"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

Obrigado pelo acesso ao nosso blog
!

Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.
#PauloFreireMereceRespeito #PatonoDaEducaçãoBrasileira #PauloFreireSempre

quinta-feira, 7 de julho de 2016

A paz é mau negócio

Foto: Isabela Kassow
Por que tanta violência no mundo de hoje? Uma das resposta possíveis é econômica. A indústria bélica não pode parar. E o artefato cria o fato. Que conduz ao ato. A lógica capitalista é crescer ou morrer. A pequena padaria da esquina que não se transformou em uma rede de fast food é a exceção que confirma a regra. Logo, para quem produz armas, a paz é um mau negócio. Interrompe o crescimento. Dá prejuízo. E as metas comerciais devem ser batidas. O show não pode parar. Seja guerra, guerrilha, terrorismo, tráfico ou violência urbana, tudo isso é muito lucrativo. E deve ter fluxo positivo para garantir a expansão dos negócios. Lucro direto para os fabricantes de armamentos. Indireto para toda a cadeia de valor: desde os bancos e acionistas que financiam os projetos de novas tecnologias bélicas (que lucram muito ao fazê-lo), até a rede de suprimentos que abastece o setor. Transporte, matérias-primas, vestuário, alimentação, energia, engenharia de sistemas, gestão de projetos e, em última instância, a indústria da reconstrução. A destruição também é um excelente negócio. Um mundo de oportunidades para empresas de infraestrutura, construção civil e grandes empreiteiras. Sem mencionar os setores correlatos de segurança privada, exércitos particulares, mercenários legalizados, blindagem, alarmes, monitoramentos, drones. O marketing é feito subliminarmente pela mídia, por políticos, "pelos cidadãos de bem", pela indústria do entretenimento e pela lógica do encarceramento. A legitimidade moral, incrustada nas universidades. A representativa política, infiltrada nos parlamentos. Não é a toa que grande parte dos recursos provém de impostos. E como não existe almoço grátis, os recursos que poderiam ir para educação, saúde, redistribuição de renda, urbanização de áreas carentes, pesquisas ambientais, ajuda humanitária etc. são drenados pela indústria bélica. Assim como cérebros que poderiam estar contribuindo para um mundo mais pacífico e justo, são atraídos por esta mesma indústria. Engenheiros, cientistas, administradores, economistas. As melhores cabeças, quando não são cooptados pelo mercado financeiro, muitas vezes são arrastados pela indústria da violência. Paga-se muito bem. Definitivamente, a paz interessa a poucos. Num mundo hobbesiano, quem vai dar o primeiro passo e se desarmar? Aparentemente ninguém. E a indústria bélica é irresistível. A cada nova onda de violência, um próspero ciclo de negócios é ativado. Uma bomba ou uma bala só são utilizadas uma única vez. Munições não são recicláveis. Exigem reposição imediata. Mas as vidas perdidas nunca mais serão repostas. Resultado? Indiferença. Banalização. Medo. Um preço que muitos parecem estar dispostos a pagar. Desde que os lucros continuem. E os suspeitos de sempre sejam punidos.

Nenhum comentário: