*Por Francisco Castro
O
golpe parlamentar contra Dilma Rousseff colocou o Brasil num lamaçal
político e econômico para o qual ainda não se encontrou uma saída.
Com
Michel Temer na presidência da República e Henrique Meirelles no
Ministério da Fazenda, o rombo fiscal explodiu, a arrecadação desabou e
as vendas do comércio e da indústria foram ao fundo do poço.
A
autodestruição brasileira ganhou nesta segunda-feira 14 até a manchete
do jornal Valor Econômico, da Globo, que foi peça central do golpe.
Dados negativos
Apesar
de Temer falar insistentemente em retomada da economia, o que se vê, na
verdade, é a divulgação de índices cada vez piores. Analistas já
descartam recuperação do crescimento do PIB esse ano e a recuperação a
partir de 2017 também vem sendo reduzida.
Para
2016, as projeções para o PIB, que anteviam uma recessão de 3%, agora
se situam em 3,5%. Para o próximo ano, as estimativas indicavam um
crescimento de até 2%, mas agora estão mais próximas de 1%.
A
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) já
prevê que o varejo brasileiro deve apresentar em 2016 um dos piores
resultados históricos, com queda de 6%, depois que as vendas do comércio
registraram o pior setembro em 12 anos.
A
indústria brasileira também manteve contração em outubro, com redução
nos níveis de produção e emprego, de acordo com a pesquisa Índice de
Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês). E a produção industrial
já acumula queda de 7,8% no ano.
Michel
Temer, no entanto, apresenta projeções otimistas, que segundo ele serão
decorrentes das medidas de austeridade que vem praticando – apesar de
gastos em outros setores, apontando uma contradição.
Quando
completou 180 dias no poder, ele pediu aos brasileiros mais oito meses
de paciência, admitindo que "a retomada do emprego é algo que demora" e
ainda que "nossa esperança é que no segundo semestre de 2017 o PIB não
seja negativo".
*Francisco Castro é economista, especialista em finanças públicas e mestre em economia.
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