"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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sábado, 23 de dezembro de 2017

Um ano sofrido, mas que nos deixa importantes lições

Por Manoel Paixão

2017 até poderia ser um ano para o povo brasileiro esquecer, se não fosse as muitas lições que ele nos deixa. Se não fosse também um ano em que muito do que foi alertado em 2016 veio a acontecer, ou seja, reforçou ainda mais a certeza que tínhamos de que foi GOLPE, com a participação de um grande consórcio político-jurídico-midiático e, claro, “com o Supremo, com tudo” – junto e misturado. No entanto, 2017, assim como 2016, é para que seja constantemente lembrado, até que tenhamos verdadeiramente aprendido todas as suas lições.

Fazendo uma breve retrospectiva daquilo que a gente viveu nos últimos meses em nosso país, vimos de tudo acontecer, e até acho que muito do que se sucedeu foi encarado pelo povo brasileiro com certa passividade. Vejamos:

– Vimos a tal "ponte para o futuro" do PMDB nos remeter ao passado.

– Vimos medidas econômicas e impopulares sendo tomadas a torto e a direita pelo governo ilegítimo.

– Vimos conquistas históricas e políticas públicas importantes para o desenvolvimento sustentável do país e a diminuição das desigualdades, sendo aniquiladas.

– Vimos a trama para desmontar a previdência social, com o objetivo de acabar com o direito à aposentadoria do povo, e empurrá-lo para a previdência privada. Tentativas essas que apenas foram adiadas para o próximo ano.

– Vimos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sendo "rasgada" com a aprovação da nova lei trabalhista e direitos sendo destruídos.

– Vimos que o salário mínimo não terá aumento real para 2018, acima da inflação como vinha acontecendo desde 2003, e que a equipe econômica do governo ilegítimo ainda reduziu a sua previsão de reajuste de R$ 969,00 para R$ 965,00.

– Vimos o desemprego crescer de forma assustadora e o país fechar o ano com cerca de 12,7 milhões de pessoas desocupadas.

– Vimos seguidos aumentos “abusivos” nos preços do gás de cozinha, da gasolina e da energia elétrica.

 Vimos o achatamento de programas sociais importantes, como o Bolsa Família, o Fies, o ProUni, o Luz para Todos, o Minha Casa Minha Vida, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e sendo decretado o fim de outros, como o Farmácia Popular, o Mais Médicos e o Ciência Sem Fronteiras.

– Vimos o Brasil de volta ao mapa da fome.

– Vimos o corte de verbas para a educação, a pesquisa, a segurança e a saúde.

– Vimos o anúncio de que o Brasil será posto à venda, dentro de um pacote de privatizações que compreende 57 estatais e bens públicos, entre elas, a Casa da Moeda e a Eletrobrás.

– Vimos que parte do nosso patrimônio e nossas reservas naturais já foram entregues a preço de banana, como o Pré-Sal, por exemplo. 

– Vimos a nossa soberania nacional indo pras cucuias.

– Vimos o governo ilegítimo perdoar dívidas bilionárias de empresários, enquanto ferrava com a população.

– Vimos a tentativa nefasta do presidente ilegítimo de dificultar a fiscalização de trabalho análogo à escravidão, para agradar a bancada ruralista e se livrar da perda de mandato no Congresso.

– Vimos em outra tentativa nefasta, o presidente ilegítimo liberando a toque de caixa, a exploração da reserva de cobre na Amazônia, a Renca. Pressionado pela opinião pública suspendeu o decreto e depois o revogou.

– Vimos o combate a corrupção desmoronar.

– Vimos o novo diretor-geral da Polícia Federal dizendo que mala de dinheiro para pagamento de propina não é prova suficiente de corrupção.

– Vimos senador tucano megadelatado em esquemas de corrupção, que inclusive disse que é capaz de matar possível delator, nesse caso o próprio primo, antes mesmo dele fazer delação, se safar de denúncias e se manter ileso no seu cargo, apesar de gravações de diálogos e de imagens de malas de dinheiro de propina.

– Vimos que um juiz pode condenar alguém sem provas, com base apenas em convicções.

– Vimos um show de trapalhadas da Procuradoria-Geral da República (PGR), e principalmente, do então procurador-chefe, no episódio da delação dos irmãos Batistas.

– Vimos ainda mais exacerbada a busca de projeção pessoal de um juiz federal e de procuradores do Ministério Público Federal (MPF), integrantes da força tarefa da Lava Jato, na República de Curitiba. E esses, seguem protagonizando espetáculos midiáticos grotescos com intuito de produzir matérias jornalísticas para induzir a opinião pública, e que a grande mídia faz questão de alardear alimentando a vaidade dos mesmos.

– Vimos um STF ora apático quanto ao verdadeiro exercício da Justiça, ora agindo por conveniência, mas que na maioria das vezes foi omisso e/ou complacente nas decisões que contrariam a lei e a ordem constitucional, dando margem à insegurança jurídica.

– Vimos que a maioria dos deputados federais que salvaram o Temer e dos senadores que salvaram o Aécio, são os mesmos que derrubaram a Dilma em nome da moral e da ética.

– Vimos a continuação de um governo ilegítimo, mergulhando ainda mais o país nesse caos político interminável e nessa desordem institucional, e assim, nossas instituições vão ruindo, o país vai se desagregando e a sociedade se dividindo.

– Vimos o silêncio dos panelaços, dos buzinaços e dos apitaços, que outrora se diziam soar como forma de protestos “anticorrupção”.

– Vimos o sumiço das ruas, daqueles "patriotas" com seus trajes típicos padrão CBF e daqueles jovens líderes de movimentos ditos apartidários (Movimento Brasil Livre - MBL, Vem Pra Rua, Revoltados Online), que em defesa de um "futuro para nossos filhos e netos" ou do discurso de um "Brasil limpo e livre dos corruptos", e todo aquele blá blá blá, viviam em manifestações esbravejando "indignados" contra a corrupção no país.

– Vimos a hipocrisia, o falso moralismo e o oportunismo de ocasião com muita frequência.

– Vimos a propagação do discurso do ódio e da intolerância ganhando força.

– Vimos um bando de reacionários, principalmente, nas redes sociais, pedindo intervenção militar.

– Vimos ainda: Que o Estado do Pará, (des)governado a quase 8 anos pelo Jatene (PSDB), continua entre os piores Estados da federação em indicadores de educação, de saneamento básico e de segurança pública. Que o Pará tem o terceiro maior índice no país em assassinatos de jovens negros, segundo estudo da Unesco. Que o Pará lidera o ranking nacional de assassinatos no campo. Que apesar de 2017 não ser um ano de eleição, a maioria dos paraenses não sabe mesmo votar, pois elege políticos como o Jatene, Wladimir Costa (SD), Beto Salame (PP), Elcione (PMDB), Francisco Chapadinha (PTN), Hélio Leite (DEM), José Priante (PMDB), Josué Bengtson (PTB), Júlia Marinho (PSC), Lúcio Vale (PR), Nilson Pinto (PSDB), Simone Morgado (PMDB), e entre outros.

Pois é, vimos de tudo acontecendo em 2017.

Enfim, que tudo sirva de aprendizado, para que o povo assuma de vez o protagonismo do momento e não permita que seja interrompido um projeto mais amplo de soberania e de nação que vinha sendo construído. Que sirva também para afirmar o quanto devemos aos que enfrentaram e resistiram bravamente ao golpe de 64, para que tivéssemos a tão sonhada democracia, que hoje agoniza. Essa é a nossa vez, e só nos cabe lutar. Aliás, já passou da hora de tomarmos uma atitude drástica contra essa corja de golpistas, que investe o tempo todo contra a democracia e contra o povo.

Em face dos acontecimentos de 2017, temos o dever enquanto cidadãos de lutar por dias melhores. E quem ainda não despertou para isso deve se despertar. É certo que ainda há uma parcela despolitizada e mal informada da população, que não se deu conta de que tudo isso é resultante do golpe de 2016, mas também nos cabe a tarefa de alertar essas pessoas.

2018 será um ano decisivo na vida política e nos rumos do país. Que venhamos a nos unir às forças democráticas e populares, que lutam em prol dos direitos do povo e da justiça social. Que possamos votar com consciência, e escolher projetos de políticas públicas progressivas e voltados para a recuperação da nossa democracia.

Estejamos atentos a tudo, e que esse "tudo" nos incomode, nos provoque, nos desperte e nos incentive à participação popular. Que ao menor sinal de tentativas golpistas que resultem em retrocessos, não fiquem só no descontentamento e na indignação, mas que sejam dadas respostas imediatas com intensas reações massivas pelos quatro cantos do país. Não devemos dar trégua alguma ao governo ilegítimo e seu consórcio golpista. Que em 2018, nosso engajamento nos movimentos sociais e frentes populares, seja permanente e sem descanso. E que os golpistas nos aguardem!

E quanto as muitas outras lições que se pode tirar de 2017, deixo por sua conta caro(a) leitor(a), mediante uma profunda reflexão!

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