*Por Mailson Ramos
Eduardo Cunha, Sergio Moro e Lula (Imagem: Pragmatismo Político) |
A turma de Curitiba
não dá ponto sem nó. De novo era preciso mobilizar os falsos moralistas e
reavivar a luta seletiva contra a corrupção.
Para prender o Lula sob a pretensa “imparcialidade” demonstrada
com a prisão de Cunha.
Eduardo
Cunha deveria estar preso há muito tempo. Há muito tempo se observava a
inércia ou o repouso da Justiça de Curitiba
em relação ao ex-deputado. Esta inércia comprovava a máxima da parcialidade da Operação Lava Jato com os membros ou simpatizantes do
governo usurpador.
A prisão de Cunha é a prova concreta de que a Lava Jato reanima as forças do falso moralismo contra a corrupção;
estas forças foram as mesmas que um dia ergueram cartazes dizendo serem “milhões
de Cunhas”; são as mesmas que não enxergam a promiscuidade dos representantes das instituições públicas;
são elas seletivas , cruentas e elitistas.
E o papel delas agora é fundamental, afinal de contas,
pressionarão a prisão de Lula
através da opinião pública. Entregue quase ao ostracismo – e questionado nos
próprios meios de comunicação que o alçaram ao heroísmo –, Sérgio
Moro encontrou o verniz perfeito de imparcialidade, esta massa isolante que
lhe conferirá a legitimidade para prender o Lula sem provas e apenas por convicções.
A prisão de Cunha abre espaço também para o golpe dentro do golpe.
Uma delação implodiria o governo golpista e abriria espaço para uma disputa
indireta pelo poder. O aceno sem-cerimônia da Lava Jato ao dispensar o aparato midiático
e a história das malas prontas para a prisão são indícios de que Eduardo
Cunha já negociava com a Justiça.
Diante de um cerco fechado, ele não hesitará em entregar tudo o que sabe.
Com Eduardo
Cunha preso, prestes a fazer uma megadelação; com a abertura das contas da Odebrecht
na Suíça
e a bombástica delação dos seus executivos; com a inconstância do governo
Michel
Temer e as suas medidas impopulares, a Lava Jato adquire novamente o poder sobre a política.
Há razões para se imaginar que Lula será preso o mais breve possível. Porque o Moro precisa usufruir deste momentâneo retorno à pauta midiática, com vernizes de imparcialidade, para deter o Lula. Se o timing da Lava Jato surtir efeito como o de costume, os falsos moralistas já podem comemorar: o petista será preso.
A história, entretanto, não acaba aqui.
*Mailson Ramos é escritor,
profissional de Relações Públicas e autor do blog Nossa
Política. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político.
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