Lula, sem queremos incorrer na rasa pieguice, precisamos dizê-lo hoje mais do que nunca: você fez muito para nós, brasileiras e brasileiros. Você mostrou que há um Brasil inclusivo possível, um Brasil onde todas e todos cabem, sem distinção de gênero, renda, origem, cor, credo ou opção sexual. Um Brasil generoso que nem você, que a maioria de nós só imaginava em sonho. Você tornou um pouco desse sonho real.
Você ensinou tolerância, respeito aos
que pensam diferente, amor aos que dele carecem. Onde passa, você cativa,
abraça e beija. E o faz com sinceridade, mostrando que a empatia não é uma
mercadoria só encontradiça em campanha eleitoral.
Você irradiou esperança, sem iludir
ninguém. Nunca se perdeu pelo caminho fácil dos rótulos e chavões. Foi sincero
e verdadeiro, coisa que é tão rara de se encontrar num meio onde o poder é
disputado sorrateiramente, com quimeras e mentiras. Você não hostilizou os
hipócritas, mas não se rebaixou a eles.
Acusaram-no de ter confiado demais nos
políticos da tradição patrimonialista, o que não é verdade. Você precisou de
base para governar e criou um consenso parlamentar inédito para isso. Só com
ele foi possível atender à dívida secular com a massa de excluídos deste país.
Não pôde barrar ninguém que se dispusesse a lhe dar apoio nessa empreitada,
ainda que, depois, muitos vieram a traí-lo.
Mesmo traído, nunca quis mal aos
traidores. Estendeu-lhes a mão, mostrando que o interesse do país é maior que
as emoções pessoais. Não cultivou ressentimentos e mostrou a nós que política
se faz com a cabeça e o coração, mas jamais com o fígado e a bílis.
Apesar de injustiçado, fez questão de
honrar todas as vias processuais, todas as instâncias decisórias para reverter
uma sentença sórdida, politiqueira, corporativa e meganhocrata. Mostrou paciência
e respeito pelas instituições, mesmo quando, irritadas e açodadas, não o
respeitaram. Esgotou todos os meios e mostrou uma fé inquebrantável na
Constituição que jurou cumprir como presidente da república.
Você é muito maior que os que o ousaram
julgar, não pelos cânones legais, mas por vaidade ou pusilanimidade, por
preconceitos falso-moralistas, por arrogância ou prepotência, por ambição e por
interesse político indisfarçável. E está firme, consolando a todas e todos que
neste momento de seu padecimento público querem-no prantear. Você não nos deixa
cair na autocomiseração e nem no pessimismo, mas nos levanta e ensina a aceitar
a eventual derrota como mero percalço no caminho da vitória inexorável.
Por tudo isso, Lula da Silva, nós
agradecemos e assumimos o dever de continuar sua luta, que é a luta de todos
nós. Você voltará nos braços das multidões e ensinará a seus detratores que não
há força maior que a verdade e a justiça, mesmo que estas não se encontram nas
mãos de uns burocratas regiamente pagos e, sim, na soberania popular em que,
não pífias virtudes concurseiras, mas o voto de confiança merecida do povo que
o elegeu é que vale.
Obrigado, Lula da Silva!
Fonte: Publicado no Brasil 247
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