Por Ulysses Ferraz
Vivemos em estado de
golpe de Estado permanente, que se iniciou no dia seguinte à eleição de 2014.
Golpe jurídico, econômico, político e midiático. Farsa. Havia todos os indícios
de que o desfecho seria o pior possível. Mas demoramos demais para reagir.
Deixamos a direita ocupar as ruas e tomar para si o espaço democrático mais
sagrado. Tardamos muito em sair em defesa efetiva pela democracia. Contamos
demais com a racionalidade e a isenção de nossas figuras públicas. Mas o que
testemunhamos foi o oposto. Irracionalidade, parcialidade e hipocrisia. Ficamos
discutindo internamente questões abstratas, e nos enfraquecemos com o angelismo
moral de uma parte da esquerda, enquanto a concretude do golpe se aproximava a
cada dia. As esquerdas se fragmentaram e muitos dos que gritaram "que se
vayan todos" esqueceram-se de que, quando "todos" se vão, os
Cunhas, Temers, Aécios e Bolsonaros sempre ficam. Agora, mais do que nunca, a
luta contra o golpe deve ser levada à sério. Não há mais espaço para ficar
assistindo à democracia ser destruída com a ilusão de que não haverá golpe,
enquanto vampiros de todas as espécies tomam conta dos despojos do país. O
golpe está aí. Aqui e agora. A "Ponte para o futuro" está pronta para
sair do papel. Com o apoio incondicional da grande mídia. E os golpistas estão
pautados apenas por seus interesses mais mesquinhos. Dos próprios filhos, dos
netos, das contas bancárias, das sonegações, dos paraísos fiscais, das
falcatruas, dos privilégios e agendas pessoais. Não há nenhum compromisso com o
Brasil. Mas ainda é possível barrar o golpe e impedir que essa gente tome de
assalto o país. Mas não contemos com o STF. Nem com a Procuradoria Geral da
República. Muito menos com o Senado. São as instituições mesmas que estão dando
sustentação "legal" ao golpe. O único meio de barrar o golpe é ocupar
o Brasil. De Norte a Sul. Leste a Oeste. Não podemos nos deixar ser governados
pela ilegitimidade, pela hipocrisia e pelo golpismo institucionalizado. É lutar
ou lutar. E lutar até o fim. Temer e Cunha, os conspiradores da República, não
passarão.
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