“Estamos anestesiados
com tanta bizarrice e tolerando o intolerável, o absurdo” (Eduardo Moreira, economista).
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Por Ricardo Kotscho
Uma onda de
vergonha e indignação tomou conta das redes sociais desde o início da visita da
trupe de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos.
São tantas as
ofensas grosseiras e agressões ao povo brasileiro, à nossa história como país
independente, que as pessoas já não sabem mais nem o que dizer. Nem eu.
A impressão que dá
é de vivermos o fim dos tempos e nada mais nos resta a fazer. Acabou o brasil?
Fora das redes
sociais, a vida segue como se nada estivesse acontecendo.
Parece que estamos
mesmo todos anestesiados diante do acúmulo de barbaridades e sabujices sem fim
cometidas nas últimas 48 horas.
Tudo mais perdeu
sentido e importância, mas os comentaristas da TV tratam esse esculacho
presidencial com a mais absoluta normalidade, até acham graça do que está
acontecendo.
O pior de Jair
Bolsonaro é que se trata de um homem de palavra: está fazendo tudo o que
prometeu na campanha eleitoral. Ninguém pode reclamar.
Como ele mesmo
afirmou logo após sua chegada a Washington, primeiro é necessário “desconstruir
o Brasil para livrá-lo do comunismo”, e depois pensar em construir um outro
país.
Que novo país será
esse nem o próprio capitão sabe dizer, em seus delírios megalomaníacos de
napoleão de hospício, que pensa ser igual ao seu idolatrado êmulo Donald Trump.
Primeiro, ele
resolveu entregar o Brasil de porteira fechada aos fazendeiros americanos.
Depois, ele decide o que vai fazer.
No momento em que
escrevo, ainda nem começou a “histórica” reunião de Jair com Donald na Casa
Branca, e já entregamos todos os anéis, sem ganhar nada em troca, para nos
tornarmos uma colonia baba-ovo dos Estados Unidos.
A rendição do
capitão reformado e seus generais de pijama é absoluta, sem disfarces, tramada
à luz do dia e dos holofotes, e consumada em documentos oficiais.
Em 1964, como
ficamos sabendo 30 anos depois, o golpe militar foi tramado com o apoio da CIA
e dos mesmos aliados que no ano passado prenderam Lula para voltarem ao poder
com Bolsonaro.
Agora, a agência
americana de espionagem recebe a “visita de cortesia”, fora da agenda oficial,
de um alegre presidente brasileiro, acompanhado do seu sinistro ministro da
Justiça.
Enquanto isso, em
Brasília, o filho conhecido como 02, popular “Carlucho”, toma o lugar do
general vice no Palácio do Planalto e anuncia no Twitter que está tocando a
agenda presidencial, a mando do pai.
E isso é noticiado
com a mesma naturalidade de um treino do Flamengo ou do nascimento de um gorila
azul no zoológico de Brasília.
Vida que segue.
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