No caso do presidente, não há pensamento delirante, mas sim um pensamento desviante e por que não dizer perverso.
*Por Régis Barros
Permitam-me refletir, psicopatologicamente, sobre o discurso do atual Presidente do Brasil na ONU. Vi que muitos descreveram o discurso como sendo "delirante". Certamente, essa definição ocorreu pela sequência deslavada de bizarrices e inverdades proferidas por ele. No entanto, isso não é delírio. O delírio é uma alteração psicopatológica que ocorre no conteúdo do pensamento, levando a um falso juízo da realidade. Algumas doenças psiquiátricas, que cursam com tais alterações no pensamento, tem, no seu bojo, o delírio como um dos sintomas psiquiátricos. No caso do presidente, não há pensamento delirante, mas sim um pensamento desviante e por que não dizer perverso. Há projeção de incompetência e culpabilidade no outro. É a oposição, é a mídia, é a televisão, é o mundo e, agora, sobrou até para o "índio" e o "cabloco". Todos eles são os culpados, menos o governo e o governante que governa. Não é delírio, pois não há um julgamento falso da realidade. O que há mesmo é um uso mentiroso de dados não reais. Há uma tentativa de mentir para jogar para platéia dos seus fanáticos apoiadores. Pelo contrário, a realidade aqui não é falseada por um pensamento adoentado. A realidade é distocida e atacada voluntariamente com objetivos claros e escusos. A doença do presidente não está no Eixo I das grandes síndromes psiquiátricas, mas sim no eixo II. Ou seja, na estrutura da personalidade. Portanto, temos uma condição egossintônica e de difícil mudança. Serão mais 2 anos duros e sofridos.
*Régis Barros é médico psiquiatra, mestre e doutor em saúde mental
Fonte: Publicado originalmente na página do Facebook da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia - ABMMD - CE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário