Jornal GGN - Ao menos duas
operações recentes do Ministério Público do Rio de Janeiro revelaram a
proximidade da família Bolsonaro com milicianos. "Intocáveis",
deflagrada nesta terça (22), expos que Flávio Bolsonaro não só homenageou 2
milicianos como contratou a esposa e a mãe de um deles, o ex-capitão do Bope
Adriano Magalhães, que teve prisão decretada sob a acusação de ser chefe do
"Escritório do Crime" - grupo que ganha dinheiro na favela Rio das
Pedras com assassinatos sob encomenda, entre outros crimes.
Foi em Rio das Pedras, segundo
divulgou Lauro Jardim, que Fabrício Queiroz se "escondeu" por alguns
dias quando o escândalo do Coaf pipocou na imprensa. Capitão Adriano, aliás, é
amigo de Queiroz e o ex-deputado Flávio Bolsonaro atribuiu ao ex-motorista a
responsabilidade pela contratação da esposa e mãe do miliciano.
Durante a corrida presidencial,
outra operação - batizada de Quarto Elemento - também apontou elo entre os
Bolsonaro e membros de milícias do Rio.
O assunto foi tratado em artigo
de Luis Nassif no último dia 20. O editor do GGN destacou que a pauta
passou longe dos holofotes da maior parte da mídia e dos setores que
patrocinaram a candidatura do então parlamentar do PSL porque, à época,
Bolsonaro tinha uma serventia: evitar uma vitória do PT na disputa eleitoral.
O que a Quarto Elemento revelou
foi que Flávio Bolsonaro também mantinha em sua equipe de segurança pessoal,
durante a eleição de 2018, dois policiais militares presos pela participação em
milícias.
Os irmãos gêmeos Alan e Alex
Rodrigues de Oliveira foram apontados por Flávio como "voluntários sem
maiores ligações" com seu mandato. Mas "fotos no Twitter desmentiam,
mostrando intimidade ampla dos Bolsonaro – pai e filho - com os irmãos."
Em uma das imagens está, Jair Bolsonaro foi prestigiar o aniversário dos
gêmeos, em 2017.
Além disso, Flávio Bolsonaro
homenageou com menções honrosas ou medalha não só os acusados da
"Intocáveis", como outros três membros de organização criminosa
detidos na operação Quarto Elemento.
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do fim do governo Bolsonaro
O artigo de Nassif ainda lembra
que a família Bolsonaro tem histórico em defesa de milícias.
Em 2003, Jair Bolsonaro discurso
na Câmara defendendo a entrada das milícias da Bahia no Rio.
"Quero dizer aos
companheiros da Bahia — há pouco ouvi um Parlamentar criticar os grupos de
extermínio — que enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte,
o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver
espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim,
terão todo o meu apoio, porque no meu Estado só as pessoas inocentes são
dizimadas."
Em 2008, defendeu milicianos das
críticas de Marcelo Freixo (PSOL). "Nenhum Deputado Estadual faz campanha
para buscar, realmente, diminuir o poder de fogo dos traficantes, diminuir a
venda de drogas no nosso Estado. Não. Querem atacar o miliciano, que passou a
ser o símbolo da maldade e pior do que os traficantes."
Flávio, por sua vez, já defendeu
pagamento de taxa de proteção às milícias por parte dos moradores dos
territórios ocupados. "As classes mais altas pagam segurança particular, e
o pobre, como faz para ter segurança? O Estado não tem capacidade para estar
nas quase mil favelas do Rio. Dizem que as mílicias cobram tarifas, mas eu
conheço comunidades em que os trabalhadores fazem questão de pagar R$ 15 para
não ter traficantes".
Segundo o jornalista Marcelo
Auler, a Promotoria do Rio foi questionada recentemente, por ele, a respeito da
proximidade dos Bolsonaro com milícias do Rio. Mas o procurador-geral de
Justiça, José Eduardo Gussem, usou o sigilo das investigações como
justificativa para não comentar o assunto.
Fonte: Publicado no Jornal GGN
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