*Por Luis Filipe Miguel
Texto publicado na página do Facebook do autor
(Foto: Reprodução/Facebook)
A desculpa para colocar Pazuello, que não entende absolutamente nada da área, no Ministério da Saúde é que ele era "especialista em logística".
O país segue incapaz de combater a pandemia, recusando as políticas de isolamento social, descontrolado na oferta de leitos, jogando testes não aplicados no lixo e afogado em comprimidos inservíveis de cloroquina.
Apesar da enorme vantagem com que parte - o SUS -, o Brasil está atrasadíssimo no planejamento da vacinação.
E agora foi anunciado que as vacinas que estão aparecendo "não nos servem": tem que ser dose única e ficar armazenada em geladeira comum.
Embora nossos vizinhos da América do Sul, com dificuldades iguais ou maiores que as nossas, já estejam se preparando para imunizar suas populações com as vacinas que existem.
Em suma: enquanto o mundo se prepara para virar a página, o Brasil continuará patinando.
Quem tiver dinheiro comprará sua vacinação em clínicas privadas, rezando para que elas sejam confiáveis. E os pobres ficam ao deus-dará.
Esse é, afinal, o projeto da nossa direita, que o bolsonarismo encarna com radicalidade: um Brasil cuja iniquidade se expõe sem disfarces, sem anteparos, sem mitigação.
A gente já sabia que esse negócio de "especialista em logística" era balela. A qualidade de Pazuello que o fez virar ministro é ser um frouxo, pronto a compactuar com as sandices e a criminosa politização da ciência promovida por Bolsonaro - e com a destruição do SUS.
*Professor da Unb e coordenador do Demodê - Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades
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