Lula com militância em São Bernardo. Fotos Publicas/ Ricardo Stuckert |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva conseguiu transformar sua prisão num grande ato político, e se entrega à
polícia nos braços do povo, ao som de “Apesar de você”. Diga-se o que se
disser de Lula, mas com este ato final – que dificilmente será de verdade um
final – ele mostrou a genialidade política que encanta aliados e tanto pavor
provoca em adversários. Ganhou a imagem.
Antes de chegar à cadeia, Lula falou de
seu legado, mas mirou o futuro e apontou seus herdeiros. Em especial, saudou os
“jovens” candidatos à presidência da República Manuela D’ Ávila, pelo PCdoB, e
Guilherme Boulos, pelo PSOL, que se habilitam agora não só a herdar seus votos,
mas a fazer parte de uma frente de esquerda que não é mais um projeto
impossível para as eleições deste ano.
Quem irá para a cabeça de chapa,
discute-se depois. Mas o elogio a Fernando Haddad, no mesmo momento, não deixou
margem a dúvidas de que, se for do PT, o nome é ele.
Em alguns momentos de forma emocionante,
o ex-presidente homenageou mais de vinte companheiros que estavam a seu lado no
altar-palanque montado na frente do sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A
ex-presidente Dilma Rousseff, por exemplo, recebeu um dos maiores elogios
quando Lula disse que teria sido impossível fazer tudo o que fez sem ela.
Acima de qualquer elogio ou
agradecimento, porém, Lula pautou o destino político de cada um deles,
mostrando que a vida continua com Lula da cadeia. Eduardo Suplicy é o futuro
senador por SP, Wellington Dias vai para um quarto mandato de governador no Piauí,
Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte… Celso Amorim, candidato no Rio, foi
citado como o maior chanceler que o Brasil já teve.
Lula ao lado de Dilma na missa por Marisa – Fotos Publicas/ Paulo Pinto |
Luiz Marinho, Gleisi Hoffmann, Lindbergh
Farias, Orlando Silva – cada um deles teve a sua palavra pessoal e política do
ex-presidente, mensagens preciosas para a campanha eleitoral.
Não deixou também de mencionar e
fortalecer os laços com o MST, o MTST e os movimentos populares, inclusive
elogiando as invasões. Afinal, eles nunca lhe faltaram.
Em sua mensagem final, o ex-presidente
emocionou os militantes ao dizer que andará por suas pernas, sonhará por seus
sonhos e terá seu coração batendo no de cada um deles, porque a luta continua.
Nunca antes neste país alguém foi assim
para a cadeia. Nos braços dos aliados, sob as vistas de todo o Brasil e
organizando o futuro. Definitivamente, não acabou.
*Helena Chagas é Jornalista,
formada na Universidade de Brasília em 1982. De lá para cá, trabalhou como
repórter, colunista, comentarista, coordenadora, chefe de redação ou diretora
de sucursal em diversos veículos, como O Globo, Estado de S.Paulo, SBT e TV
Brasil (EBC). Foi ministra chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da
República de janeiro de 2011 a janeiro de 2014.
Fonte: Publicado em
Os Divergentes
Nenhum comentário:
Postar um comentário