Por Manoel Paixão
Nestes últimos dias vem se alastrando pelo país um
clima de ódio e intolerância, bem como uma
violenta tentativa de criminalização dos movimentos populares, sobretudo, os
que são contrários ao “golpe”.
Nesse
sentido, tem sido comum ver pessoas e
entidades indignadas contra movimentos
sociais, como por exemplo, com o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),
porém, típica de quem pratica uma descarada “indignação seletiva”, coisa do
tipo: "aquele pessoal do MST são todos uns vândalos,
irresponsáveis, desordeiros, baderneiros,
terroristas, criminosos, arruaceiros, desocupados, cambada de
vagabundos, e etc.". Ou seja, os adjetivos são os mais variados
possíveis, quando essa gente simula a sua indignação.
Para esses indignados, guiados e manipulados pela grande mídia – que forma mentalidades
cada vez mais odiosas e intolerantes –, o MST não passa de uma organização
criminosa, que invade fazendas, mata o gado, destrói tratores e as plantações, causam
grandes prejuízos econômicos, incitam a violência e tocam o terror por onde
passam.
Geralmente, são os mesmos
indignados, que se calam e/ou reservam quando fazendeiros e suas entidades
ruralistas mantêm trabalhadores em regime de escravidão, grilam terras públicas,
desmatam e poluem o meio ambiente, cometem ameaças e assassinatos a agentes
governamentais, a lideranças comunitárias e religiosas, ligadas à questão da
terra.
Quando na verdade, deveriam defender
que ao se cometer qualquer crime que seja, há que se punir os seus envolvidos e
sem exceção, em ambos os contextos.
No entanto, vemos
nitidamente, que há sempre uma tentativa não só de criminalizar o MST, como também
de punir rigorosamente seus integrantes e suas lideranças. Enquanto, fazem
vistas grossas para os crimes econômicos, ambientais e sociais, cometidos pelos
grandes latifúndios e suas lideranças, em nome do monopólio da terra, que se já
não bastasse terem seus interesses defendidos pela grande mídia e seus barões –
que vem construindo ao longo dos anos uma visão distorcida das
atividades do MST e da realidade rural, bem como de
outros movimentos populares –, também são defendidos por políticos e suas bancadas
ruralistas, e até por agentes do judiciário.
Há que se entender, que os
desvios de conduta de alguns membros do MST – ou mesmo cometidos
por pessoas que a grande mídia não perde a oportunidade de associar de forma
difamatória ao movimento – não são suficientes para desvirtuar ou
criminalizar o movimento social, como querem fazer crer certos meios de comunicação
– e como já foi dito aqui – também por agentes públicos. Pois, trata-se de um
movimento social legítimo – como tantos outros existentes no país –, e que luta pela reforma agrária e pela justiça social.
O
Brasil chegou a um ponto, em
que se está perdendo todos os limites do bom senso, com essa
gente que vem dando um show de ignorância e hipocrisia pelo
país, seguidora
de uma mentalidade retrógrada, reacionária, preconceituosa, antissocial, e o que mais se possa pensar a respeito, e propagadora do discurso do ódio e da intolerância.
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