Dos pesticidas anunciados nesta
quinta-feira (3), 46 contêm ingredientes que não haviam aparecido na lista de
2019
Por Emilly Dulce - Brasil de Fato
Edição: Rodrigo Chagas
![]() |
Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo em números absolutos / Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Fotos Públicas |
Subiu para 382 o total de agrotóxicos
liberados pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) em pouco mais de 10 meses de
mandato. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou, nesta
quinta-feira (3), a autorização de mais 57 substâncias em relação ao mês de
setembro. Os números representam uma avalanche frenética na série histórica
iniciada em 2005. Em todo o ano passado, os registros contabilizaram 450
agrotóxicos.
Dos pesticidas anunciados, 10 são
biológicos (utilizados na agricultura orgânica), 41 são genéricos e seis são
produtos formulados com base em princípios ativos novos. Cerca de 30% dos
ingredientes de agrotóxicos liberados até setembro são proibidos na União
Europeia, sendo que 46 da nova leva ainda não haviam aparecido na lista deste
ano.
O Brasil é o maior consumidor de
agrotóxicos do mundo em números absolutos. Em 2017, a agricultura brasileira
utilizou 539,9 mil toneladas de venenos, conforme os dados mais recentes do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). Isso custou, na época, US$ 8,8 bilhões — cerca de R$ 35 bilhões no
câmbio atual.
O aval para a liberação das substâncias
passa por três órgãos reguladores: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), Ibama e Ministério da Agricultura — atualmente chefiado por Tereza
Cristina (DEM), ex-líder da bancada do agronegócio na Câmara dos Deputados e
conhecida como “musa do veneno”.
O agronegócio — modelo de produção
agrícola baseado no monocultivo, no grande latifúndio e no uso ostensivo de
agrotóxicos — é duramente criticado por especialistas, partidos de esquerda,
sindicatos e organizações populares, como a Campanha Permanente
Contra os Agrotóxicos e pela Vida.
“A novidade desta publicação é o uso da
nova classificação feita pela Anvisa em agosto. Pela nova regra, diversos
agrotóxicos que eram considerados extremamente e altamente tóxicos por causarem
cegueira e corrosão da pele se tornaram 'improváveis de causar danos agudos'.
Um exemplo é o Piriproxifem, que antes da mudança era classificado como
'Extremamente Tóxico', e agora aparece em uma mistura com Dinotefuran
classificado como 'Improvável de Causar Dano Agudo'", critica, em nota, a
organização lançada em 7 de abril de 2011.
Confira aqui a publicação no Diário Oficial da União.
Fonte: Publicado no Brasil de Fato
Nenhum comentário:
Postar um comentário