Por Gibran Jordão
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Bombeiros seguem no trabalho de rescaldo da estrutura do Museu Nacional (Foto: Reprodução/ TV Globo) |
O Museu Nacional do Rio de Janeiro, um dos maiores museus da história
natural e de antropologia das américas, com mais de 20 milhões de itens
históricos, uma instituição cientifica que completou 200 anos em junho
desse ano, sofreu uma grave tragédia nesse domingo (02) com um incêndio
sem controle que causou uma destruição de imensas proporções. O palácio
do museu nacional serviu de residência da família real portuguesa, foi
sede da primeira assembleia constituinte republicana de 1889. A
destruição do museu nacional é uma tragédia para toda comunidade
científica internacional.
É preciso toda solidariedade a comunidade universitária da UFRJ nesse
momento, estudantes, técnicos e docentes são vítimas da catástrofe que
vive hoje a situação dos serviços públicos no país, em especial as
universidades. A administração superior da UFRJ, através do Reitor
Roberto Leher, vem denunciando no último período a gravidade da situação
que vem passando o orçamento das Universidades. Em nota no mês de
agosto desse ano, diz:
“De modo direto: a crise orçamentária da Capes e do CNPq não pode ser
vista de modo desvinculado do apagão orçamentário das universidades
federais. De nada resolveria alocar mais recursos para a Capes retirando
ainda mais recursos das universidades e institutos federais de educação
tecnológica. Tampouco dos programas destinados à educação básica.
Igualmente, de nada resolveria melhorar os recursos da educação
canibalizando as verbas do MCTIC ou do Ministério da Saúde. O problema
real é a armadilha produzida pela EC 95/2016. Nenhum país sobrevive sem
investimentos públicos.”
O cruel ajuste fiscal de Temer que se institucionalizou com a aprovação
da EC 95 começa a mostrar suas consequências e seu poder de destruição
dos serviços públicos. Foi capaz de destruir 200 anos de memória de um
museu que tinha em seu acervo subdividido em coleções de geologia,
paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e
etnologia. O quinto maior do mundo, que tinha sob sua guarda está o
esqueleto de Luzia, o mais antigo fóssil humano já encontrado nas
Américas, datado de cerca de 11.500 a 13.000 anos de existência.
Reportagem da Folha de São Paulosobre o bicentenário do Museu Nacional
já denunciava a situação precária do museu, a necessidade de reparos e
os bruscos cortes no orçamento promovidos pelo governo Temer.
O orçamento do museu caiu de R$ 346 milhões em 2017 para 52 milhões em
2018, ou seja, quase toda verba destinada para o funcionamento e
manutenção do museu foi cortada. É a demonstração completa da total
irresponsabilidade e falta de compromisso do atual governo, do MEC e do
Ministério da Cultura com a ciência, cultura e educação desse país. A
UFRJ assim como todas as universidades publicas desse país estão
esquecidas pelos chefes de estado e do ilegítimo presidente da republica
Michel Temer que precisam ser responsabilizados.
Nesse final de semana em Brasilia, os principais fóruns que reúne os
sindicatos nacionais dos trabalhadores do serviço publico federal
fizeram um seminário que publicou ao final uma carta unitária que
denuncia os riscos e consequências da aprovação da EC 95.
A catástrofe do museu nacional não aconteceu por falta de avisos e
denúncias da situação do patrimônio e serviços públicos. Quantas
tragédias e sacrifícios a sociedade brasileira terá que passar para que
se revogue imediatamente a EC 95 e mude totalmente a lógica de
direcionamento dos recursos do orçamento da União para priorizar as
demandas populares e não a especulação financeira? Mais da metade do
orçamento da União está comprometido com os interesses de meia dúzia de
banqueiros. Enquanto essa lógica não mudar, o país continuará num
processo de desintegração social em todos os sentidos. Desemprego,
destruição do patrimônio e serviços públicos, violência e concentração
de renda são as marcas do apocalipse que “a ponte para o inferno” do
golpista Temer está levando o país.
Essa tragédia também deve servir de alerta para todo povo trabalhador
brasileiro a acreditar na mobilização para mudar a atual situação do
país, como também fica a responsabilidade das principais direções do
movimento em seguir organizando um calendário de lutas unitário que não
dê nenhum recuo na luta contra as consequências da EC 95 que congela
investimentos sociais nos próximos vinte anos. Não podemos esperar
passar todo esse tempo para nos importar com a gravidade da situação,
pois até lá nós teremos um país desfigurado em todos os aspectos
sociais.
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