Por Manoel Paixão
Talvez você seja daqueles(as) que diz que "Política não se discute!". Me preocupa que muitos jovens tenham essa concepção. De tal modo, que eu agora te convido a refletir comigo, e quem sabe ao final desse texto você passe a pensar o contrário.
Pois, bem. Pode ser que o 'não discutir política' do qual você se refere, seja de imediato pela lógica do campo político-partidária, que você logo inclui na mesma linha da religião e do futebol. E por isso se reserva. Esqueçamos nesse momento a religião e o futebol, e nos concentremos na temática da política.
Como é sabido por todos, vivemos em 'tese' numa democracia, em que na qual, por exemplo, o sistema político eleitoral gira em torno dos partidos políticos. Assim, se você tem pretensões de disputar um pleito eleitoral, além da obrigação de estar em pleno gozo dos direitos políticos, deverá conhecer, analisar e se filiar a uma legenda partidária. E ainda, dentro deste contexto, seu envolvimento pode ser na condição de um(a) analista ou de um(a) articulador(a) político(a).
Podemos também discutir a política pela ótica da cidadania, posto que, todo cidadão é por natureza um ser político. Conforme nos diz o filósofo Aristóteles "O homem é naturalmente político". E ser cidadão é fazer valer os seus direitos e deveres civis, políticos e sociais, e este é de fato, o exercício da plena cidadania.
Diante disso, ficar alheio a política permite que você deposite seus sonhos e aspirações, e decisões e ações importantes ao bem viver, que são inerentes a sua vida, da sua família, da sua instituição de ensino, do seu bairro, da sua comunidade, do seu município, do seu Estado e do seu país, nas mãos de pessoas que não tenham o compromisso de pensar a sociedade com você e os seus existindo nela.
Essa exclusão me faz lembrar os versos de uma música que eu ouvi dias atrás, que dizem "...Preste atenção/Não abra mão dos próprios sonhos/Não tem perdão/Não deixe de sonhar...", e eu vou acrescentar umas duas palavras aos versos seguintes para completar o raciocínio, e te dizer que "...Talvez não vai encontrar quem vai 'sonhar' por ti...". E ainda, volto a usar música como exemplo, "...Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério/O jovem no Brasil nunca é levado a sério...", e não é de hoje que pensam e dizem muitas coisas à respeito dos jovens, há até aqueles que os generalizam, e quantos as críticas estas nem sempre são construtivas. Isso se deve ao fato de que alguns jovens nem mesmo se levam à sério, se calam, não tomam atitudes, não se manifestam, não se envolvem, não atuam e nem mesmo fazem ideia do poder que têm nas mãos, e levam tudo na base do "...Deixem que digam/Que pensem/Que falem/ Deixa isso pra lá/O que é que tem...". E o que acontece quando "...Eu não tou fazendo nada/Nem você também..." ou diante do "...Deixa a vida me levar/Vida leva eu..."? O resultado de tudo isso, será sem dúvida a exclusão política e social, que é o fruto de uma inércia, de uma omissão ou de uma ignorância política, com a própria realidade e com o futuro.
E quanto às ideologias - entenda uma coisa - não existe imparcialidade ou neutralidade, segundo o grande educador Paulo Freire "Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: a sua base é inclusiva ou excludente?".
Você pode até ter aversão ou indiferença à política, se opor ou se abster de discuti-la, ou algo do tipo, até mesmo por associa-la de forma equivocada com os péssimos exemplos que vem da maioria dos nossos políticos. Nesse sentido, se muita coisa não muda e o quadro político não se renova, é devido a ausência da juventude nas discussões ou no processo, ou em ambos. Na verdade estamos há muito carentes de novas lideranças.
E aí, você consegue se enxergar agora e/ou enxergar o seu papel dentro da política? Reconhecendo ou não, discutindo ou não, participando ou não, ela faz parte da sua vida, daí a sua importância.
Então, voltando ao início do texto, política se discute ou não se discute? Particularmente, de alguma forma, eu te digo que sim. De todo modo, te agradeço pela atenção e te desejo boa sorte!
Nenhum comentário:
Postar um comentário