Por Luis Felipe Miguel
Publicado originalmente no
perfil do autor no Facebook
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Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP |
O assassinato de Marielle Franco
está batendo na porta de Jair Bolsonaro. Não cabe antecipar resultado de
investigações, mas parece restar pouca margem de dúvida quanto ao fato de que
os envolvidos na execução pertencem ao círculo do presidente da República. E,
tendo em vista toda a folha corrida já conhecida, quem poderia se dizer
honestamente surpreendido caso fosse demonstrada uma participação ainda mais
direta dele ou de seus filhos?
Ainda
não se completaram dois meses e meio de governo e fica cada vez mais
tentador, para os que estão no poder, dar um jeito de escantear o “mito” que
eles promoveram quando era necessário derrotar a esquerda. Bolsonaro é
incompetência, bizarrice e imundície. Uma fachada mais limpinha seria bem
vinda.
Mas
é bom lembrar: Bolsonaro das milícias é o mesmo Bolsonaro que foi colocado na
presidência para destruir direitos trabalhistas e previdenciários. São dois
lados da mesma moeda. A violência contra movimentos sociais e lideranças
populares é parte central da estratégia de promoção dos retrocessos.
Os
militares que agora não querem dividir o governo com olavetes desvairados, os
colunistas e editorialistas dos grandes jornais, os chefes dos partidos
tradicionais da direita, os grandes empresários e todos os outros golpistas de
2016 podem se fazer de escandalizados, mas eles usaram Bolsonaro sabendo muito
bem de quem se tratava, quando era conveniente, e voltarão a usá-lo – ou outro
similar – quando julgarem útil de novo.
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