"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Escola sem partido é pura ideologia e também uma manobra diversionista contra a educação

A pauta ideológica constante colocada por este governo esconde a realidade e nos obriga a debater quimeras e fantasmas. A Escola sem Partido define um palco ideológico onde, sem dúvida, os defensores da educação devem combater, porém ela é uma manobra diversionista. Enquanto somos obrigados a entrar num debate absurdo, contra propostas obscurantistas, o Conselho Nacional de Educação aprovou o novo programa curricular, onde as escolas publicas deverão essencialmente lecionar português, matemática e inglês. Deixando como optativas, que PODEM ou NÃO serem oferecidas pelas escolas: física, química, biologia, e praticamente extintas as humanidades: sociologia, história e filosofia.

Obviamente as optativas não serão oferecidas quando for conveniente. Por exemplo, se houver dificuldade em encontrar um professor de ciências, a adiministração escolar poderá alegando falta de professor e simplesmente não oferecer. A  falta de professores de Ciências para o Ensino Médio é sobejamente conhecida. Esta carência levou os governos anteriores a um enorme esforço para ampliar  o número de professores, criando vários cursos de licenciatura nas Universidades Federais, Institutos Federais e através da criação do EAD, (Ensino a Distância), para atingir áreas onde não havia universidades. que tinha como objetivo central a formação de professores de Ciências para o Ensino Médio.

Esta decisão do Conselho Nacional, sucateia de forma definitiva a escola pública. Como iremos estimular a formação  professores de Física, Química, Biologia, Sociologia, História e Filosofia, na Universidades se sabem de antemão que não terão emprego. Isto terá efeitos devastadores, pois terá efeito sobre a formação, não apenas de professores mas de toda a cadeia que leva à formação de futuros engenheiros, cientistas, pensadores sociais , conhecedores de nossa história. Esta decisão  indica que o que este governo pretende  é apenas alguém que leia e escreva em português, que saiba fazer contas elementares, a aprenda a dizer Yes, para o patrão estrangeiro. Todo o esforço de formação feito com a criação das licenciaturas nas Univ. Publicas e Institutos Federais de Educação, serão simplesmente jogados fora. O ataque aos cursos de EAD, voltados para a formação de professores, já foi um prenúncio desta política. De há muito os grupos privados, combatiam o EAD público, pois o padrão de rigor e de estrutura do EAD publico ficava muito custoso para os padrões de EAD privado.E aos cabeças de planilha e pseudo defensores da eficiência, saibam que em Educação eficiência é sinônimo de mais investimentos, e não de lucro.

Se estas medidas aprovadas se concretizarem, das escolas públicas não teremos alunos capazes de competir em nenhum vestibular. Afinal os vestibulares continuarão a exigir todas as disciplinas. Pretendem pelo jeito que o aluno da escola pública seja no máximo um técnico, com rudimentos de inglês, para trabalhar em uma indústria consumidora de tecnologia, e jamais criadora.

Nas escolas privadas para as elites, os alunos continuarão a se preparar para os vestibulares numa Universidade Pública que cobrará mensalidades. Sendo que estas mensalidades não serão  jamais suficientes para sustentar financeiramente o Ensino, a Pesquisa e a Extensão de uma Universidade Pública. Não sustentarão a manutenção de laboratórios didáticos e de pesquisa e de todo o acervo. A cobrança é puramente ideológica, pois apenas quer sinalizar que todo o dinheiro do estado deve ser dirigido apenas ao mercado. E que a educação não é uma obrigação do Estado e nem um direito do cidadão.  Em breve veremos parlamentares se movimentarem para retirar estes termos da constituição, alegando sempre que não há dinheiro. É o mesmo subterfúgio utilizado com a previdência, onde jamais ouvimos falar sobre as  dívidas dos empresários com a previdência. O roubo institucionalizado, por várias empresas, que coletam o dinheiro dos trabalhadores e não pagam nem sua parte e nem a dos funcionários, para a previdência. Estes roubos jamais entram na conta do deficit. Não se fala também em aumentar a alíquota da previdência para os empresários, mas apenas  dos trabalhadores. Da mesma forma a educação, a partir da cobrança de mensalidade, será para os cabeças de planilha, uma questão de fluxo de caixa. É por esta razão que não existe pesquisa, nem grupos de pesquisas relevantes, nas Universidades Privadas, com raríssimas exceções. Pesquisa sequer está nas suas planilhas financeiras. Nas raríssimas excessões, o dinheiro para estas atividades vem de Instituições Públicas de Fomento. Mas o DNA principal das  escolas privadas é que são apenas escolas, e uma Universidade é muito mais do que isto, pois é um centro de educação e criação de conhecimento.

A mensalidade apenas mudará ideologicamente a estrutura da Universidade Pública. A simples cobrança, tranformará os alunos em clientes e não educandos. Aos desavisados saibam que em nenhuma grande universidade pelo mundo, as pesquisas, formação e até mesmo professores e pesquisadores não são pagos por mensalidades, mas sim pelo financiamento do Estado. A mensalidade servirá apenas para  barrar os pouco pobres que apesar de tudo conseguirão passar em um vestibular.

Se trabalhássemos com dados seria mais fácil combater o caráter ideológico destes discursos. Por exemplo o mito de que nas Universidades Públicas a maioria é de ricos e privilegiados. Já se foi este tempo. Na Universidade Pública de hoje, a maioria pertence ou à classe média baixa, ou à classe pobre. Se visitarem  a Universidade Federal de Santa Catarina, verão  as filas do restaurante universitário, que ocupam diariamente muitos quarteirões. Saberiam também que  sem o Restaurante Universitário, muitos alunos  teriam que desistir da Universidade. Estas filas mostram com clareza que a maioria ali não é rica. O discurso de que a universidade é para ricos, não se volta para uma maior democratização, mas ao contrário é usado para uma maior elitização. Assim como o discurso dos privilégios da previdência apenas é usado para, acabando a previdência pública, enriquecer os fundos de pensão dos bancos privados. E tudo isto será liderado por um louco privatista que pretende apenas enriquecer mais e mais, visto que é um empresário da educação e CEO de fundos de pensão.

No momento, enquanto  a  Escola sem partido, ganha manchetes diárias, debates e propostas de leis,  medidas sucessivas e concretas vão destruindo a educação pública. No Estado de Santa Catarina, as leis de flexibilizaçao do trabalho abriram a  possibilidade de terceirizar as atividades fins. Isto  já tem levado prefeitos a contactarem grupos privados de ensino para através da terceirização, pagos pelo estado,  assumirem escolas públicas. São empresas onde os professores serão diaristas da educação dando lucro aos grupos, gerando  pobreza aos professores e ignorância para os alunos. Obviamente estes grupos utilizarão o discurso ideológico da Escola sem partido, e incentivarão os alunos a agirem para trocar professores, como se fosse um bem de consumo no supermercado. Os professores ligados aos grupos deverão provavelmente trabalhar em diversas escolas, dando aulas mas não educação.  A escola sem partido se alia a esta terceirização, pois veremos em breve grupos empresariais religiosos que  estarão nas escolas públicas pagos pelo estado, e propagando o obscurantismo.

A Escola sem partido é pura ideologia, no sentido que é apenas um véu para esconder a destruição que já estão realizando na educação pública.  No momento grupos empresariais de educação estão dando as cartas e tem como arma ideológica a Escola sem Partido, e como arma letal a posição que ocupam dentro de Conselhos Nacionais de Educaçao, e nos Ministérios.

Mas neste governo, tudo é ideologia e dentre os ideólogos, o mais destrutivo será o Czar da Economia, pois este continuará sendo pranteado pelos adoradores do Mercado. E embora sua ideologia jamais tenha dado certo em nenhum lugar do mundo, com certeza, como Macri nos levará de volta ao FMI e agora sem nada na mão, pois tudo será "vendido".


 
 

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