'STF
arquiva inquérito contra Aécio por prescrição. Tucano era acusado por ex-colega
de partido de receber R$ 1 milhão ilicitamente. Rodrigo Janot avisou à corte
que o crime atribuído ao senador prescreveu. Ele só poderia ser punido até
2016. Caso ficou parado na gaveta do Procurador durante meses.'
Por Edson Sardinha, do Congresso em Foco
STF arquiva inquérito contra Aécio Neves |
O ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato,
determinou o arquivamento das investigações de uma acusação contra o senador
Aécio Neves (MG), presidente do PSDB.
Fachin seguiu
a recomendação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que concluiu
que o crime atribuído pelo ex-senador Sérgio Machado (CE) a Aécio prescreveu.
Ou seja, o Estado perdeu o prazo para julgá-lo. O caso ficou parado nas gavetas
de Janot por meses.
Em depoimento
prestado em maio, Sérgio Machado acusou Aécio de ter recebido dinheiro ilícito
entre 1998 e 2000, quando ainda era deputado federal. O procurador-geral pediu
autorização do Supremo para apurar a denúncia em 4 de outubro. No mesmo dia, o
tribunal pediu a Janot que se pronunciasse sobre o assunto. Só no início deste
mês ele se manifestou. Avisou à corte que o crime de corrupção passiva
atribuído ao senador prescreveu, só poderia ter sido punido até 2016.
A
investigação também alcançava o ex-senador e ex-governador de Alagoas Teotônio
Vilela Filho (PSDB), presidente do partido na época apontada por Sérgio
Machado, ex-líder do PSDB no Senado e ex-presidente da Transpetro, subsidiária
da Petrobras e um dos delatores da Lava Jato.
Machado
contou que ele, Aécio e Teotônio montaram um fundo para financiar a bancada do
PSDB no Congresso. O parlamentar mineiro, segundo o delator, recebeu R$ 1 milhão.
O plano, de acordo com Machado, era eleger o maior número possível de deputados
federais para viabilizar a condução de Aécio à presidência da Câmara em 2000.
De acordo com
o ex-senador, os três levantaram R$ 7 milhões, que foram rateados entre cerca de
50 deputados. “A maior parcela dos cerca de R$ 7 milhões arrecadados à época
foi destinada ao então deputado Aécio Neves, que recebeu R$ 1 milhão em
dinheiro”, disse Machado. O delator contou, ainda, que recebeu R$ 350 mil para
o PSDB, em 1998, das mãos do empreiteiro Luiz Nascimento, da Camargo Correa,
uma das empresas investigadas na Lava Jato.
Aécio chamou
as declarações de Sérgio Machado de “falsas e covardes”. “(Machado) não hesita
em mentir e caluniar no afã de apagar seus crimes e conquistar benefícios de
uma delação premiada”, respondeu o senador logo depois que foi divulgada a
delação do ex-colega de partido.
Ex-presidente
da Transpetro, subsidiária da Petrobras, o ex-senador cearense ocupou o cargo
por indicação do PMDB, partido ao qual se filiou ao final do governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB). Para fazer a delação, o político gravou peemedebistas
ilustres, como os senadores Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR) e o
ex-presidente José Sarney. Nos áudios, todos faziam críticas à Lava Jato e
demonstravam temor com o avanço das investigações. Jucá defendeu, inclusive,
que era preciso “estancar a sangria” da Lava Jato, ao defender o impeachment da
então presidente Dilma Rousseff.
Problemas no STF
O
arquivamento, porém, não livra Aécio de problemas na Justiça. O nome dele é
dado como certa na lista dos políticos que serão investigados no Supremo por
conta das delações da Odebrecht.
O senador já
responde aos inquéritos 4246
e 4244
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O presidente do PSDB é
acusado de receber vantagens ilícitas de empresa contratada pela estatal Furnas
Centrais Elétricas. Segundo a PGR, recursos irregularmente desviados de Furnas
recebiam verniz legal por intermédio de pessoas jurídicas ligadas à irmã do
senador tucano. Além disso, ainda de acordo com a acusação, o dinheiro era
destinado a contas no exterior, por meio de doleiros, o que configura evasão de
divisas.
O segundo
inquérito apura se Aécio atuou para “maquiar” dados da CPI dos Correios, em
2005, e esconder a relação entre o Banco Rural e o chamado mensalão mineiro. Na
época, ele era governador de Minas. Também são investigados Clésio Andrade, que
era vice-governador do tucano, e o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), que
era filiado ao PSDB.
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