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Por Manoel Paixão
Só uma pergunta simples: Que fim levou o "elevador privativo" implantado durante a reforma milionária feita no famoso tríplex do Guarujá atribuído ao Lula, que consta na denúncia do MPF e que o levou à prisão?
E convenhamos, essa é uma ótima pergunta, sobretudo, diante da “farsa judicial” criada para tirar o Lula do processo eleitoral desse ano. Lembrando que, mesmo preso, Lula ainda lidera a corrida presidencial para essas eleições.
Mas, antes vamos recordar um trecho do depoimento de Lula a Moro, no âmbito do processo do tríplex do Guarujá:
"O senhor tem conhecimento de que o elevador privativo no apartamento só foi implantado a partir de 15 de setembro de 2014 conforme os documentos constantes no processo?", perguntou o juiz Moro ao Lula.
"Não", respondeu Lula.
"Dr., se o senhor me permite, essa do elevador é uma das anomalias da denúncia do Ministério Público", disse Lula.
"Será que alguém de bom senso nesse país imagina, que eu ia pedir um elevador num apartamento que não era meu e deixar de pedir pra fazer no apartamento do prédio que a Dona Marisa mora há 20 anos? E que a Dona Marisa tomava remédio [para dores nas cartilagens] todo santo dia?", questionou Lula.
"É no mínimo Dr. cumprir o ditado de que quem conta uma mentira, passa a vida inteira mentindo para justificar a primeira mentira", acrescentou Lula.
"O Sr. está afirmando então, que não solicitou essa reforma no apartamento tríplex para colocação do elevador?", questionou Moro.
"Absolutamente", afirmou Lula.
A propósito, vale lembrar que, durante o processo o juiz Moro indeferiu perícias relacionadas a alegada reforma do tríplex, solicitadas pela defesa do Lula, que poderiam muito bem esclarecer a existência de tal obra, bem como, da instalação do elevador privativo.
Se restava alguma dúvida de toda essa farsa judicial - que não é o meu caso -, depois das imagens feitas durante a ocupação do tríplex, pelo pessoal do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, que circularam nas redes sociais na semana passada, ficou mais do que claro ainda, que o Lula foi condenado por algo que nunca existiu.
E assim, sem precisar de muito, toda essa farsa acabou por ser desmontada.
O professor Afrânio Silva Jardim, mestre e livre-docente em Direito Processual pela Uerj, e considerado um dos maiores processualistas do país, fez o seguinte questionamento em recente postagem na sua página do Facebook: "Como aceitar que um juiz possa perguntar ao acusado sobre a existência de um elevador que não existia?". Realmente, não dá mesmo para aceitar isso. Óbvio, a não ser pelo pessoal do antipetismo e/ou do antilulismo. Porque para quem tem um pingo de bom senso, é inaceitável.
Segundo o sociólogo e cientista político Emir Sader: "Agora Lula se tornou vítima da maior injustiça contra um líder político no Brasil. Vítima de um processo fajuto, sem crimes e sem provas, baseado na convicção de um juiz partidário, espelhado em um powerpoint ridículo, condenado por juízes que atuam, no seu conjunto, para forjar uma perseguição com claro caráter político contra ele".
Até mesmo o jornalista Reinado Azevedo, já havia definido o processo do tríplex do Guarujá, que acabou levando o Lula a prisão, como a ‘Teoria do Domínio da Fábula’: “Se isso nunca mais se repetir, Lula está sendo vítima de um julgamento de exceção. Se atravessamos o umbral, está decretado o fim da segurança jurídica. Restará o Direito do PowerPoint, que é a expressão gráfica e ágrafa da Teoria do Domínio da Fábula, criada para inflamar os apedeutas das redes sociais de Banânia”.
Diante de toda esta situação, eu só posso imaginar, que se instalou no país o que se pode chamar de Estado de exceção, e que o Lula é o “inimigo nacional” da vez, sendo uma questão de tempo para que nós, outros brasileiros/as, também soframos a mesma coisa, bastando apenas que sejamos apontados como os próximos inimigos. Tudo leva a crer, que não temos mais o Estado Democrático de Direito, posto que tenho visto, a exemplo dessa farsa judicial contra o Lula, garantias fundamentais sendo violadas. O jurista e professor Pedro Serrano, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), disse recentemente ao programa da TVT Entre Vistas, que: “diante da situação a que o país chegou com o Estado de exceção e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, todos os cidadãos estão ameaçados”.
Já o jornalista Luís Nassif, foi enfático ao dizer que: "Efetivamente nós estamos, hoje, em uma ditadura. Uma ditadura, que vêm do judiciário, Ministério Público, Polícia Federal e órgãos de controle.... Aqueles direitos consagrados pela constituição, hoje, estão sendo atropelados por uma 'onda fascista'. Quando se fala em onda fascista, não é força de expressão, é onda fascista efetivamente, é quando caminha numa direção de procurar inimigos, de tirar qualquer direito dos inimigos... Nós estamos hoje numa ditadura, em que você não tem mais nenhuma forma de segurança... É um momento triste, e que em lugar de desanimar, tem que trazer a gente para linha de frente, para impedir que o Brasil mergulhe em algo que parecia já extinto, pelos avanços da humanidade, e que voltou aqui em plena força, 'o fascismo'." [Trechos extraídos do áudio Opinião: Prisão do Lula]
E numa dessas sacadas de humor do Quadrinsta da Carta Capital: "Cozinha planejada e elevador do tríplex foram escondidos em mala”. Talvez seja isso!
A que ponto esse país chegou? Até quando vamos permitir isso? Se fizeram isso tudo contra o Lula, imagina só o que podem fazer contra qualquer outra pessoa?
O povo brasileiro não pode aceitar tudo isso que está acontecendo, assim, tão passivamente. Algo precisa ser feito e urgentemente para reparar toda essa injustiça contra o Lula e para restabelecer as garantias do Estado Democrático de Direito no país.
Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, entre outras coisas, "defender Lula não é coisa de petista, nem de esquerdista, é atitude de gente sensata, gente que sabe que o que está em jogo não é corrupção, apartamento tríplex, sítio, pedalinho, nada disso, o que está em jogo é o sistema democrático brasileiro".
Mas, o que muita gente anda perguntando nesses últimos dias, e o que eu também tenho pressa em saber, é: Que fim levou o tal do elevador?
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