'Decreto de FHC veda manifestação política de militares'
Por Kennedy Alencar
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Kennedy Alencar, jornalista. |
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, confessou que
houve no último mês de abril uma ação coordenada da cúpula das Forças
Armadas para pressionar o Supremo Tribunal Federal a manter preso o
ex-presidente Lula.
Trata-se de ação ilegal, porque os militares foram proibidos pelo
decreto 4.346, assinado no governo Fernando Henrique Cardoso, de se
manifestar politicamente _o que inclui toda a cadeia de comando na
ativa, inclusive o general. Villas Bôas fez tal confissão em entrevista ao jornalista Igor Gielow, da “Folha de S.Paulo”.
Na entrevista, Villas Bôas disse que atuou “no limite” ao usar o
Twitter na véspera do julgamento de recurso de Lula no STF a tempo de
ser lido no “Jornal Nacional”, o principal noticiário do país.
Ora, é uma interferência política que revela tutela indevida sobre a
vida civil. Trata-se de uma ação que envergonha as instituições civis,
sobretudo o Supremo, cujos ministros deveriam se manifestar a respeito.
Para piorar, Villas Bôas critica a Comissão da Verdade, endossando um
pensamento que predomina na ativa em defesa de crimes cometidos pelo
Estado brasileiro durante a ditadura militar de 1964.
O comandante do Exército tem a fama de ser o mais democrata das
Forças Armadas. Imaginem se não fosse. É um pesadelo a confissão que
deixa o Brasil em posição de destaque no campeonato das Repúblicas de
Bananas. Nas democracias, militares não agem como Villas Bôas agiu.
Fonte: Publicado no Blog do Kennedy
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