"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Paulo Freire, 95 anos

Hoje, 19 de setembro, dia em que Paulo Freire completaria 95 anos, Moacir Gadotti, presidente de honra do IPF, publica texto em homenagem ao amigo e companheiro de lutas.
Hoje, 19 de setembro de 2016, Paulo Freire completaria 95 anos. Escrevo em nome de sua memória e presença, sempre vivas entre nós.

A melhor homenagem que podemos prestar a ele é continuar lendo e relendo seus livros de forma crítica. Honrar um autor é sobretudo estudá-lo e revê-lo criticamente, retomar seus temas, seus problemas, seus questionamentos. Afinal, o que deseja um autor, ao escrever um livro, é que ele seja lido e que seus leitores não sejam simplesmente seguidores de ideias, mas que sejam críticos, que não sejam indiferentes. Convivi com Paulo Freire por 23 anos e sei que ele pensava exatamente assim. E ele sempre dizia: reinventem-me!

Estamos diante de um autor que não ficou indiferente à injustiça. Por isso, criou um pensamento vivo, orientado pela perspectiva do oprimido. Ela está estampada na dedicatória do seu livro mais importante,Pedagogia do oprimido: “Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam”.

A pedagogia de Freire continua viva e necessária não só porque ainda há opressão no mundo, mas porque ela reponde a necessidades fundamentais da educação do nosso tempo e dos desafios que as diferentes sociedades, brasileira e de todo o mundo, ainda nos apresentam.

A escola e os sistemas educacionais encontram-se hoje frente a novos e grandes desafios diante da generalização da informação na sociedade que é chamada, por muitos, de sociedade da aprendizagem. As consequências para a escola, para o professor e para a educação são enormes: ensinar a pensar, comunicar-se, pesquisar, ser criativo, recriar conhecimentos, ser independente e autônomo. A escola precisa tornar-se um grande Círculo de Cultura, ser gestora do conhecimento social e, afinal, dialogar com os saberes que acontecem também fora da escola, pois a educação acontece em todos os cantos.

Alguns certamente gostariam de deixar para trás a contribuição de Paulo Freire na história das ideias pedagógicas; outros gostariam de esquecê-lo, por causa de suas posições políticas. Ele não queria agradar a todos e a todas. Mas havia uma unanimidade em todos os seus leitores e em todos os que o conheceram de perto: o respeito à pessoa. Paulo podia discordar das ideias, mas respeitava as pessoas, com amorosidade. E mais: sua prática do diálogo o levava a respeitar também o pensamento daqueles e daquelas que não concordavam com ele. Definiu-se, certa vez, como um “menino conectivo”.

Por tudo isso, nós, do Instituto Paulo Freire, que tivemos a honra e o prazer de dialogar com ele, tão proximamente, sentimo-nos felizes por poder contribuir com o prosseguimento do seu sonho, de suas lutas e reinvenção de seu legado.

Moacir Gadotti
São Paulo, 19 de setembro de 2016.


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