"O juiz federal decidiu aceitar a denúncia apresentada na
semana passada pelos procuradores da Lava Jato. O documento foi alvo de
críticas pela imprensa internacional, juristas e até mesmo opositores
históricos de Lula. Já o Power Point foi motivo de piadas por qualquer
um que tenha uma mínima noção de estética."
Por Redação
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Juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. |
O juiz federal Sérgio Moro aceitou nesta terça-feira (20) a denúncia apresentada pelo Ministério Público
contra o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, a mulher dele, Marisa
Letícia da Silva, e outras seis pessoas sob a acusação de corrupção e
lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.
Lula se torna réu pela segunda vez na operação e agora será julgado
pelo próprio Moro, responsável pelos casos de quem não tem foro
privilegiado. Caso seja condenado, ele ficará inelegível nas próximas
eleições presidenciais.
Moro disse que os elementos apresentados na denúncias “são
questionáveis”, mas que são suficientes para o recebimento da denúncia.
“Certamente tais elementos probatórios são questionáveis, mas, nessa
fase preliminar, não se exige conclusão da responsabilidade criminal,
mas apenas justa causa”, escreveu o juiz no despacho.
Na coletiva da semana passada, os procuradores da Lava Jato trataram
Lula como como “o comandante máximo” do esquema de corrupção na
Petrobras embora não tenham, segundo eles próprios, nenhuma “prova
cabal” de que o ex-presidente teria sido beneficiado.
Segundo os procuradores, Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina de
empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, por meio de
vantagens indevidas, como a reforma de um apartamento triplex no Guarujá
(SP),e pagamento de despesas com guarda-volumes para os objetos que
Lula ganhou quando estava no cargo. As vantagens teriam sido pagas pela
empreiteira OAS.
Após a divulgação da denúncia, os advogados de Lula afirmaram que as
acusações fazem parte de um “deplorável espetáculo de verborragia da
manifestação da força tarefa da Lava Jato”.
“O MPF elegeu Lula como maestro de uma organização criminosa, mas
esqueceu do principal: a apresentação de provas dos crimes imputados.
“Quem tinha poder?” Resposta: Lula. Logo, era o “comandante máximo” da
“propinocracia” brasileira. Um novo país nasceu hoje sob a batuta de
Deltan Dallagnol e, neste país, ser amigo e ter aliados políticos é
crime”, argumentou a defesa.
A denúncia foi muito criticada até mesmo por opositores históricos de Lula e do PT como o colunista Reinaldo Azevedo,
da Revista Veja, que afirmou que o documento “constrange os meios
jurídicos” e que a acusação, apesar de tentar demonstrar que Lula
chefiava uma organização criminosa, não apresentou provas, o que seria
um “erro primário, fruto do açodamento e do estrelismo”.
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Procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato. |
Já o francês Le Monde foi ainda mais duro e classificou as investidas contra Lula como “uma verdadeira inquisição”.
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