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quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Não é delírio..., por Régis Barros
domingo, 20 de setembro de 2020
Paulo Freire, 99 anos: ‘A ditadura estragou este país e continua estragando hoje’
sábado, 19 de setembro de 2020
Bolsonaro mente, por Luis Felipe Miguel
Brasil ajoelhado aos pés dos EUA, por Jeferson Miola
A volta do Brasil ao Mapa da Fome mostra o fracasso do mercadismo caboclo, por Luis Nassif
Hoje em dia, o discurso está restrito a visões de curtíssimo prazo, um fiscalismo extremamente emburrecedor, que irá quebrar a cara na próxima esquina.
Em 2014 o Brasil saiu do Mapa da Fome, segundo o Indicador de Prevalência da Subalimentação da FAO. Para sair do Mapa, o índice ficou abaixo de 5%.
A FAO analisou dois períodos distintos: de 2002 a 2013 e de 1990 a 2014. Entre 2002 e 2013, a quantidade de brasileiros em situação de subalimentação caiu 82%. Entre 1990 e 2014, a a queda foi de 84,7. Em apenas 12 anos, com uma política azeitada, e sem consumir grandes volumes de recursos, o país logrou superar uma de suas maiores chagas.1. Aumento da oferta de alimentos. A disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%.
2. Aumento da renda dos mais pobres, com aumento de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos.
3. Programa Bolsa Família, com 14 milhões de famílias.
4. Governança, transparência e participação da sociedade com a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
O relatório “O estado de segurança alimentar e nutricional no Brasil” detalha essas estratégias. Com base nos dados da FAO, o percentual de subalimentados no Brasil ficou em 1,7% apenas.
O que mudou de lá para cá não foi a pandemia.
Os dados são anteriores ao Covid-19. Foram levantados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018. No período, 36,7% dos domicílios, o equivalente a 25,3 milhões de lares, padeciam de algum grau de insegurança alimentar: 16,4 milhões com insegurança leve, 5,6 milhões com insegurança moderada e 3,1 milhões com insegurança grave.
A insegurança alimentar grave – aquela em que as pessoas chegam a passara fome – saltou para 4,6% dos domicílios, o equivalente a 10,3 milhões de pessoas, 7,7 milhões em áreas urbanas e 2,6 milhões em área rural.
O desmonte começou com a crise fiscal de 2015. Poderia ser superado nos anos seguintes. Mas, desde o governo Michel Temer começou o desmonte sistemático de todas as engrenagens de um estratégia que, durante algum tempo, serviu de modelo para o mundo.
Acabaram com o financiamento da agricultura familiar, com a merenda escolar, com a política de cisternas que ajudou o nordeste a enfrentar a seca, expurgaram o cadastro do Bolsa Família e do Beneficio de Prestação Continuada, com uma série de truques visando afastar os mais necessitados e menos informados. Desmontaram a rede de assistência social, esvaziar o Sistema Único de Saúde.
Não se trata apenas de insensibilidade social, próprio de sociedades selvagens, mas de uma ampla miopia em relação ao futuro. O aumento da fome desestrutura famílias, afasta crianças da rede escolar, expõe famílias a doenças e à marginalidade, reduz o mercado de trabalho e o mercado de consumo.
Mas o atraso institucional do país eliminou as vozes que tentavam desenhar o futuro. Hoje em dia, o discurso está restrito a visões de curtíssimo prazo, um fiscalismo extremamente emburrecedor, que irá quebrar a cara na próxima esquina. Ao transferir o discurso público ao mercado, desmontou-se a própria condição do mercado se inserir em um processo de crescimento saudável da economia.
O grande desafio será reconstruir o país depois desse terremoto medieval.
Fonte: Publicado no Jornal GGN
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Mundo fracassou em cumprir metas para salvar a natureza, diz ONU
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Alta no preço do arroz é resultado do modelo de ‘fazendão’, diz Pochmann
Sem projeto de desenvolvimento, economia brasileira fica refém das flutuações internacionais. Esvaziamento dos estoques da Conab impede a ação do governo no combate aos impactos dessas variações nos preços dos alimentos
Para o economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as elites econômicas brasileiras estão abrindo mão de um projeto nacional estratégico e do abandono do mercado interno como motor do desenvolvimento. O resultado é a maior vulnerabilidade às variações nos preços das commodities. É o que vem acarretando, por exemplo, a elevação do preço do arroz nos supermercados, com o saco de cinco quilos se aproximando dos R$ 40, em diversas capitais.
“O que nos resta é uma certa volta ao passado, em que a presença do Brasil na divisão internacional do trabalho se dá basicamente na forma de uma fazenda de oferta de produtos primários”, afirmou Pochmman em debate sobre as perspectivas do governo Bolsonaro na TVPT.
Por outro lado, o país também se torna mais dependente do exterior em termos de tecnologia. O próprio agronegócio, por exemplo, passou a importar insumos, como fertilizantes. Até mesmo a comercialização dos produtos agrícolas depende da participação de “tradings” estrangeiras. A degradação ambiental é outra consequência desse modelo agroexportador, segundo Pochmann.
O cientista político William Nozaki, professor de Ciência Política e Economia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), destacou que a desvalorização do real frente ao dólar faz com que o produtor opte por exportar, em detrimento do mercado interno.
Além disso, o governo Bolsonaro promoveu um esvaziamento dos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que serviriam para conter essas flutuações, como no caso do arroz, por exemplo.
Em 2015, os estoques médios mensais de arroz da Conab ficaram em 1.629 toneladas. Em 2016, já na crise do golpe do impeachment de Dilma, caíram para 88 toneladas. No governo Temer, a média mensal ficou em torno de 30 toneladas mensais. Em 2019 e 2020, com Bolsonaro e Guedes, caíram para 22 toneladas mensais.
A crise do arroz e a cegueira generalizada do ultraliberalismo. Por Luis Nassif
Agora, cria-se esse círculo de prejuízos. Numa ponta, permite-se a continuidade das exportações de arroz, sem estoques reguladores. Na outra, garante a compra de arroz menos competitivo que o brasileiro.
Por Luis Nassif | Coluna Econômica - GGN
As altas do arroz têm uma explicação óbvia. Mas tão óbvia que é inacreditável a maneira como a mídia cobriu o episódio, aceitando acriticamente os argumentos do Secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, e da Ministra da Agricultura Tereza Cristina. O mantra do livre mercado tornou-se uma praga que obscurece qualquer raciocínio.
Do lado de Sachsida a explicação simplista de que o governo colocou muito dinheiro nas mãos do pobre, que passou a comer mais. Do lado de Tereza Cristina, a explicação de que o produtor de arroz sofreu muito nos últimos anos e, agora, está tendo a oportunidade de se recuperar.
E os analistas se mostram solidários com os agricultores, enaltecem o livre mercado, dizendo que é assim mesmo. Não há o menor conhecimento sobre instrumentos clássicos de política de abastecimento.
O que ocorreu é simples.
1. Com a pandemia, países que pensam em seus cidadãos seguraram as exportações, para garantir o abastecimento interno. Com isso, houve redução na oferta mundial, elevando os preços do arroz.
2. Ao mesmo tempo, houve uma grande desvalorização do real, tornando os preços do arroz, em reais, muito mais atraentes, quando exportados.
3. O resultado óbvio é a elevação do preço interno do produto, para se alinhar com os preços internacionais.
4. Nesses momentos, o instrumento óbvio do governo são os estoques reguladores, mantidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Acontece que do impeachment para cá, o ultraliberalismo dos governos Temer e Bolsonaro levaram à redução drástica dos estoques. Confira.
5. Ao mesmo tempo, permitiu-se a exportação indiscriminada de arroz. O resultado foi a redução da oferta e a explosão dos preços.
Há uma lógica política nisso tudo. Ruralistas fazem parte da base política desse ultraliberalismo. Estoques reguladores atrapalham os preços, especialmente quando explodem.
É evidente que uma política pública responsável deveria ter enfrentado os problemas dos plantadores de arroz na crise, adquirido a produção para montar estoques, impedindo prejuízos maiores. Mesmo porque a produção é essencial na mesa do brasileiro. Nada foi feito, e nada se cobrou. Porque, para o discurso atual do ultraliberalismo brasileiro, cada um por si e o país que exploda.
Agora, que ocorrem os problemas, deixa-se de lado qualquer solidariedade com o consumidor e passa-se a entender com complacência os movimentos de alta.
Finalmente, para completar o ciclo, o inacreditável Ministro da Justiça, André Mendonça, manda intimar supermercados a explicar a especulação. Não tem a menor noção sobre o mercado. Os supermercados são moderadores de preços, porque interessa o volume. E preços altos de compra, significam margens menores de venda e quantidades menores.
Agora, cria-se esse círculo de prejuízos. Numa ponta, permite-se a continuidade das exportações de arroz, sem estoques reguladores. Na outra, garante a compra de arroz menos competitivo que o brasileiro.
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Fonte: Publicado no Jornal GGN
sábado, 5 de setembro de 2020
Censura à Globo: quem deve guardar sigilo é a Justiça, não a imprensa. Por Fernando Brito
Debandada da Lava Jato indica que objetivos políticos foram cumpridos, diz jurista
Pedido de saída de oito procuradores expõe enfraquecimento da operação, que pode ser anulada, segundo o Transforma MP
Por Erick Gimenes | Brasil de Fato - Brasília (DF)
A debandada de procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo é mais um sinal de que a operação cumpriu com seus objetivos políticos, segundo o fundador do Coletivo Transforma MP, o promotor Gustavo Roberto Costa, membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
O pedido para sair de oito procuradores paulistas, na quarta-feira (2), deu-se um dia após a figura mais midiática da operação, Deltan Dallagnol, pedir para deixar a coordenação da força-tarefa em Curitiba.
Dallagnol estava pressionado no cargo e alegou problemas familiares. Para Costa, a tensão foi causada por setores do próprio MP e do meio político que se desinteressaram pelo trabalho “anticorrupção”.
“Cada vez mais a gente vê que essa ‘instituição’ Lava Jato, essa marca, se mostra como uma força-tarefa que tinha fins políticos muito específicos. Quando esses objetivos foram atingidos, com aquela bandeira de combate à corrupção, a Lava Jato passou a não ser mais interessante e passou a sofrer ataques dos órgãos de administração superior do Ministério Público, da classe política e até mesmo da mídia”, afirma o jurista.
Costa diz acreditar que a saída dos principais procuradores indica o fim das forças-tarefa, ao menos como eram antes estruturadas. “A tendência é que ela não exista mais como força-tarefa, o que também sempre foi muito discutível, se é possível juridicamente”, pontua.
Para o fundador do Transforma MP, caso a Lava Jato realmente definhe, é provável que todas as ações anteriores encabeçadas pelas forças-tarefa sejam anuladas na Justiça.
“Eu vejo uma chance imensa de tudo isso ser anulado, invalidado judicialmente. Temos indícios fortíssimos de nulidade processual, de atuações contra a lei, tratados internacionais, de quebra de imparcialidade judicial e do próprio Ministério Público, que deve ser um órgão imparcial”, avalia.
O promotor questiona por qual motivo a Lava Jato deixou de ser interessante para quem antes era. “A pergunta que eu faço é: por que cinco, seis anos atrás interessou que elas [as forças-tarefas] existissem, com o barulho que foi feito, com o show midiático que foi feito, e agora não interessa mais? Porque ninguém vai dizer para a gente que a corrupção acabou, que eles fizeram tudo o que tinham que fazer. Ninguém vai ser louco de dizer isso.”
A ofensiva contra a Lava Jato parte, principalmente, do procurador-geral da República, Augusto Aras. Foi ele que promoveu as mudanças internas na operação e enfraqueceu as principais figuras, principalmente Dallagnol.
De acordo com Gustavo Costa, a divergência de postura de Aras e de seus antecessores, Raquel Dodge e Ricardo Janot, causa questionamentos. Ele afirma que não é possível dizer a quais interesses o atual PGR atende, mas avalia ser razoável que a operação seja questionada.
“Alguns anos atrás, tínhamos uma Procuradoria-Geral da República absolutamente alinhada com a Lava Jato. Tudo o que vinha do MP do Paraná era aceito pela PGR de forma acrítica, automática. Agora, temos um procurador-geral que questiona esses métodos. Não sei o que o move a agir dessa forma. Se antes era tudo certo e agora era tudo errado, a gente precisa questionar. Por que antes a PGR era totalmente favorável à Lava Jato e agora ela é totalmente contrária?”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
Fonte: Publicado no Brasil de Fato