"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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segunda-feira, 18 de março de 2019

Que país é esse, que o Brasil vem se tornando?


"Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca." (Darcy Ribeiro)

Por Manoel Paixão

Meu caro leitor e minha cara leitora,

Que tempos são esses, que estamos vivendo no Brasil?

Que país é esse, que o Brasil vem se tornando?

O que está acontecendo com a gente?

Por que somos um povo assim tão passivo?

Tantas são as situações, que nos rodeiam cotidianamente, nas quais temos sido passivos, sem nos darmos conta disso e de suas consequências.

A nossa passividade, querendo ou não, está em simplesmente assistir e/ou aceitar:

· Tanta ignorância, estupidez, mediocridade, perversidade e falta de humanidade, nos níveis como temos visto ultimamente.

· Todo esse ódio e intolerância, que tomou de conta do país.

· Manifestações racistas, xenófobas, homofóbicas, misóginas, machistas e extremistas, contra quaisquer pessoas ou grupos.

· Apologia e incitação aberta ao estupro, pedofilia, injúria, tortura e outras selvagerias.

· A violência crescente contra as mulheres, que são vítimas constantes de assédios, agressões físicas e psicológicas, abusos, torturas, feminicídio, e ainda sofrem com as desigualdades no mercado de trabalho e no ambiente político.

· Maus tratos contra crianças, idosos, pessoas com deficiência, moradores de rua e animais.

· O aumento da violência no campo, com suas ameaças, agressões, expulsões, grilagem, pistolagem e assassinatos.

· A violência contra povos indígenas e comunidades tradicionais.

· A violência policial, facções criminosas, milícias e grupos de extermínio, agindo como um poder paralelo.

· As chacinas, que assolam as nossas cidades, dizimando principalmente a nossa juventude negra e pobre das periferias.

· As mortes de lideranças comunitárias, camponesas, sindicais, além de defensores dos direitos humanos, ambientalistas, ativistas sociais, como também de jornalistas críticos, agentes políticos, advogados e religiosos.

· As variadas formas e práticas de trabalho escravo, no campo e nas cidades.

· As desigualdades sociais, com pessoas vivendo em condições subumanas, na pobreza extrema, sem ter o que comer, calçar e vestir, sem acesso à saúde, a educação, ao trabalho e salário justo, a moradia e a uma vida digna.

· As injustiças, negligências e violações de direitos.

Essa nossa passividade também foi bastante evidente em alguns episódios, como quando assistimos e/ou aceitamos:

· O pato amarelo de borracha da Fiesp e a camiseta da CBF virando símbolos de manifestações "anticorrupção" e do pedido de impeachment, e o povo foi quem acabou pagando pato.

· A manipulação midiática diária, feita por uma imprensa partidarizada – aliada a uma elite inescrupulosa, um legislativo de abutres e um judiciário seletivo –, com seus veículos, aparatos e integrantes, todos encarregados de ajudar a construir a mesma narrativa de instabilidade no país, que culminou em um golpe travestido de processo de impeachment.

· A nossa democracia sendo durante golpeada.

· Um governo ilegítimo e um presidente golpista, usurpador e entreguista, por 2 anos e 7 meses no poder.

· A aprovação de um pacote de medidas e reformas nefastas, contra o povo e a classe trabalhadora.

· Os discursos de redes sociais distorcendo a realidade e uma eleição manipulada por mentiras em massa.

· As falácias do universo bolsonariano, em nome de Deus, da salvação da "família tradicional brasileira", da preservação da "inocência das crianças", da defesa do "cidadão de bem" e da construção de uma "nova política", além das loucuras e obsessões do seu imaginário, contra supostos inimigos da pátria, como socialismo, comunismo, marxismo cultural, doutrinação ideológica, kit gay e mamadeira erótica.

· Uma onda de extrema-direita, conservadora e fundamentalista, se espalhando pelo país e seus representantes chegando ao poder.

Depois disso, ainda continuamos dando mais demonstrações de passividade, a ponto de aceitar:

· Um governo que se mostra incapaz para resolver os problemas em áreas fundamentais do país.

· Que o nosso país siga sendo envergonhado perante o mundo, por um governo tão desqualificado.

· Sermos governados via twitter.

· Os negócios obscuros da família Bolsonaro, que vão desde as suspeitas de lavagem de dinheiro até a sua proximidade com milicianos do Rio de Janeiro.

· Tamanha disposição do governo brasileiro para o servilismo e o entreguismo ao governo estadunidense.

· O desmonte da nossa Constituição, ameaças aos direitos humanos e às conquistas sociais.

· Uma proposta de reforma previdenciária, muito mais nefasta para a população, do que a proposta do governo anterior.

· As lambanças, processos e sentenças controversos de procuradores e juízes, que desprezam o direito, vandalizam a Constituição e buscam o protagonismo político.

· Que ter uma arma de fogo dentro de casa, vai nos manter seguros e/ou diminuirá o número de vítimas da violência, isso num país que registra milhares de mortes por homicídios todos os anos.

Todos nós vimos os retrocessos causados pelo governo anterior. Não será diferente agora. Outros retrocessos virão, inclusive civilizacional. Basta ver as intenções do atual governo.

Nada disso do que está acontecendo pode ser considerado como normal, muito menos a nossa passividade, que também está se tornando cada vez mais assustadora.

Como podemos continuar optando por esse estado de silêncio, de comodismo, de indiferença, de consentimento ou de resignação, mesmo vendo os rumos que o país tem tomado?

Já há algum tempo que deveríamos, no mínimo, estar manifestando diariamente toda a nossa indignação.

Sinceramente, não consigo entender que país é esse, que o Brasil vem se tornando.

Não sei até quando vamos suportar tudo isso. 

Mas, espero que como povo, não demoremos muito para despertar dessa condição de passividade, que até então nos mantém numa espécie de imobilismo profundo.


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