"Patrono da educação brasileira, atacado pela direita, professor
completaria ontem (19) 95 anos, mais atual do que nunca. Defendia a
autonomia por meio da conscientização e da troca de experiências."
Por Redação RBA
São Paulo
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Freire ganhou renome internacional com o projeto que alfabetizou cerca de 300 adultos em 45 dias |
Nesta segunda-feira (19), o educador pernambucano Paulo
Freire, um dos maiores do mundo, completaria 95 anos. Morto em 1997, aos
76 anos, Freire foi declarado como patrono da educação brasileira em
2012. Hoje atacado pela direita, nas ruas e nas redes
sociais, Freire acreditava que educar não é apenas ensinar a ler e
escrever, mas desenvolver senso crítico, politizar, além de estimular a
troca de conhecimento entre professores, alunos e a comunidade –
proporcionando ao aluno a consciência sobre os rumos da própria vida por
meio da educação. Sua obra mais conhecida, A Pedagogia do Oprimido, foi traduzida para mais de 40 idiomas.
"Os ultraconservadores se incomodam com Freire porque ele
estabelece a necessidade da justiça social e da não discriminação, do
diálogo sobre as nossas diferenças econômicas, culturais, sexuais,
políticas, educacionais que, portanto, colocam a sociedade em análise",
afirma Paulo Roberto Padilha, diretor pedagógico do instituto que
homenageia o educador.
"Freire diz que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Ou seja, a visão do mundo que aquele educando tem, as experiências que ele traz para a sala de aula, são elementos fundamentais para o processo de educação", diz o professor Gilberto Alvarez, o Giba, coordenador do departamento de formação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e comentarista de educação do Seu Jornal, da TVT.
Paulo Freire ganhou renome internacional com o projeto "Com
pé no chão também se aprende a ler", que, em 1961, alfabetizou cerca de
300 cortadores de cana em 45 dias, passando a servir de modelo para os
planos educacionais voltados aos jovens e adultos em todo o país.
"Ele falava que não adianta a pessoa conseguir ler 'Eva viu a uva', se a pessoa não entender qual é o contexto social da Eva, a situação social do trabalhador que produz a uva e quem detém o lucro da produção", lembra Giba.
Os que hoje combatem o legado de Freire defendem o chamado projeto Escola sem Partido, que segundo os educadores, trata-se na verdade de uma escola de partido único, inibe a divergência e tenta impor um modelo de pensamento único, conforme vigorou, em maior ou menor grau, durante a ditadura de 1964.
"É um atentado ao trabalho do professor, uma desmoralização das ciências humanas. Tivemos uma escola com partido no regime militar. Esse movimento, Escola sem Partido, quer voltar a esse tempo", rebate Giba.
Fonte: publicado em 20/09/2016 no site da RBA (Rede Brasil Atual)
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