Ninguém é obrigado a gostar de ninguém
Por Diego Amorim
Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Ninguém é
obrigado a gostar do jeito do outro, de como o outro fala, lê, escreve.
Ninguém é obrigado a concordar com o outro. Ninguém
é obrigado a gostar do modo como a outra pessoa pensa, de como ela encara a
vida. Ninguém é obrigado a gostar dos valores escolhidos pelo outro.
Ninguém é obrigado a gostar do trabalho do outro,
da maneira de falar do outro, de como o outro anda, sorri, olha, canta, dança,
faz sei lá o quê.
No dia a dia acabamos nos esquecendo dessas
obviedades.
Entender que jamais agradaremos a tudo e a todos e
que as pessoas jamais nos agradarão sempre é essencial para nos convencermos de
que o mundo não gira ao nosso redor, de que não somos deuses.
Estamos todos sujeitos a viver momentos de
controle e manipulação alheia, em que não aceitamos as diferenças e até nos
irritamos com elas.
É terrível quando queremos fazer valer nosso
ponto de vista, como se ele fosse verdade suprema e inquestionável. E o
outro que se adapte a nós. Viramos donos do mundo sem que o sejamos.
Além disso, nossa autovalorização excessiva
alimenta em nós uma aversão severa às críticas, às frustrações, às situações
diferentes daquelas que desejamos.
Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, repito. O
respeito, sim, é obrigação. Quando o nosso não gostar se transforma em
desrespeito, descumprimos um acordo. No mais, ninguém é obrigado a tolerar ou a
aceitar ninguém. Somos livres. Ou ao menos deveríamos ser.
Porém, no mundo em que vivemos, se nos
esvaziarmos de nós mesmos, se abrirmos mão apenas um pouquinho dos
nossos caprichos e das nossas teorias para dar espaço ao outro – ainda
que contra nossa vontade – viveremos mais em paz.
A renúncia de si mesmo pelo outro é um caminho e
tanto para a felicidade. Por mais contraditório e difícil que possa parecer.
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