Por Ulysses Ferraz
(Da página do Facebook, publicado em 15/03/2017)
Jornalistas da grande mídia e economistas de plantão, soldados do mercado financeiro, adoram vaticinar o esgotamento de algum "modelo" ou "era". O fim da Era Vargas, o fim do keynesianismo, o fim do Estado de bem estar-social, o fim da social-democracia, o fim da história, o esgotamento do "modelo lulopetista". E por aí vai. A sequência é inesgotável. Interessante que só se esgotam os "modelos" que buscam reduzir as desigualdades e aumentar as redes de proteção social. Nenhum porta-voz do fundamentalismo de mercado decretou o fim do modelo de desregulamentação financeira, responsável direto pela Grande Recessão de 2008, cujos efeitos perversos ainda impactam a economia mundial até os dias de hoje. Os "modelos" concentradores de renda e da riqueza, que privilegiam as elites financeiras, os rentistas, os especuladores e parasitas em geral, esses nunca se esgotam. Estão sempre na ordem do dia, à espreita de uma "crise" qualquer, prontos para tomar o Estado de assalto e implantar suas políticas assépticas e economicistas, que jamais beneficiaram ninguém, exceto um reduzido número de endinheirados e seus capatazes intelectuais. Mas o que os arautos do esgotamento não mencionam é que o modelo neoliberal, principal instrumento dos governos que representam as elites, sequer pode ser chamado de modelo econômico. É apenas um mecanismo de dominação. Um dispositivo prático. Tecnocrático. Um conjunto de procedimentos cuidadosamente projetado para alimentar desigualdades, fomentar injustiça social e transferir mais renda e riqueza para quem já é privilegiado. E se esquecem do mais importante. Enquanto houver fome, miséria, exploração, escravidão, precarização, abandono, indiferença, negligência, concentração e abuso de poder econômico, em escala global, nenhum modelo (não importa sua denominação) que busque reverter esse quadro de iniquidades jamais terá se esgotado.
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