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Primeiro, anunciaram a divulgação da nova pesquisa presidencial Globo/Ibope para a noite de terça-feira.
Na última hora, porém, ao conhecer os resultados, que não atendiam
aos seus interesses, resolveram adiar o anúncio, alegando que precisavam
consultar antes o Tribunal Superior Eleitoral.
Eram duas pesquisas: uma com o nome de Lula e outra com Fernando Haddad no lugar dele.
Em notas oficiais, Globo e Ibope justificaram o adiamento pela
decisão do TSE de barrar a candidatura de Lula, na madrugada de sábado
passado, após o registro da pesquisa Ibope na Justiça Eleitoral.
Só que o TSE lavou as mãos e devolveu a bola para as empresas.
E o que fizeram Globo e Ibope?
Sem aviso prévio, colocaram no ar, às pressas, na noite de
quarta-feira, apenas a pesquisa sem Lula e sem a indicação dos partidos
dos candidatos, assim mesmo, a seco, sem maiores explicações.
O apresentador do jornal das 20 horas da Globo News interrompeu uma
comentarista e passou a ler um comunicado da emissora, com a gravidade
de quem está anunciando um novo Ato Institucional Nº 5.
Em seguida, leu nos gráficos os números da pesquisa sem Lula, em que
Haddad aparece com 6%, para passar logo a palavra aos comentaristas, que
deitaram e rolaram, eufóricos com o resultado.
Era como se Lula tivesse sido simplesmente tirado da tomada, não se falou mais nele.
Esse foi, em resumo, o enredo do maior escândalo desta campanha
eleitoral até agora, que fez lembrar o caso do Proconsult, em 1982.
Naquele ano, para fraudar as eleições para o governo do Rio de
Janeiro e impedir a vitória de Leonel Brizola, que acabaria eleito, a
Globo manipulou a divulgação da contagem de votos.
Em 1989, a mesma emissora fez uma edição do debate entre Lula e
Collor, em que só mostrava os melhores momentos do candidato apoiado
pela emissora e os piores do petista.
Transformou um debate em que Collor levou ligeira vantagem numa goleada de 7 a 1 contra Lula.
Nada mais, portanto, pode surpreender o eleitorado quando estão em
jogo os interesses superiores dos donos da mídia para determinar os
rumos de uma eleição.
Desta vez, porém, a operação foi tão escrachada que cheirou a
deboche, a apenas um mês da abertura das urnas, sem a definição do
candidato do PT, enquanto Lula recorre aos tribunais superiores e
Fernando Haddad ainda é apresentado como candidato a vice na propaganda
eleitoral.
Escancararam o vale-tudo numa campanha suja, comandada pelo
Judiciário, em que o establishment, para evitar nova vitória da
esquerda, agora resolveu investir todas as suas fichas no que sobrou da
Operação Lava Jato, o celerado ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro,
candidato da extrema direita hidrófoba.
São tão onipotentes que, se for preciso, pretendem ganhar por WO, eliminando todos os adversários.
E devem ter certeza de que ninguém está percebendo nada, é tudo jogo
jogado, as instituições estão funcionando, e aquelas coisas todas que os
comentaristas amestrados gostam de repetir, com um sorriso no rosto,
como se tudo isso fosse normal.
Vida que segue.
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