"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Brasil: Saindo das cordas, o Basta, por Arnobio Rocha

Os ataques à Democracia, à Política e ao Estado de Direito é a maior marca, a sanha moralista, que ganhou simpatia, apoio, levou ao caminho oposto do desejado, elegeu-se o que havia de pior (igual ao fenômeno italiano), pensando que estava se mudando.

Banksy
É preciso reconhecer uma similaridade entre Mãos Limpas e a lava jato, ainda que seja no campo da política, não no jurídico, pois forma e conteúdo são discrepantes.

Ambas as operações visavam uma moralização pública, combate à corrupção, as relações entre máfias e políticos, que saneasse a República.

Ambas surgem e são impulsionadas por governos de esquerda, prosperaram e tiveram todas as liberdades de apurar, investigar, justamente pelo conceito de republicanismo dessa matiz política.

Contraditoriamente, essa ampla liberdade de investigação se voltou quase que exclusivamente contra os políticos de esquerda, a perseguição implacável, em especial ao PT e Lula, na Itália provocou a ruptura do PCI, depois PDS.

A última coisa em comum, o resultado de ambas, foram governos com características despóticas, bonapartistas, Berlusconi e Bolsonaro. Rapidamente, na Itália, Berlusconi enterrou a Mãos Limpas, o que está em processo no Brasil. A Lava Jato, foi capturada pela lógica bolsonarista e, em grande medida, serve de suporte para atacar a esquerda e de proteção à família Bolsonaro, nomeadamente, o ex-juiz, convertido em Ministro da Justiça.

Ora, as consequências para Itália, foi o distanciamento econômico na UE, um país em seguidas crises econômicas e políticas, são quase 30 anos de profunda instabilidade, nenhuma maioria se forma, a divisão provocada e o desarranjo político, atrasou a Itália, que continua claudicando.

Essas lições históricas servem para entender os caminhos que se apontam. Aqui no Brasil, são 6 anos de intensa crise econômica, política e social.

Os ataques à Democracia, à Política e ao Estado de Direito é a maior marca, a sanha moralista, que ganhou simpatia, apoio, levou ao caminho oposto do desejado, elegeu-se o que havia de pior (igual ao fenômeno italiano), pensando que estava se mudando.

Parece que o fôlego e o poder de emparedar e intimidar os poderes constituídos se esgotou, há um período, incerto, que se abriu.

Um governo desastrado, autoritário e francamente estúpido, mas eleito e legitimado pelo voto, lembremos, vai se desmilinguindo em pouco mais de seis meses. Os afoitos querem abreviá-lo, mas como fazer?

Uma nova ruptura institucional, GOLPE, via impeachment? Ou tenta-se um rearranjo que ponha para debaixo do tapete Bolsonaro e sua trupe de selvagens.

É fato que descemos ao inferno, não se tem uma saída negociada, mas a resposta do outro lado pode ser um Golpe de estado clássico, em autodefesa.

A paciência para suportar mais três anos e meio desses aventureiros, que, diga-se, nem em sonho imaginavam chegar à presidência, portanto, não se prepararam minimamente, governam como se não fosse governo, produzindo um caos econômico e descontrole social visível.

Qual a saída? A conversa Tofolli e Maia, a necessidade de uma recomposição das pontes pela democracia, um semiparlamentarismo, mas qual reação? Qual a possibilidade de anular todo o processo eleitoral passado, pelos vícios, as fakenews?

Nada simples, tudo complexo, as instituições precisam voltar a funcionar, a “pausa” democrática acabou.



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