por Manoel Paixão
A educação é a solução para os problemas de ordem socioeconômica enfrentados pela classe trabalhadora e principalmente para a construção de uma sociedade mais justa. E dentro desse contexto a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem um papel relevante para a reversão desse quadro.
Dentre os problemas enfrentados, podemos citar o desemprego, além do analfabetismo e da baixa escolaridade da maioria da população de baixa renda. Tais problemas são reflexos da relação estabelecida entre educação e o mundo do trabalho, e perpassa pela valorização ou rejeição do trabalho como componente central do processo educativo.
Diante disso, é importante que o processo educacional existente no país, atenda à classe trabalhadora e população em geral, pretendendo à sua formação integral e individual, visando à preparação para a vida e não apenas com o intuito de atender as exigências do mercado de trabalho.
Tendo em vista o atual momento social, político e econômico do país, chama atenção à questão da relação dual entre o mundo do trabalho e a oferta educacional existente. Tal questão se reflete no discurso da empregabilidade, mas nem todos terão sucesso ao disputar uma vaga no mercado de trabalho, gerando desempregados e trabalhadores precarizados.
Por isso, é preciso refletir sobre qual educação temos e qual consideramos ser a mais adequada para a classe trabalhadora, visando sempre a formação de um cidadão trabalhador, que possibilite a esse optar pelos caminhos a serem trilhados ao longo de sua vida. Entendendo, também que qualquer projeto que envolva educação e trabalho, precisa ser articulado e construído, também, pelos trabalhadores.
Desta forma, a educação oferecida à classe trabalhadora privilegiaria a superação da exclusão do saber escolar formal e seria capaz de articular os diferentes saberes produzidos por essa mesma classe, em prol da formação ampla do cidadão, ou seja, que trabalhe a educação muito mais como um canal de formação da cultura geral e de construção do conhecimento e do homem como um ser dirigente do que, simplesmente, como possibilidade de informação ou transmissão de determinados conteúdos.
A EJA pressupõe muito bem essa relação entre a educação e o mundo trabalho, considerando que muitos dos alunos da modalidade trabalham, além, daqueles que ainda não se inseriram no mercado de trabalho, mas que buscam por tal oportunidade. No entanto, a modalidade EJA apenas garante o acesso do trabalhador à escolarização, mas é preciso muito mais do isso, como por exemplo, viabilizar as necessidades de estudar e de trabalhar para os que tentam combinar as duas atividades, tornar a escola um espaço destinado à educação integral, que permita a esse o acesso ao conhecimento, à cidadania, às relações sociais, às experiências culturais diversas, que podem contribuir como suporte no desenvolvimento singular desse aluno como sujeito sócio-cultural e na elevação de sua auto-estima. Por isso, o sistema de ensino deve garantir ofertas educacionais apropriadas para essa parcela da população.
Assim, a partir de questões atuais como desenvolvimento, crescimento e sustentabilidade, uma nova forma de relação entre educação e trabalho se faz evidenciar, e a EJA desponta como parte integrante deste processo para a formação do cidadão, que culminará na superação das desigualdades sociais, das barreiras da exclusão que atinge a classe trabalhadora no país, sobretudo no que se refere ao acesso ao ensino obrigatório, a sua permanência e, ainda, a uma educação de qualidade para todos.
Referências bibliográficas
O diálogo entre Trabalho e Educação de Jovens e Adultos. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt18/t183.pdf. Acesso em: 28/05/2011.
Proposta Pedagógica. Educação e o mundo do trabalho. Disponível em: http://www.forumeja.org.br/files/Proposta%20Pedag%C3%B3gica_2.pdf. Acesso em: 28/05/2011.
A EJA e sua participação no crescimento da produtividade brasileira. Disponível em: http://www.brasilescola.com/economia/a-eja-sua-participacao-no-crescimento produtividade-htm. Acesso em: 28/05/2011.
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