Sabe
do que senti falta nessa prisão preventiva do Eduardo Cunha? É que esta, não se
deu com toda aquela movimentação já nas primeiras horas do dia, sob forte
aparato policial e de câmeras da grande mídia, assim como vimos em outras
ocasiões, como, por exemplo, nos cumprimentos de um simples mandado de condução
coercitiva ou de um mandado de prisão quase que às portas de um centro
cirúrgico – o que não era pra tanto. Será que os dias de espetacularização midiática
da força tarefa da operação Lava Jato chegaram ao fim? Muito provável que não.
É que a prisão efetuada hoje, não envolve nenhum integrante e/ou pessoas
ligadas ao PT. Sinceramente, achei a prisão de Eduardo Cunha de certa forma
estranha e tardia. Estranha, pelo que pode vir em seguida, pois
sabemos bem qual é a grande obsessão do juiz Moro. Estaria o juiz federal e sua
força tarefa buscando nisso uma forma de se legitimar perante a opinião
pública, numa possível prisão do Lula? Pelo andar da carruagem pode ser
assim amanhã, tem boas chances de que isso aconteça. Tardia,
considerando tanto a longa carreira quanto a ficha corrida de Eduardo Cunha,
com envolvimentos em escândalos e denuncias de corrupção, posto que por um
longo período, ele usou e abusou escancaradamente de seu poder, – e porque não
dizer – bem aos olhos complacentes do judiciário. E agora, com essa, de que a
liberdade do ex-parlamentar peemedebista representava risco à instrução do
processo, à ordem pública, como também a possibilidade concreta de fuga em
virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior, além da dupla
nacionalidade – pois, Cunha é italiano e brasileiro. Cá entre nós, foi dado a
ele tempo de sobra para destruir provas, obstruir a justiça e dificultar as
investigações de que é alvo. Então, a pergunta que não quer calar é: Como pode
alguém que representa “significativo perigo público” permanecer por todo esse
tempo em liberdade? É o tipo da coisa que só acontece no Brasil. Apenas acrescentando,
eu queria muito poder acreditar nesse suposto combate a corrupção promovida
pela operação Lava jato, mas como tenho minhas dúvidas – o que sempre
manifestei aqui – essa é uma experiência cada vez mais remota. A prisão do
Eduardo Cunha já passava da hora. Espera-se, agora, que ele tenha amplo direito
de defesa durante o processo. E se ainda há justiça nesse país, que ela seja
feita, porém com a devida imparcialidade, sem arbitrariedades e/ou abusos, e
sem espetacularização midiática, com quem quer que seja.
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