"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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terça-feira, 5 de julho de 2016

A falta de bom senso e/ou a hipocrisia da indignação seletiva



Por Manoel Paixão 

Nestes últimos dias vem se alastrando pelo país um clima de ódio e intolerância, bem como uma violenta tentativa de criminalização dos movimentos populares, sobretudo, os que são contrários ao “golpe”.

Nesse sentido, tem sido comum ver pessoas e entidades indignadas contra movimentos sociais, como por exemplo, com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), porém, típica de quem pratica uma descarada “indignação seletiva”, coisa do tipo: "aquele pessoal do MST são todos uns vândalos, irresponsáveis, desordeiros, baderneiros, terroristas, criminosos, arruaceiros, desocupados, cambada de vagabundos, e etc.". Ou seja, os adjetivos são os mais variados possíveis, quando essa gente simula a sua indignação. Para esses indignados, guiados e manipulados pela grande mídia – que forma mentalidades cada vez mais odiosas e intolerantes –, o MST não passa de uma organização criminosa, que invade fazendas, mata o gado, destrói tratores e as plantações, causam grandes prejuízos econômicos, incitam a violência e tocam o terror por onde passam.

Geralmente, são os mesmos indignados, que se calam e/ou reservam quando fazendeiros e suas entidades ruralistas mantêm trabalhadores em regime de escravidão, grilam terras públicas, desmatam e poluem o meio ambiente, cometem ameaças e assassinatos a agentes governamentais, a lideranças comunitárias e religiosas, ligadas à questão da terra.

Quando na verdade, deveriam defender que ao se cometer qualquer crime que seja, há que se punir os seus envolvidos e sem exceção, em ambos os contextos.

No entanto, vemos nitidamente, que há sempre uma tentativa não só de criminalizar o MST, como também de punir rigorosamente seus integrantes e suas lideranças. Enquanto, fazem vistas grossas para os crimes econômicos, ambientais e sociais, cometidos pelos grandes latifúndios e suas lideranças, em nome do monopólio da terra, que se já não bastasse terem seus interesses defendidos pela grande mídia e seus barões – que vem construindo ao longo dos anos uma visão distorcida das atividades do MST e da realidade rural, bem como de outros movimentos populares –, também são defendidos por políticos e suas bancadas ruralistas, e até por agentes do judiciário. 

Há que se entender, que os desvios de conduta de alguns membros do MST – ou mesmo cometidos por pessoas que a grande mídia não perde a oportunidade de associar de forma difamatória ao movimento – não são suficientes para desvirtuar ou criminalizar o movimento social, como querem fazer crer certos meios de comunicação – e como já foi dito aqui – também por agentes públicos. Pois, trata-se de um movimento social legítimo – como tantos outros existentes no país –, e que luta pela reforma agrária e pela justiça social.
 
O Brasil chegou a um ponto, em que se está perdendo todos os limites do bom senso, com essa gente que vem dando um show de ignorância e hipocrisia pelo país, seguidora de uma mentalidade retrógrada, reacionária, preconceituosa, antissocial, e o que mais se possa pensar a respeito, e propagadora do discurso do ódio e da intolerância.

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