Condenaram Lula num processo sem provas, a toque de caixa, para tirá-lo da disputa presidencial e confiná-lo numa cela solitária em Curitiba, com o decisivo apoio do STF, da Globo, do mercado e seus associados nacionais e estrangeiros.
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(Foto: Jorge Araújo - Folhapress) |
“Sob comando de Moro, cai número de
operações da PF _ Foram 204 ações no primeiro semestre, menor resultado dos
últimos 5 anos”.
Está na manchete da Folha desta
segunda-feira. Alguma surpresa?
Após as revelações feitas pela Vaza Jato
sobre o conluio de juízes e procuradores para direcionar processos e sentenças
com prazo marcado, reportagem de Fábio Fabrini e Camisa Mattoso desmascara com
números a grande farsa do lavajatismo.
A cada dia fica mais evidente, para quem
tem olhos de ver sem fanatismo, que a Lava Jato não era uma operação policial
de “combate à corrupção”, mas um projeto de poder, com começo, meio e fim,
seguindo religiosamente um cronograma golpista.
Deflagrada no ano das eleições de 2014,
em que Dilma Rousseff foi reeleita derrotando o tucano Aécio Neves, a Lava Jato
perseguiu apenas um objetivo desde o início: quebrar o PT nos tribunais, já que
nas urnas estava ficando cada vez mais difícil.
Com a população melhorando de vida,
pleno emprego, a inflação e o dólar sob controle, o país respeitado em todos os
fóruns internacionais, o alto tucanato e todo o establishment
político-econômico-midiático que mandava no Brasil desde Pedro Álvares Cabral
encontraram na Lava Jato o caminho mais curto para voltar ao poder.
Primeiro, derrubaram Dilma num processo
kafkiano de impeachment baseado nas tais “pedaladas fiscais” e Michel Temer
virou presidente para preparar o caminho da volta do PSDB ao poder.
Para as eleições seguintes, em 2018,
havia só um problema: Lula liderava com folga todas as pesquisas e a direita
não conseguia encontrar um candidato competitivo.
Foi aí que a Lava Jato partiu para a
segunda etapa do cronograma, sob o comando do juiz Sergio Moro e do procurador
Deltan Dallagnol, atuando sempre em parceria.
Condenaram Lula num processo sem provas,
a toque de caixa, para tirá-lo da disputa presidencial e confiná-lo numa cela
solitária em Curitiba, com o decisivo apoio do STF, da Globo, do mercado e seus
associados nacionais e estrangeiros.
O caminho ficava aberto para o obscuro
deputado e ex-capitão Jair Bolsonaro, um completo boçal, mas o único candidato
que sobrou capaz de derrotar o PT sem Lula nas urnas.
Nada acontece por acaso, como relatam os
repórteres da Folha:
“No período entre 2009 e 2019, o pico da
produtividade [da Polícia Federal] se deu no semestre imediatamente anterior ao
da estreia de Moro no governo de Jair Bolsonaro. Foram 360 ações entre julho e
dezembro de 2018”.
A Polícia Federal, a Justiça Federal e o
Ministério Público, a chamada força-tarefa montada na República de Curitiba,
tinham cumprido sua missão.
Este ano, com Bolsonaro na presidência
da República e Moro no Ministério da Justiça, foram todos para a praia, com o
sentimento do dever cumprido, como se não houvesse mais corrupção no Brasil.
“Sob o comando do ministro Sergio Moro
(Justiça), a Polícia Federal fez no primeiro semestre deste ano a menor
quantidade de operações desde 2014. Foram realizadas, entre janeiro e junho de
2014, 204 ações, número mais baixo que o registrado nos nove semestres
anteriores””, informa a matéria da Folha.
Moro agora está mais preocupado em
impedir a instalação da CPI da Vaza Jato na Câmara para investigar mensagens da
força-tarefa da Lava Jato, reveladas pelo The Intercept, em que o ex-juiz e
seus procuradores mostram como funcionava a articulação nada republicana do
Partido da Justiça.
Enquanto isso, Bolsonaro só pensa em
livrar a cara do filho Flávio nas investigações sobre o caso Queiroz e suas
relações com as milícias, nem que para isso tenha que atropelar a Polícia
Federal, a Receita Federal e o Coaf, que investiga maracutaias financeiras,
agora não mais nas “mãos limpas” de Moro.
O vento virou em Brasília.
De superministro a pedinte para Rodrigo
Maia impedir a CPI, Moro passou de super-herói a funcionário subalterno de um
governo eleito em nome do combate a corrupção, cada vez mais cercado por
denúncias, que luta apenas para se segurar no cargo.
O mesmo STF que durante tanto tempo
acobertou os desmandos da República da Lava Jato agora ameaça cumprir a
Constituição.
Na semana passada, já impôs uma derrota
por 7 a 3 para a Lava Jato, quando o presidente Dias Toffoli resolveu suspender
a sessão para negociar uma saída.
Destruíram um país para voltar ao poder,
acabaram nas mãos da família miliciana de Bolsonaro e seus generais, e morrem
de medo da libertação de Lula, cada vez mais próxima, se as leis forem
cumpridas.
Lula não tem pressa para sair da cadeia:
espera ser inocentado e que seus algozes sejam punidos.
Nada como o tempo para provar quem é
inocente e quem é culpado nesta trágica história que em cinco anos mudou a vida
do país para pior.
A mesma porta giratória da cadeia de
Curitiba pode abrir para uns e fechar para outros.
Cabe agora ao STF decidir quem entra e
quem sai.
Esta semana pode ser decisiva.
Vida que segue.
Fonte: Publicado no Balaio
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