"Em artigo, o cientista político Marcos Coimbra, da Vox Populi,
aponta que a seletividade judicial no País só tem contribuído para
tornar Lula ainda mais forte nas pesquisas; por outro, não há como
puni-lo sem antes fustigar minimamente políticos como Serra que se
beneficiaram de esquemas multimilionários."
Por Brasil 247
Os mais de 300 anexos da delação premiada da Odebrecht
criaram um problema de difícil solução para a arquitetura final da
Operação Lava Jato, que parecia ser a condenação do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva como “chefe do petrolão”, após a derrubada da
presidente Dilma Rousseff, e um certo perdão ao restante do sistema
político, que seria acusado “apenas” de caixa dois.
O problema maior reside na desproporção das acusações contra
Lula e seus adversários. Nas denúncias que já enfrenta, Lula é acusado
de se beneficiar de reformas em dois imóveis que, segundo os registros
imobiliários competentes, não lhe pertencem: o sítio em Atibaia (SP) e o
apartamento no Guarujá (SP).
José Serra, por sua vez, foi apontado como beneficiário de
uma conta secreta na Suíça onde foram depositados R$ 23 milhões –
repita-se VINTE E TRÊS MILHÕES DE REAIS, hoje equivalentes a TRINTA E
QUATRO MILHÕES e meio de reais. Mais do que simplesmente acusar, a
Odebrecht pretende entregar os recibos dos depósitos, feitos por
intemédio de dois operadores do PSDB: Márcio Fortes e Ronaldo Cezar
Coelho.
Evidentemente, se tal acusação tivesse sido dirigida contra
Lula, a conta já teria tido seu sigilo quebrado e exposto no Jornal
Nacional e os operadores estariam presos. Contra Serra, o tema mereceu
uma nota na revista Época e, até agora, nada no JN.
Ainda assim, como a população se dá conta da seletividade da
mídia e de parte do poder Judiciário, Lula continua crescendo nas
pesquisas. Um dos motivos para explicar esse cenário, de acordo com o
sociólogo Marcos Coimbra, da Vox Populi, “é a crescente percepção de
seletividade na campanha que contra ele movem partes do Judiciário, do
Ministério Público e da grande imprensa.” (saiba mais aqui)
Ou seja: no cenário atual, seria absolutamente
incompreensível para a sociedade prender Lula sem que antes Serra e os
beneficiários da conta suíça do PSDB fossem minimamente incomodados. E
também seria inexplicável condenar Lula a toque de caixa, em duas
instâncias, para que ele fosse retirado da disputa presidencial de 2018,
permitindo que Serra, com conta em paraíso fiscal, continuasse a
representar o Brasil no palco global como ministro das Relações
Exteriores.
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