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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Prisão de Cunha valida a prisão de Lula?

*Por Mailson Ramos
Eduardo Cunha, Sergio Moro e Lula (Imagem: Pragmatismo Político)
A turma de Curitiba não dá ponto sem nó. De novo era preciso mobilizar os falsos moralistas e reavivar a luta seletiva contra a corrupção. Para prender o Lula sob a pretensa “imparcialidade” demonstrada com a prisão de Cunha.

Eduardo Cunha deveria estar preso há muito tempo. Há muito tempo se observava a inércia ou o repouso da Justiça de Curitiba em relação ao ex-deputado. Esta inércia comprovava a máxima da parcialidade da Operação Lava Jato com os membros ou simpatizantes do governo usurpador.

A prisão de Cunha é a prova concreta de que a Lava Jato reanima as forças do falso moralismo contra a corrupção; estas forças foram as mesmas que um dia ergueram cartazes dizendo serem “milhões de Cunhas”; são as mesmas que não enxergam a promiscuidade dos representantes das instituições públicas; são elas seletivas , cruentas e elitistas.

E o papel delas agora é fundamental, afinal de contas, pressionarão a prisão de Lula através da opinião pública. Entregue quase ao ostracismo – e questionado nos próprios meios de comunicação que o alçaram ao heroísmo –, Sérgio Moro encontrou o verniz perfeito de imparcialidade, esta massa isolante que lhe conferirá a legitimidade para prender o Lula sem provas e apenas por convicções.

A prisão de Cunha abre espaço também para o golpe dentro do golpe. Uma delação implodiria o governo golpista e abriria espaço para uma disputa indireta pelo poder. O aceno sem-cerimônia da Lava Jato ao dispensar o aparato midiático e a história das malas prontas para a prisão são indícios de que Eduardo Cunha já negociava com a Justiça. Diante de um cerco fechado, ele não hesitará em entregar tudo o que sabe.

Com Eduardo Cunha preso, prestes a fazer uma megadelação; com a abertura das contas da Odebrecht na Suíça e a bombástica delação dos seus executivos; com a inconstância do governo Michel Temer e as suas medidas impopulares, a Lava Jato adquire novamente o poder sobre a política.

Há razões para se imaginar que Lula será preso o mais breve possível. Porque o Moro precisa usufruir deste momentâneo retorno à pauta midiática, com vernizes de imparcialidade, para deter o Lula. Se o timing da Lava Jato surtir efeito como o de costume, os falsos moralistas já podem comemorar: o petista será preso.

A história, entretanto, não acaba aqui.

*Mailson Ramos é escritor, profissional de Relações Públicas e autor do blog Nossa Política. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político.


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