A classe operária conquista o paraíso
No século passado, os anos 70 marcaram história pelas mudanças radicais ocorridas em todo mundo. O movimento hippie e sua influência sobre os valores tradicionais da sociedade, o crescimento industrial mundial implementando novas tecnologias, o início das derrocadas dos regimes totalitários e a utilização dos satélites que transformaram o mundo em uma aldeia global, o admirável mundo novo, como era denominado.
Nessa época, a sociedade brasileira começava a enfrentar a ditadura militar que entregou os pontos logo no início dos anos 80 com a abertura lenta e gradual. Ali surgia o Partido dos Trabalhadores, aglutinando a força do operariado da cidade e do campo, de intelectuais, artistas, gente que não aceitava o fosso social existente entre as classes alta, média e baixa além de milhões de miseráveis.
Mesmo assim, foram cerca de vinte anos para o presidente Lula da Silva chegar ao poder e iniciar as mudanças profundas que as elites dominantes não aceitavam de forma alguma e colocar a classe operária na porta do paraíso.
Evidente que muitos outros fatores contribuíram para essa ascensão. Mas sem dúvida os programas como o bolsa família, a melhor distribuição da renda graças às políticas desenvolvimentistas inclusivas e afirmativas, o maior acesso às universidades, aos supermercados, cinemas, teatros, bares e restaurante, além de salão de beleza, fomentaram a economia e distribuíram renda, dando mais chance à classe proletária de galgar espaços na nova sociedade brasileira. Os ricos continuam ricos, a classe média nunca viajou tanto ao exterior, a classe pobre deu uma levantada e hoje tem novo “status” e a classe antes miserável já pode comer, e sonhar com sua casinha.
No campo, chegou o programa Luz Para Todos, que no governo do PSDB era denominado Luz no Campo, só os fazendeiros é que possuíam porque custava caro estender fios por ramais onde habitavam poucos colonos pobres. Mas o presidente Lula executou e hoje até nos confins da Amazônia ou no árido sertão do nordeste a energia elétrica é realidade.
Hoje, os aviões transportam passageiros de todas as classes sociais porque viajar está mais em conta; democratizamos o último reduto dos ricos e tomamos conta dos aeroportos nacionais e internacionais. O respeitado jornalista Elio Gáspari, em sua coluna tradicional de domingo, relata que dois economistas americanos de alto coturno, James Robinson (Harvard) e Daron Acemoglu, (MIT), ressaltam no livro ‘As origens do Poder, da Prosperidade e da Pobreza', que “a ascensão do Brasil não foi arquitetada por economistas de instituições internacionais que ensinaram aos seus governantes as melhores políticas para evitar as falhas de mercado. Também não foi com a ajuda externa. Ela resultou de grupos de pessoas que, corajosamente, construíram instituições econômicas inclusivas". Élio sugere que o livro poderá ser um bálsamo ao presidente Lula reconhecendo que muitas dessas políticas foram implementadas em seu governo.
Para ilustrar essa nova realidade, cito a conversa que ouvi de dois estudantes da classe trabalhadora, ambos cursando a universidade com auxílio do ENEM. "Consegui um estágio no primeiro ano da faculdade e já estou pensando em adquirir um notebook", disse o primeiro. No que o outro retrucou: "Você está é devagar, eu já estou no segundo ano, já fiz concurso público, estou esperando ser chamado e faço curso de idiomas pela universidade, quero é ser executivo". Quem imaginaria esse diálogo décadas atrás?
Fonte: Publicado em 27 de março de 2012, no blog do Deputado Estadual Valdir Ganzer (PT-PA).
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