaganda extemporânea, relativamente aos ataques ao sistema eletrônico de votação e à legitimidade das Eleições de 2022”.

O inquérito é sigiloso.

Em 21 de julho, Salomão deu prazo para Bolsonaro apresentar provas das suas alegações até esta segunda-feira– o que não foi feito. “Considerando o teor das manifestações que sugerem haver inconformidades no processo eleitoral, oficie-se às autoridades que as tenham produzido para que apresentem, no prazo de 15 dias, evidências ou informações de que disponham, relativas à ocorrência de eventuais fraudes ou inconformidades em eleições anteriores”, dizia o ofício.

Fake News

Na sequência, por sugestão do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, foi decido que o Supremo Tribunal Federal (STF) será acionado para incluir a live no inquérito das fake news, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes.

Em discurso, Barroso detonou a postura golpista de Bolsonaro. “Voto impresso não é contenção adequada para o golpismo. Aqui no TSE, adotamos a postura de responder com presteza e correção todas as informações falsas divulgadas em relação ao tribunal e ao sistema. Produzimos respostas com fatos, provas, conhecimento e ciência, sem bravatas. A verdade só liberta aos que querem se libertar”, declarou.

*Lucas Rocha é formado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ e cursa mestrado em Políticas Públicas na FLACSO Brasil. Carioca, apaixonado por carnaval e latino-americanista convicto, é repórter da sucursal do Rio de Janeiro da Revista Fórum e apresentador do programa Fórum América Latina