Caso Mariana Ferrer volta acender a discussão sobre a cultura do estupro no Brasil
Por Jornal GGN
Foto: M. SCHINCARIOL / AFP
Jornal GGN – O caso de estupro da influencer Mariana Ferrer, 23 anos, voltou a gerar revolta nas redes sociais na manhã desta terça-feira, 3. Imagens obtidas e divulgadas pelo The Intecept Brasil mostram o julgamento do empresário André de Camargo Aranha, em setembro, acusado de violentar a jovem catarinense.
Durante a audiência, Aranha foi inocentado e Ferrer humilhada pelo advogado de defesa, Cláudio Gastão da Rosa Filho, um dos profissionais com os serviços mais caros de Santa Catarina, de acordo com a reportagem.
O promotor responsável pelo caso, Thiago Carriço de Oliveira, afirmou que não havia como o empresário saber que a jovem não tinha condições de consentir com o ato sexual, assim, segundo a sentença, Arranha não teve “intenção” de estuprar.
O juiz da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, Rudson Marcos, aceitou a argumentação e o empresário foi absolvido da acusação.
Em julho de 2019, o primeiro promotor do caso, Alexandre Piazza, denunciou Aranha por estupro de vulnerável, por entender que a vítima estava sob efeito de álcool ou de alguma substância química e não era capaz de consentir com o ato sexual. Na época, Piazza ainda pediu a prisão preventiva de Aranha, aceita pela justiça e depois derrubada em liminar na segunda instância.
De acordo a denúncia obtida pelo The Intercept Brasil, Piazza considerou como prova do estupro de vulnerável o material genético colhido na roupa de Ferrer e em um copo no qual Aranha bebeu água durante interrogatório na delegacia, além de “as mensagens desconexas encaminhadas pela vítima aos seus colegas” após o crime e os depoimentos de Ferrer, de sua mãe e do motorista do aplicativo Uber que a levou em casa na noite em que sofreu a violência.
Mas, o juiz Rudson Marcos não levou em consideração todas essas provas e apenas concordou com a tese do segundo promotor que assumiu o caso. O juiz ainda afirmou que é “melhor absolver 100 culpados do que condenar um inocente”. A defesa de Ferrer recorreu da decisão.
Ferrer também foi vítima de humilhação durante a audiência
A partir das imagens da audiência por videoconferência obtidas e divulgadas pelo The Intecept Brasil, o advogado de defesa de Aranha, Cláudio Gastão da Rosa Filho, mostrou várias fotos de Ferrer, que definiu como imagens “ginecológicas”. Na ocasião, Gastão também disse que “jamais teria uma filha do nível” de Ferrer e disparou contra a vítima: “Só aparece essa sua carinha chorando. Só falta uma auréola na cabeça. Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso, e essa lágrima de crocodilo”.
Mesmo abalada com as alegações, Ferrer respondeu ao advogado: “Eu gostaria de respeito, doutor. Excelentíssimo, eu estou implorando por respeito no mínimo. Nem os acusados, nem os assassinos são tratados da forma que eu estou sendo tratada gente, pelo amor de Deus. Eu sou uma pessoa ilibada. Nunca cometi crime contra ninguém.”
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santa Catarina e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos solicitaram esclarecimentos ao advogado e ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina sobre sua conduta de o durante o interrogatório.
Repercussão: Mulheres não se calam
Após a publicação da reportagem do The Intecept Brasil, o caso de Ferrer e a cultura do estupro no Brasil volto a ser os assuntos mais comentados nas redes sociais nesta terça-feira.
Fonte: Publicado no Jornal GGN
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