'Comissão UCL-Lancet em Migração e Saúde avalia mortalidade em países de
alta renda que acolhem migrantes e não vê veracidade nos discursos que
tentam pregar que os deslocamentos trazem doenças'
Por Redação RBA
Estudo também revela, pela participação no PIB, que migrantes também contribuem para desenvolvimento econômico. Rovena Rosa/EBC |
São Paulo – A Comissão UCL-Lancet em Migração e Saúde,
criada pela University College de Londres (UCL) e pelo periódico
científico da área da saúde The Lancet, lançaram nesta segunda-feira (17), na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador (BA), relatório desmitificando
que populações migrantes prejudiquem a saúde e a economia das regiões
para as quais se deslocam, concepção fortalecida por discursos
neopopulistas reacionários.
Ao contrário, a migração moderna, em geral, contribui mais
para a riqueza das sociedades que as acolhem, do que custam para as
estruturas sociais, principalmente quando benefícios, normas legais e
políticas públicas de inclusão e de saúde são pensadas acima de
preocupações de segurança, como o fechamento de fronteiras, que
geralmente ofuscam os direitos dos migrantes.
Oficialmente lançado no dia 8 de dezembro, durante a
Conferência Intergovernamental da Organização das Nações Unidas (ONU),
em que representantes de 164 governos adotaram o Pacto Global para a Migração,
em Marraquexe, no Marrocos, o relatório aponta que para cada aumento de
1% em migrantes na população adulta, há também um aumento de até 2% no
Produto Interno Bruto (PIB) por pessoa.
Do ponto de vista econômico, a comissão estima ainda que,
em 2017, US$ 613 bilhões foram enviados por migrantes para suas famílias
de origem, sendo que a maior parte dessas remessas, 75%, foram
destinadas aos países de baixa e média renda.
O estudo comprova que não há evidências científicas quanto à
ameaça sanitária, uma vez que, avaliando as condições de 15,2 milhões
de migrantes internacionais, em 92 países de alta renda, essa população
apresentou menor mortalidade por doenças cardiovasculares, digestivas,
endócrinas, nervosas, respiratórias e neoplasias do que a população do
país de acolhimento. Apenas quando se trata de infecções como
tuberculose, hepatite viral, HIV e agressões externas e às más condições
do deslocamento, os imigrantes têm uma morbidade maior, mas atinge
principalmente suas comunidades, não a população local.
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